terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Vereador evangélico faz doação de R$ 85 Mil para a Umbanda

A demolição de um prédio de importância para os praticantes da umbanda vem causando polêmica sobre a tolerância religiosa, principalmente após o vereador evangélico Amarildo Aguiar, PV, assumir o apoio à causa.

O político é membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) da Câmara, e anunciou que doará um carro avaliado em R$ 85 mil para levantar fundos para o Museu da Ubanda. A instituição está lutando para construir em um local considerado sagrado para eles, onde Zélio Fernandino de Moraes fundou a religião.

O assessor técnico do vereador, Rogério Mendes, em entrevista ao The Christian Post relatou que a história começou quando o herdeiro do Zélio Fernandino de Moraes, fundador do Candonblé, vendeu o prédio onde este fundou a religião há pouco mais de 100 anos.

A venda foi realizada sem o consentimento dos praticantes da religião que foram informados que o local seria transformado em um galpão com lojas. Imediatamente, eles buscaram meios através da prefeitura de parar a obra alegando ser o local um patrimônio religioso. Entretanto, segundo afirmam, a prefeitura não se mobilizou.

O comprador, que havia sido alertado inclusive pela Associação de Moradores sobre a importância do espaço, ficou amedrontado com as tentativas de paralização por parte do praticantes, e demoliu a propriedade antes do prazo determinado. A demolição aflorou ainda mais as tensões.

Diante deste cenário, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, CCIR, da Câmara de vereadores de São Gonçalo, decidiu interferir na busca de uma solução. A princípio, foi realizada nesta segunda-feira uma audiência pública com os vereadores e militantes da religião.

Foi durante esta audiência que o vereador Amarildo Aguiar afirmou o seu apoio e a doação de um carro para ajudar na aquisição de um novo espaço para os umbandistas ou na construção do Museu da Umbanda no terreno demolido.

“Se a Prefeitura de São Gonçalo não resolver o problema do Museu da Umbanda, quero, diante de todos, colocar meu carro quitado no valor de R$ 85 mil para ajudar a construir o espaço, que para os brasileiros é muito importante”, garantiu durante a audiência.

O Bispo Robinson Cavalcanti, da Igreja Anglicana - Diocese do Recife, falando sobre o vereador disse ao The Christian Post que um detentor de mandato eletivo, seja do Executivo ou do Legislativo, representa todos os cidadãos e deve servir sem discriminação.

“O gestor público deve atuar dentro dos parâmetros das leis vigentes, a não ser que essa lei se choque com a ética (legal, mas não legítima e moral) ou com a sua consciência, inclusive com a possibilidade de se propor mudanças na lei,” comentou.

Esta iniciativa surpreendeu à muitos, por se tratar de uma contribuição entre membros de religiões com ideologias diferentes. Já com relação à prefeita Aparecida Panisset, que também é evangélica, os umbandistas a acusam de intolerância religiosa.

“Desde que toda esta história começou, buscamos o diálogo, pois não demonizamos e nem excluímos qualquer pessoa. Mas não podemos obrigar a prefeita a nos receber. Estamos nesta audiência pública porque, por algum motivo, o vereador Amarildo sentiu-se sensível à causa. Em nome da Comissão, quero, desde já, agradecer e ratificar que não haverá desistência em relação ao tombamento do lugar onde a Umbanda nasceu”, afirmou o babalawo Ivanir dos Santos, interlocutor da comissão dos umbandistas.

O babalawo destacou o fato de o vereador e a prefeita serem membros da mesma religião, mas agirem de forma diferente sobre a questão. “O vereador segue a mesma religião da prefeita. No entanto, ele nos recebeu desde o início, preocupou-se com o caso e marcou esta audiência hoje. Isso mostra que quem quer faz. Por que ela não fez?” questionou o babalawo Ivanir.

O assessor de Amarildo informou que o vereador não reforça e nem apoia as acusações contra a prefeita, ficando estas exclusivas por parte dos militantes, que levantam o debate sobre tolerância religiosa, constantemente em evidência em regiões com múltiplas ideologias.

Para o Bispo Robinson Cavalcanti, os princípios cristãos não excluem a convivência com membros de outras religiões.

“Conheço prefeitos evangélicos que, por razão de consciência, delegam ao seu vice ou a um secretário a presença no Carnaval ou em um terreiro de Candomblé. A doação de uma oferta financeira para a recostrução desse templo parece evidenciar que o vereador optou por agir como gestor do que como fiel de uma igreja,” opinou o líder religioso ao CP.

A prefeita e o comprador do terreno ainda não se manifestaram oficialmente. Segundo o assessor Rogério, os envolvidos aguardam a decisão da Comissão de Intolerância Religiosa sobre os próximos passos.


Fonte: The Christian Post
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