Padre Fábio de Melo: cantor conseguiu desbancar ícones nacionais e internacionais, como Chitãozinho e Xororó e Beyoncé
O mercado de produtos religiosos brasileiro mostra um potencial crescente de vendas. O melhor exemplo está no setor fonográfico, com o sucesso dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo e as cantoras evangélicas Aline Barros e Cassiane. Empresas como Sony Music, Som Livre, MK Publicitá e Paulinas estão entre as principais gravadoras que apostam neste segmento.
Mas não são apenas os CDs e DVDs que ganham popularidade neste mercado. A área editorial também é muito procurada pelos consumidores e disponibiliza diversas obras, além do livro mais vendido e traduzido em todo mundo: a Bíblia. Há ainda outros nichos para investimento, como a produção de alimentos para judeus e produtos ligados a crenças orientais, como hinduísmo e budismo.
Após analisar o mercado fonográfico brasileiro durante 10 anos, a Sony Music lançou em 2010 o selo “Gospel” e começou o processo de construção de seu casting nacional. Atualmente, a gravadora conta com 15 artistas e o plano para 2011 é a consolidação no segmento.
“Nos Estados Unidos, a Sony Music é a principal gravadora gospel do país. Aqui no Brasil estamos entre as três primeiras em menos de dois anos”, afirma Maurício Soares, diretor executivo do segmento Gospel da Sony Music.
Sony investe no público evangélico
Para alcançar este resultado, a empresa investe na distribuição em canais específicos. Estudando o comportamento do público evangélico, a gravadora compreendeu a importância que as livrarias têm para este tipo de consumidor.
O ponto de venda é encarado pelos clientes como verdadeiras “lojas de conveniência”, onde eles encontram não somente livros e CDs, mas também camisas, canecas e objetos para decoração de igrejas e domicílios.
Outra grande aposta da companhia neste ano é a gravação do DVD da cantora Damares de Oliveira, intérprete do álbum “Diamante”, lançado em novembro do ano passado e que vendeu mais de 350.000 cópias.
Também está previsto para setembro a produção de um DVD especial em comemoração aos 100 anos da Assembleia de Deus no Brasil, completados em junho, e a produção de materiais de merchandising, como canecas, camisetas e canetas
Entre os evangélicos, os pentecostais, representados por grupos como a Igreja Universal do Reino de Deus e a própria Assembleia de Deus, são os consumidores mais expressivos dos produtos do selo Gospel da Sony.
Em sua maioria são pertencentes às classes C e D, que preferem adquirir CDs e DVDs em lojas físicas do que comprar pela internet. Segundo dados da empresa, 95% das vendas do selo Gospel ainda são originadas nas revendas.
Padre cantor desbanca Beyoncé
Os pentecostais não representam somente a maioria entre os consumidores da Sony. O censo do IBGE de 2000 indicou que cerca de 26 milhões dos 170 milhões de brasileiros recenseados no período eram evangélicos e, destes, 13,5 milhões, pentecostais. Para 2010, as estimativas do instituto são maiores, com um total de 36,5 milhões de evangélicos, sendo mais de 30 milhões pentecostais.
Mesmo sendo maioria no país, com 124,98 milhões de brasileiros, os católicos começaram a perder terreno não somente para os pentecostais, mas também para os chamados neopentecostais, membros das igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana e Luterana.
Nesse momento começaram a surgir figuras como o Padre Marcelo Rossi, em 1998, em uma tentativa de transformar a imagem ultrapassada que a Igreja Católica vinha apresentando.
O cantor fez sucesso, vendendo mais de três milhões de cópias com o CD “Músicas para louvar ao Senhor”, álbum que encabeça a lista dos discos brasileiros mais vendidos no Brasil. O desempenho de Marcelo Rossi também estimulou o surgimento de outro artista, o Padre Fábio de Melo.
O cantor conseguiu desbancar ícones nacionais e internacionais, como Chitãozinho e Xororó e Beyoncé, no ranking de 2009 da Associação Brasileira de Produtores de Discos, com o CD “Iluminar”, da gravadora Som Livre.
Bíblia para todos os gostos
Mas quando o assunto é o mercado religioso, a Bíblia ainda é o produto líder de vendas. Em 2011, a Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) comemorou 100 milhões de impressões e lançou uma Bíblia especial para a celebração. Criada em 1948 por líderes cristãos, a organização conta hoje com vários tipos de Bíblias em seu portfólio para atender as demandas dos consumidores. Entre as opções, há Bíblias personalizadas para jovens, mulheres, crianças e até versões em braile.
Os preços também variam entre a versão econômica de R$ 2,00, até publicações custando mais de R$ 100,00. “Os evangélicos também são maioria entre os compradores de Bíblias, mas nos últimos anos a importância do livro cresceu entre os católicos também. A distribuição é realizada segundo a demanda das igrejas protestantes e católicas, maior nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro”, diz Erni Seibert, secretário de comunicação e ação social da Sociedade Bíblica Brasileira.
Preocupada em difundir a leitura da Bíblia, a SBB também desenvolve programas específicos de atendimento social em diferentes situações.
A organização distribui o livro após desastres naturais, como enchentes, e em regiões carentes do Nordeste e do Norte brasileiros. Na Região Amazônica, a instituição conta ainda com dois barcos para ampliar a distribuição de Bíblias. Mantendo estas iniciativas, a SBB conseguiu entregar quase seis milhões de cópias do livro sagrado entre 2009 e 2010.
Dificuldades para compreender o mercado
Mesmo com esse aspecto próspero, o setor precisa de informações detalhadas. Uma variante que interfere na busca de um conhecimento mais profundo sobre o perfil deste consumidor é a diversidade de crenças no Brasil.
“Antigamente você poderia dividir o Brasil entre católicos, protestantes, judeus etc... Hoje, essa segmentação não funciona mais, porque precisamos conhecer também a qual linha religiosa dentro de cada crença o consumidor pertence para compreendê-lo melhor”, explica Mário René, professor da ESPM São Paulo e estudioso do comportamento deste mercado.
Para minimizar a falta de dados sobre o setor, a ESPM planeja a criação de um núcleo de estudos voltado para reunir informações especificamente sobre o assunto. Mas o professor ressalta que também se deve olhar para outras oportunidades além do setor de produtos cristãos.
“Em São Paulo, por exemplo, existe a Kosher Mart, empresa que vende alimentos para judeus, grupo que possui uma série de restrições alimentares”.
Outro desafio para investir fora do segmento cristão é compreender a relação da religião com o consumo. Crenças como o hinduísmo e o budismo são pregadoras do desapego a bens materiais, mas existe uma grande oferta de produtos, como roupas com estampas de deuses indianos, objetos de decoração e incensos.
Da mesma forma, podem ser incluidas as crenças afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. Assim como em qualquer outros nicho de mercado, é preciso entender para qual consumidor você está produzindo e conhecer cada detalhe de seu comportamento.
Fonte: Exame Abril
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O mercado de produtos religiosos brasileiro mostra um potencial crescente de vendas. O melhor exemplo está no setor fonográfico, com o sucesso dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo e as cantoras evangélicas Aline Barros e Cassiane. Empresas como Sony Music, Som Livre, MK Publicitá e Paulinas estão entre as principais gravadoras que apostam neste segmento.
Mas não são apenas os CDs e DVDs que ganham popularidade neste mercado. A área editorial também é muito procurada pelos consumidores e disponibiliza diversas obras, além do livro mais vendido e traduzido em todo mundo: a Bíblia. Há ainda outros nichos para investimento, como a produção de alimentos para judeus e produtos ligados a crenças orientais, como hinduísmo e budismo.
Após analisar o mercado fonográfico brasileiro durante 10 anos, a Sony Music lançou em 2010 o selo “Gospel” e começou o processo de construção de seu casting nacional. Atualmente, a gravadora conta com 15 artistas e o plano para 2011 é a consolidação no segmento.
“Nos Estados Unidos, a Sony Music é a principal gravadora gospel do país. Aqui no Brasil estamos entre as três primeiras em menos de dois anos”, afirma Maurício Soares, diretor executivo do segmento Gospel da Sony Music.
Sony investe no público evangélico
Para alcançar este resultado, a empresa investe na distribuição em canais específicos. Estudando o comportamento do público evangélico, a gravadora compreendeu a importância que as livrarias têm para este tipo de consumidor.
O ponto de venda é encarado pelos clientes como verdadeiras “lojas de conveniência”, onde eles encontram não somente livros e CDs, mas também camisas, canecas e objetos para decoração de igrejas e domicílios.
Outra grande aposta da companhia neste ano é a gravação do DVD da cantora Damares de Oliveira, intérprete do álbum “Diamante”, lançado em novembro do ano passado e que vendeu mais de 350.000 cópias.
Também está previsto para setembro a produção de um DVD especial em comemoração aos 100 anos da Assembleia de Deus no Brasil, completados em junho, e a produção de materiais de merchandising, como canecas, camisetas e canetas
Entre os evangélicos, os pentecostais, representados por grupos como a Igreja Universal do Reino de Deus e a própria Assembleia de Deus, são os consumidores mais expressivos dos produtos do selo Gospel da Sony.
Em sua maioria são pertencentes às classes C e D, que preferem adquirir CDs e DVDs em lojas físicas do que comprar pela internet. Segundo dados da empresa, 95% das vendas do selo Gospel ainda são originadas nas revendas.
Padre cantor desbanca Beyoncé
Os pentecostais não representam somente a maioria entre os consumidores da Sony. O censo do IBGE de 2000 indicou que cerca de 26 milhões dos 170 milhões de brasileiros recenseados no período eram evangélicos e, destes, 13,5 milhões, pentecostais. Para 2010, as estimativas do instituto são maiores, com um total de 36,5 milhões de evangélicos, sendo mais de 30 milhões pentecostais.
Mesmo sendo maioria no país, com 124,98 milhões de brasileiros, os católicos começaram a perder terreno não somente para os pentecostais, mas também para os chamados neopentecostais, membros das igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana e Luterana.
Nesse momento começaram a surgir figuras como o Padre Marcelo Rossi, em 1998, em uma tentativa de transformar a imagem ultrapassada que a Igreja Católica vinha apresentando.
O cantor fez sucesso, vendendo mais de três milhões de cópias com o CD “Músicas para louvar ao Senhor”, álbum que encabeça a lista dos discos brasileiros mais vendidos no Brasil. O desempenho de Marcelo Rossi também estimulou o surgimento de outro artista, o Padre Fábio de Melo.
O cantor conseguiu desbancar ícones nacionais e internacionais, como Chitãozinho e Xororó e Beyoncé, no ranking de 2009 da Associação Brasileira de Produtores de Discos, com o CD “Iluminar”, da gravadora Som Livre.
Bíblia para todos os gostos
Mas quando o assunto é o mercado religioso, a Bíblia ainda é o produto líder de vendas. Em 2011, a Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) comemorou 100 milhões de impressões e lançou uma Bíblia especial para a celebração. Criada em 1948 por líderes cristãos, a organização conta hoje com vários tipos de Bíblias em seu portfólio para atender as demandas dos consumidores. Entre as opções, há Bíblias personalizadas para jovens, mulheres, crianças e até versões em braile.
Os preços também variam entre a versão econômica de R$ 2,00, até publicações custando mais de R$ 100,00. “Os evangélicos também são maioria entre os compradores de Bíblias, mas nos últimos anos a importância do livro cresceu entre os católicos também. A distribuição é realizada segundo a demanda das igrejas protestantes e católicas, maior nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro”, diz Erni Seibert, secretário de comunicação e ação social da Sociedade Bíblica Brasileira.
Preocupada em difundir a leitura da Bíblia, a SBB também desenvolve programas específicos de atendimento social em diferentes situações.
A organização distribui o livro após desastres naturais, como enchentes, e em regiões carentes do Nordeste e do Norte brasileiros. Na Região Amazônica, a instituição conta ainda com dois barcos para ampliar a distribuição de Bíblias. Mantendo estas iniciativas, a SBB conseguiu entregar quase seis milhões de cópias do livro sagrado entre 2009 e 2010.
Dificuldades para compreender o mercado
Mesmo com esse aspecto próspero, o setor precisa de informações detalhadas. Uma variante que interfere na busca de um conhecimento mais profundo sobre o perfil deste consumidor é a diversidade de crenças no Brasil.
“Antigamente você poderia dividir o Brasil entre católicos, protestantes, judeus etc... Hoje, essa segmentação não funciona mais, porque precisamos conhecer também a qual linha religiosa dentro de cada crença o consumidor pertence para compreendê-lo melhor”, explica Mário René, professor da ESPM São Paulo e estudioso do comportamento deste mercado.
Para minimizar a falta de dados sobre o setor, a ESPM planeja a criação de um núcleo de estudos voltado para reunir informações especificamente sobre o assunto. Mas o professor ressalta que também se deve olhar para outras oportunidades além do setor de produtos cristãos.
“Em São Paulo, por exemplo, existe a Kosher Mart, empresa que vende alimentos para judeus, grupo que possui uma série de restrições alimentares”.
Outro desafio para investir fora do segmento cristão é compreender a relação da religião com o consumo. Crenças como o hinduísmo e o budismo são pregadoras do desapego a bens materiais, mas existe uma grande oferta de produtos, como roupas com estampas de deuses indianos, objetos de decoração e incensos.
Da mesma forma, podem ser incluidas as crenças afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. Assim como em qualquer outros nicho de mercado, é preciso entender para qual consumidor você está produzindo e conhecer cada detalhe de seu comportamento.
Fonte: Exame Abril
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