Igrejas parecem mercado econômico. Tem as mesmas regras das relações comerciais, só que aplicadas à agregação de outros valores. É uma competição por números que parece não ter limites. A busca pelo sucesso tem como resultado inveja, ciúme e cobiça... Nunca ser evangélico esteve tão em alta.
Igrejas funcionando em galpões adaptados e até salas de hotéis, tudo com o propósito de edificar a grande empreitada. Pastores viram mestres de obras, líderes viram pedreiros, todos trabalhando. Não nada tenho contra coisas novas. O que não me atrai é ter de abandonar coisas boas e eternas em razão das novidades. Muitos estão se fazendo de cegos e surdos enquanto a casa cai. Mais que nunca, creio que é preciso reformar a igreja.
Muitos terminam por transformar a igreja em empresa, devido a ganância por dinheiro, chegam a emitir carnê para aqueles que desejam contribuir mensalmente com a promessa de que você será abençoado em dobro. Pregam-se correntes, que acorrentam o povo, ao invés de libertar. É comum testemunhos, nos cultos destes pregadores, de pessoas que se deram bem, depois de uma vida penosa no trabalho, por aceitarem o desafio de entregar o salário integral num mês, ou darem o dinheiro da poupança, ou ainda ofertarem todo o dinheiro que tiverem na carteira, mesmo que este seja para pagamento das contas do mês. Uma das maiores heresias está relacionadas a dar para receber, sendo incentivado a darem o dízimo no valor de um salário que desejariam receber. Deveriam pregar mais a palavra da verdade que vem sendo deixada de lado pois o evangelho é o poder de Deus para salvação das almas.
A Igreja tem cara de empresa, empregando as mesmas regras utilizadas em estratégias de marketing empresarial estipulando as famosas metas e premiando aqueles que superarem as mesmas. Gastam tempo treinando seus adeptos com o único objetivo de aumentar o número de membros. Nessa busca usam forte apelo emocional para convencer, assim como um vendedor para empurrar um produto. Com tanta eficiência e com tanto poder de influência convencem a pessoa a aceitar Jesus mas o que isso retrata é que estão se formando um grande número de convencidos ao invés de convertidos. O convencido é apenas mais um freqüentador de igreja. Basta olhar para a direita ou para a esquerda e perceber sempre as mesmas pessoas conversando durante a pregação ou que se levantam com facilidade para tomar água ou irem ao banheiro, quando na verdade estão apenas passando o tempo. Realmente a “porta larga” seduz muito mais que “a estreita”. Mas é exatamente na largura de muitas portas que vários jovens se perdem e caem no mundo, algumas vezes, sem volta. É lamentável que muitas pessoas considerem a igreja somente um programa a mais para preencher as suas noites. Não se enganem! A mensagem do evangelho é desafiadora e transformadora e, é a única mensagem que chama as pessoas ao arrependimento. Arrependimento não é remorso, é mudança de atitude. O evangelho de Cristo é demonstrado a este mundo através daquilo que Cristo produz em nossas vidas. Deus não é cirurgião plástico, ele não faz retoques em nossa vida. Ele faz tudo novo.
Veja no que estão transformando a Igreja do Senhor Jesus, basta observar a quantidade de tempo gasto divulgando as programações das igrejas, ou a eficácia da oração, mostrando que aquela igreja é melhor e que a sua mensagem é a mais forte para resolver todos os problemas das pessoas. Aborda-se o Evangelho como um produto eficaz e adota-se uma mentalidade empresarial no seu anúncio. Prometem-se enormes possibilidades. Tratam as pessoas como clientes e sem constrangimento, anuncia-se que qualquer um pode adquirir esse determinado benefício com um esforço mínimo. As igrejas se transformam em balcões de serviços religiosos ou supermercados da fé. A tendência de oferecer cultos diferenciados e as intermináveis campanhas de milagres demonstram bem esse espírito. Confunde-se um bem material com uma pessoa e enxerga-se na mensagem um produto. Quase tudo é vendido, quase tudo tem fins lucrativos. Há um grande investimento em vendas de produtos tais como cds, livros, adesivos, óleos, roupas, etc.. Em algumas igrejas 80% do material da livraria diz respeito a autoria dos próprios líderes, sendo pouco o incentivo a outras literaturas. A leitura incentivada na maioria das vezes refere-se a metodologia ou “visão” da igreja, bem como livros cujas temas estão relacionados a crescimento do ministério, estratégias e por aí vai... Os pastores dividem os dias da semana com programações atrativas, gastam suas energias desenvolvendo estratégias que atraiam o maior número de pessoas. Sonham com auditórios lotados. Campanhas, correntes e demonstrações grotescas de exorcismos e milagres financeiros se sucedem. As pessoas, por sua vez, se achegam, seduzidos pelas promoções das prateleiras eclesiásticas. Esse modelo induz as pessoas a adorarem a Deus por aquilo que ele dá e não por quem é. Não se anuncia o senhorio de Cristo, apenas os benefícios da fé. Os crentes acabam tratando a bíblia como um amuleto e, supersticiosos, continuam presos ao medo. Vive-se uma religião de consumo. Querem fazer do Evangelho uma grife. Como? Primeiro transforma-se um seleto grupo de evangelistas, cantores e pastores em super estrelas ao estilo de Hollywood. Depois associam seu nome a grandes eventos e dão-lhes o holofote. Ensinam-lhes habilidades espirituais acima da média. Assim produzem-se ícones semelhantes aos do mundo do entretenimento. Eles aglutinam multidões, vendem qualquer coisa e criam novas modas. A indústria fonográfica enriquece, os congressos se enchem, e os novos astros do mundo “gospel” alavancam suas igrejas. Observa-se que a oferta pentecostal de serviços segue cada vez mais uma dinâmica empresarial, ditada pela lógica do mercado religioso, que pressiona os diferentes concorrentes religiosos a acirrarem seu ativismo e a tornarem mais eficazes suas ações e estratégias evangelísticas. Saia dessas teorias de sistemas, dessas mentalizações, mentorizações, desses empresarialismos de superfície em nome de evangelho eficiente, eficaz, explosivo, com propósitos e despropósitos, e vamos para a Palavra de Deus...