sexta-feira, 8 de julho de 2011

Espero que meu depoimento encoraje outras pessoas", diz ex-coroinha

O ex-coroinha Cícero Flávio Barbosa, que teria sido molestado por padres em Arapiraca, cobrou, em depoimento ao juiz João Luiz de Azevedo Lessa, nesta sexta-feira (8). “Espero que meu depoimento encoraje outras pessoas a denunciar abusos praticados por sacerdotes”, frisou, em entrevista ao repórter Tiago Correia à TV Pajuçara, quando se encontrava na Vara da Infância e da Juventude de Arapiraca, onde estão sendo julgados os padres Luiz Marques Barbosa, Raimundo Gomes e Edílson Duarte, acusados de pedofilia.

Ele foi o segundo ex-coroinha a depor nesta sexta-feira (8), na Vara da Infância e da Juventude de Arapiraca. Antes dele, Fabiano Silva Ferreira já havia prestado depoimento, mas não falou com a imprensa. Neste momento, está depondo o ex-coroinha Anderson Farias Silva. Ainda nesta sexta-feira, irão depor os três sacerdotes acusados.

Posteriormente, segundo o juiz João Luiz Azevedo Lessa, devem depor 20 testemunhas do caso. Delas, cinco são de acusação e as demais irão defender os três padres suspeitos de molestar os três ex-coroinhas. Por conta da audiência de instrução, o acesso à Vara da Infância e da Juventude de Arapiraca foi interditado. Ao chegar para prestar esclarecimentos ao magistrado, o monsenhor Luiz Marques Barbosa afirmou estar “tranquilo” e disse que acreditava “na força da Justiça e da verdade”.

Já o padre Edílson Duarte negou que tenha mantido relação sexual com os ex-coroinhas. No entanto, durante depoimento ao senador Magno Malta (PR-ES), que presidente a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, o religioso afirmou que fez sexo com os jovens.

Na oportunidade, ele disse que pagou os ex-coroinhas com dinheiro do dízimo dos fiéis. Nesta sexta-feira, seu advogado afirmou que a confirmação de padre Edílson Duarte se deu porque ele foi pressionado e coagido a dizer que manteve relação sexual com os denunciantes.

Ao chegar à Vara da Infância e da Juventude de Arapiraca para depor, padre Raimundo Gomes também negou qualquer prática sexual e disse que rezou muito após as denúncias. Em razão do escândalo, o bispo diocesano de Penedo, Dom Valério Breda, decidiu afastar os três religiosos de suas funções eclesiásticas.

Denúncia do MP

A denúncia de pedofilia foi apresentada à 8ª Vara Criminal, em março de 2010, pelo Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE-AL). Para o órgão, os religiosos se aproveitaram do poder que tinham para abusar sexualmente dos coroinhas. Se forem condenados, os três sacerdotes podem receber penas de até sete anos de prisão, como prevê o artigo 244-A, da Lei 8.069/90.

O advogado Daniel Fernandes, que fazia a defesa do monsenhor Luiz Marques, alegou no ano passado que as relações sexuais filmadas eram consentidas e negou que se trate de pedofilia. Ele assegurou que os jovens tentaram extorquir o religioso e até assinaram um documento no qual se comprometiam a não divulgar o vídeo, em troca de dinheiro.

Entenda o caso

Os denúncias de casos de pedofilia em Arapiraca vieram à tona depois que o programa Conexão Repórter, do SBT, veiculou uma reportagem revelando o caso. Em um trechos da matéria, um vídeo mostra o monsenhor Luiz Marques Barbosa, de 82 anos, mantendo relações sexuais com um jovem de 19 anos.
A gravação teria sido realizada em janeiro de 2009, por outro jovem que também afirma ter sofrido abusos, segundo as denúncias apresentadas pelo programa do SBT. O jovem contou que, desde os 12 anos, quando entrou para a Igreja Católica, era alvo do assédio sexual do monsenhor. O caso consternou a opinião pública brasileira e gerou uma onda de denúncias de novos casos na imprensa e na polícia.


Fonte: Tudo na Hora
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