quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Augusto Cury: o vendedor de livros

Ele é um fenômeno. Com quase 10 milhões de livros vendidos no país na última década, segundo suas próprias contas, o psiquiatra Augusto Cury, 50 anos, se consolida como o maior "vendedor" editorial brasileiro desde o estouro de Paulo Coelho, nos anos 1990. Segundo a assessoria de Coelho, ele vendeu 9,2 milhões de exemplares no país entre 1998 e 2008. Cury debutou no mercado em 1999 - não é possível fazer uma comparação direta. Mas há quem diga que já deixou o "Mago" para trás.

"Na Fnac Brasil, pelo menos, Augusto Cury vende mais que o dobro do Paulo Coelho", diz Adão Dias Paz, gerente de livros da Fnac de Porto Alegre. "Nos últimos anos, Cury tem maior volume de vendas. Nem precisa fazer muita conta, basta ver o tempo de cada um nas listas de livros mais vendidos", diz César González, diretor-geral da editora Planeta, que já publicou obras de Coelho. A Planeta comprou a editora Academia de Inteligência, de Cury, em 2006, responsável pelo últimos títulos do autor.

A última edição da lista estendida de livros mais vendidos em VEJA.com exemplifica o que González diz: Cury aparece quatro vezes, com títulos e editoras diferentes, e Coelho, nenhuma. "Paulo Coelho já não é o mesmo. Faz alguns anos que não é o grande vendedor de livros do mercado nacional", diz Fabio Herz, diretor comercial da Livraria Cultura. Marcos Pereira, sócio da Sextante - editora que responde por 6,6 milhões dos exemplares que o psiquiatra afirma ter vendido - não esconde a admiração pela performance do autor. "No mínimo, está surgindo outro Paulo Coelho."

Sucesso - Mas enquanto Paulo Coelho centra seus textos em temas místicos, Augusto Cury navega pela educação, qualidade de vida e psicanálise - ainda que tenha como base sua teoria da inteligência multifocal, que se dispõe a ensinar ao leitor o "controle das janelas da memória".
Além dos temas, outros fatores contribuem para o sucesso, segundo representantes do mercado: sua alta produtividade - lança um livro a cada seis meses; foram mais de 20 títulos nos últimos dez anos, contra sete de Coelho -; sua formação acadêmica, o que lhe confere credibilidade; texto acessível; e uma "pegada" motivacional. Por isso, Cury foi escalado para embalar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, segundo Pereira. O ex-jogador Jorginho, assistente do técnico Dunga, solicitou à Sextante 40 exemplares do livro O Futuro da Humanidade, que serão distribuídos entre os jogadores.

Autoajuda - "Não tenho dúvida de que os livros dele procuram transmitir uma mensagem, mesmo as ficções, acho que é isso que o leitor busca", diz Pereira. O psiquiatra rejeita rotular seus romances como autoajuda. "É como O Monge e o Executivo, de James Hunter, ou Quem Mexeu no Meu Queijo, de Spencer Johnson, obras que querem despertar o leitor para alguma coisa", diz o executivo da Sextante. "A filosofia de Cury está presente na sua ficção. Ele mudou a maneira de escrever, talvez para atingir um público maior, fisgar pessoas que preferem ler textos romanceados", completa Paz.

Cury define o segundo livro da série O Vendedor de Sonhos, que tem como subtítulo O Chamado, como uma obra em que o protagonista, batizado de Mestre, "inquieta, perturba e instiga seus ouvintes a procurar o mais importante de todos os endereços, um endereço que mesmo os reis raramente encontraram: o interior da alma humana".