O radialista José Jesus de Almeida Júnior (foto acima), integrante da nova comunidade evangélica, lembra que, em Roma, os primeiros cristãos encontravam-se em subterrâneos. Dar conforto e apoio a pessoas que vivem abandonadas nas ruas. É esse o objetivo da igreja sem nome.
Caminhada pessoal
“São pessoas convertidas, mas que, decepcionadas com os rumos da pregação e da instituição, optaram por uma caminhada pessoal, vivida na intimidade, ou então pela formação de pequenos grupos nos lares, reeditando o cristianismo do primeiro século”, analisa o advogado Emerson Monteiro, lembrando que existe uma tendência, principalmente entre jovens, de procurar novos caminhos.
Atualmente, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce, desafiando previsões que anteviram seu fim. A maioria da humanidade professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente. A religião continua atraindo milhares de fiéis e enriquecendo alguns pregadores. Em alguns casos, o fanatismo religioso confirma o pensamento do filósofo alemão Karl Marx que definiu a religião como “o ópio do povo”.
No Cariri, marcado pelo misticismo e pela devoção ao Padre Cícero, cresce o pluralismo religioso das mais diversas formas. O pastor da Igreja Batista, Samuel Lobo, diz que são incontáveis os cultos religiosos que chegam a Juazeiro. O “loteamento” de um espaço no céu está levando muitos cristãos a procurarem práticas religiosas diferentes das igrejas convencionais. Paralelamente, cresce também o número daqueles que, embora se professem cristãos, não frequentam nenhuma denominação religiosa.
Caminhada pessoal
“São pessoas convertidas, mas que, decepcionadas com os rumos da pregação e da instituição, optaram por uma caminhada pessoal, vivida na intimidade, ou então pela formação de pequenos grupos nos lares, reeditando o cristianismo do primeiro século”, analisa o advogado Emerson Monteiro, lembrando que existe uma tendência, principalmente entre jovens, de procurar novos caminhos.
No Crato, está nascendo uma religião sem nome, sem igreja, sem padres e pastores e que tem como único líder Jesus Cristo. “É a restauração do antigo cristianismo, quando os seguidores de Jesus pregavam de casa em casa e exerciam a verdadeira partilha, a solidariedade, principalmente, para com os mais pobres, abandonados, que nunca, por exemplo, comemoraram o seu próprio aniversário”, define o radialista José Jesus de Almeida Júnior, integrante da nova comunidade evangélica.
Caminho, verdade e vida
Mais Informações:
Para adeptos, igreja é povo de Deus.
A igreja sem nome e sem sede promove os seus cultos nas casas de cada dos seus membros, viadutos, árvores ou rua.
Sofrimento
Fonte: Diário do Nordeste/Notícias Cristãs
É o caso da mendiga Francisca Ribeiro da Silva, que vive debaixo de uma algaroba, ao lado da via férrea, que liga Crato à Juazeiro. Ali, ao relento, ela faz a própria comida e dorme em cima de um colchão velho. Não sabe de onde veio, para aonde vai e não se lembra da idade. “Os crentes comemoraram o meu aniversário, foi uma festa bonita”, diz ela, referindo-se a iniciativa dos integrantes da igreja sem nome.
Na contramão da maioria das religiões, a nova tendência evangélica não cobra dízimo de seus integrantes. Ao contrário, eles tiram dinheiro do seu próprio bolso para ajudar pessoas pobres e abandonadas. Mendigos, alcoólatras, desempregados, ou pessoas com deficiência mental são retirados das ruas e reintegradas à sociedade com ações sociais que vão desde a entrega de cestas básicas até a realização de festas de aniversário.
Caminho, verdade e vida
“Somos seguidores do Caminho, que é Jesus. Estamos a caminho do céu. Este céu que já começa aqui e se planifica na eternidade, pois Jesus trouxe os valores do Reino de Deus, com a sua entrada na história, no tempo, no espaço, em vista da plenitude dos tempos”, explica Almeida Júnior.
Criado numa família de católicos praticantes, ex-funcionário de uma emissora católica, Almeida Júnior frequentou uma igreja evangélica durante 10 anos. Descobriu nos textos bíblicos que o único caminho é Jesus. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Este ensinamento do apóstolo João levou Almeida a fazer uma reflexão sobre o seu itinerário religioso.
A partir daí, ele passou a questionar os conceitos doutrinários das religiões. Terminou se isolando em seu mundo particular procurando uma resposta para suas dúvidas. Encontrou na internet a indicação do livro “A Igreja de Casa em Casa”. Foi a senha para o reencontro consigo mesmo. O livro trata de um movimento religioso internacional, com ramificações em alguns estados do Brasil.
No contato virtual com outros irmãos de fé, o radialista descobriu que não estava só na sua maneira de pensar. De acordo com a nova vertente evangélica, Jesus é apresentado como um exemplo individual cujo modelo de vida é o caminho. “Seus ensinamentos, sermões e instruções são os meios que podem nos conduzir ao conhecimento da verdade eterna, diferente das verdades transitórias ou passageiras. E, por último, entende que Jesus é o representante da vida perpétua”.
Almeida sonha com um cristianismo que acolha o viciado, o mendigo, a prostituta e todos os pobres e doentes da terra, como Jesus fazia. Com esta concepção, a comunidade religiosa afastou de sua caminhada tudo aquilo que, na opinião de seus integrantes, atrapalha o foco central de sua fé, que é figura única de Cristo, a começar do dízimo, uma contribuição, paga voluntariamente, ou como imposto, normalmente para ajudar organizações religiosas e, muitas vezes, utilizada como moeda de compra e venda do reino do céu.
Solidariedade
Por enquanto, apenas três famílias, na cidade do Crato, estão participando da nova religião. O grupo não está preocupado com o crescimento. Só permanecem na comunidade aqueles que têm o espírito de solidariedade, o sentimento cristão de partilha, diz o irmão Francisco de Assistis, integrante dos “Sem Igreja”. Há poucas indicações na Internet sobre esta nova vertente evangélica. No entanto, de acordo com o último censo, os sem-igreja aparecem nas pesquisas. O fato de não ter nome, igreja e hierarquia torna-se difícil a sua identificação. Porém, há registros de grupos de cristãos independentes em vários Estados do Brasil e, também, no exterior.
Mais Informações:
A. J. Studio.Rua Pedro II, 110 – CentroMunicípio do Crato (88) 8831.2212Cregional@diariodonordeste.com.br
Princípio Bíblico
Para adeptos, igreja é povo de Deus.
A igreja sem nome e sem sede promove os seus cultos nas casas de cada dos seus membros, viadutos, árvores ou rua.
O radialista José Jesus de Almeida Júnior, integrante da nova comunidade evangélica, lembra que, em Roma, os primeiros cristãos encontravam-se em subterrâneos, chamados catacumbas, onde partiam o pão durante os encontros, perpetuando o gesto de Jesus na noite em que foi preso. Esses primeiros cristãos deram prova de muita confiança e coragem. “Este é o caminho que nós tentamos seguir, adaptando, naturalmente, os costumes da época ao tempo de hoje e partindo do princípio bíblico de que a igreja somos nós, o povo de Deus”.
A igreja sem nome e sem sede promove os seus cultos nas casas de cada um dos seus membros, debaixo de viadutos, árvores, ou no meio da rua. Eles partem do pressuposto de que “Deus não estabeleceu a construção de igrejas”. O culto começa com uma pequena palavra de abertura, segue-se um momento de oração e, logo após, um período de cânticos de louvor. Após o término deste período, é iniciada a pregação fundamenta em textos bíblicos. O término do culto se dá com avisos, pedidos de oração e confraternização entre as famílias presentes.
Tudo idêntico a uma igreja evangélica qualquer, se não fosse o fato de ela não ter nome, estatuto, livro ata, não possuir CNPJ ou ser oficializada. O que diferencia é que cada culto é diferente um do outro. Os “sem igreja” não obedecem a nenhum ritual pré-estabelecido. Cada um dos seus integrantes, tratados como irmãos, pode fazer a sua pregação. Não existe hierarquia.
A mulher de Almeida, Mara Aparecida, que também já pertenceu a uma igreja evangélica, diz que agora encontrou a sua verdadeira religião. “Somos ´caminheiros´ e no ´Caminho´ que seguimos temos quedas, encontramos atalhos, passamos por obstáculos, andamos em passos mais largos ou mais lentamente. O importante é ter os olhos fixos na nossa meta que é o céu, andando pela via da nossa salvação, ou seja, olhando fixamente para Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida, pois ele já fixou o olhar sobre nós por primeiro e nos amou com um amor sem limites”, cometa.
Aparecida acrescenta que nas grandes igrejas as pessoas não se conhecem. “Aqui a gente divide as alegrias e tristezas da vida. O Cristo é revelado na pessoa de cada irmão sofredor, oprimido abandonado”. É com este espírito que os “sem igreja” promovem festas de aniversário, distribuem alimentos e facilitam empregos para pessoas anônimas que vivem à margem da sociedade e da família.
Sofrimento
“Aqui a gente divide as alegrias e tristezas da vida. O Cristo é revelado na pessoa de cada irmão sofredor”. Mara Aparecida, Integrante da nova religião
Fonte: Diário do Nordeste/Notícias Cristãs
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