sexta-feira, 2 de novembro de 2012

As Igrejas da Reforma redescobriram a maravilhosa liberdade da fé cristã

Muitas pessoas já foram acusadas de não ter pago determinado produto, mesmo que já tivessem feito o pagamento. Qual seria a solução? Achar o comprovante deste pagamento e apresentá-lo! A situação da Igreja Cristã do ocidente, no século XVI, lembra a situação acima. Nesta época a igreja tinha sua sede em Roma e era única no Ocidente. No Oriente a Igreja Cristã se chamava Ortodoxa. Vejamos, pois, a situação no lado de cá do planeta! A mensagem dada ao povo era de que haveria duas maneiras de resolver a culpa do pecado e ser salvo para a eternidade. Uma alternativa seria uma vida de boas obras (a balança deveria pender para o positivo, ao fazer-se o balanço entre o bem e o mal da pessoa).

Outra alternativa seria comprar o saldo positivo. Este era vendido pela igreja, através de cartas de perdão, chamadas “Indulgências”. Também havia outros tipos de campanhas, oferecendo relíquias religiosas, para a pessoa ter o “saldo positivo”. Estas duas maneiras do ser humano “se salvar” era a mensagem principal da Igreja do Ocidente no século XVI (por volta de 1500 dC). Mas, há cerca de 2000 anos, o apóstolo Paulo escrevera em Gálatas 5.1 “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou”. E acrescentou em Gálatas 5.4: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes”. Paulo havia entendido e experimentado o perdão, a libertação e a graça de Deus, conforme João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Por isso, Paulo também escreveu em Romanos 1.17: “O justo viverá pela fé”. Tudo isso significa: Jesus pagou os nossos pecados na cruz. Basta confessá-los e pedir sinceramente o perdão. Esta mensagem é tão clara e simples, que no século XIX o chamado “Príncipe dos pregadores” (Charles Spurgeon) disse: “Toda a minha pregação se resume em 4 palavras: “Jesus morreu por mim”!

O período da Igreja Cristã medieval foi bastante obscuro e confuso. Mesmo assim, houve pessoas e grupos que entenderam a mensagem da salvação em Cristo. Já em 1176 dC havia um grupo chamado “Os valdenses”. Seu líder era Pedro Valdo e eles viviam em Lyon, na França. Eles pregavam um retorno à Bíblia: O arrependimento, para haver perdão e mudança de vida. Eles foram duramente reprimidos e massacrados. Em 1373 nasceu João Huss. Ele vivia na cidade de Praga (atual República Tcheca). Ele e seu grupo também pregaram um retorno à Bíblia: Davam grande ênfase à salvação em Cristo e uma vida de muita comunhão fraternal. Também este grupo foi perseguido e João Huss foi queimado (enquanto cantava a Deus) como herege.

Dentro deste contexto nasce Martim Lutero, em 1483. Também ele descobre e experimenta o que os valdenses e os amigos de João Huss viram na Bíblia. Para ele um texto bíblico brilhou como luz na escuridão. Foi Romanos 1.17: “O justo viverá pela fé”. Também ele pregava que em Cristo está o perdão e a salvação do ser humano. Também em seu tempo o comércio religioso marcava a igreja. Diante desta realidade ele publicou 95 teses. Escreveu 95 afirmações contra o comercio religioso e as tentativas do próprio ser humano em se salvar. Em 31 de outubro de 1517 ele afixou estas 95 teses na porta de uma igreja, a igreja de Wittenberg, na Alemanha. Por isso, esta data é conhecida mundialmente como “Dia da Reforma”!

Martim Lutero não foi condenado à morte, como ocorreu com João Huss. Mas, foi ex-comungado (expulso) da Igreja Católica da época. Com isso, surgiu a Igreja Luterana. Em outros países da Europa, outros reformadores também propagaram a libertação e a liberdade cristã do evangelho. Na Suíça, por exemplo, Zwinglio e Calvino e seus seguidores deram origem à Igreja Calvinista, ou, Presbiteriana.

Nos dias atuais vejo pelo menos dois grandes perigos, rondando as igrejas brasileiras. Quero colocá-las em tom de alerta e de reflexão para todos nós!

1- Teologia da Prosperidade: Onde está a mensagem sobre pecado, arrependimento e perdão em Cristo? O que é oferecido: Perdão e restauração em Cristo, ou o comércio de itens religiosos para satisfação e prosperidade pessoal?

2 – Religiosidade humana: Conforme o autor de “As Crônicas de Nárnia”, religião significa o ser humano tentando chegar a Deus, tentando “re-ligar-se” com Deus. Já a fé cristã é o inverso: Deus vem ao ser humano. Jesus desce da glória celeste (Natal) e dá Sua vida na cruz (Paixão e Páscoa). Quais são as formas atuais, pelos quais pessoas e religiões tentam resolver sua culpa e garantir a eternidade? Basta “crer em alguma coisa”? Qualquer caminho leva a Deus, ou cremos em João 14.6: Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida?

Para finalizar, volto à ilustração inicial: Se temos alguma culpa, alguma dívida e algum pecado, nós podemos apresentar um documento de quitação! Trata-se da obra de Cristo na cruz. Por isso, a sua penúltima afirmação foi “Está consumado” (João 19.30), ou seja, “está quitado”. Esta é a grande redescoberta das Igrejas da Reforma do século XVI. Esta é a mensagem que sempre precisa ser anunciada pela Igreja Cristã!



Fonte: Pr.  Gerson Kappel  em A Tribuna Mato Grosso
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