PEDOFILIA: Distúrbio ou ação demoníaca?
A pedofilia pode ser vista através de três perspectivas: a psicológica, a social e a ética. Devemos descrever essas perspectivas procurando confrontá-las com a visão bíblica.
Na perspectiva psicológica, há várias questões que são amplamente discutidas. Uma das principais é: "O agressor sexual (pedófilo) é portador de distúrbios psiquiátricos? A resposta a essa questão envolve várias ordens de dificuldade. Uma delas diz respeito ao que podemos entender com a expressão distúrbios psiquiátricos.
De acordo com o Manual Estatístico de Desordens Mentais (DSM IV), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana, a Pedofilia é considerada uma desordem psiquiátrica, um distúrbio psicossocial. Um distúrbio psiquiátrico freqüentemente está associado às doenças mentais ou de comportamento, incluindo perturbações do humor, do pensamento, do caráter e da percepção.
O DSM IV classifica a pedofilia como um tipo de parafilia (transtorno sexual) em que há constância de fantasias e desejos sexuais específicos com crianças.
Ao se referir especificamente à pedofilia, o DSM IV explica que "o foco parafílico envolve atividades sexuais com crianças pré-púbere (geralmente com 13 anos ou menos)" (pág. 499). Estudos comprovam a origem e sintomas de muitas das chamadas doenças mentais. Umas são detectadas através de exames neurológicos, outras só através dos sintomas. Haveria nestas doenças uma ação diabólica?
Existem quatro níveis de atuação demoníaca em seres humanos: a tentação (Tiago 1.13-14); a influência (Romanos 12.2; I João 2.14b e 5.9-10); a opressão (Lucas 13.10-16); e a possessão (Mateus 17.14-20). Não podemos confundir doença mental com opressão ou possessão de demônios, pois nem todas as pessoas oprimidas ou possessas são doentes mentais. Além do mais, a maioria dessas doenças têm como origem um trauma de infância. Porém, o sofrimento e a angústia dessas pessoas são tão intensos que não podemos descartar a possibilidade delas estarem sendo também afligidas por Satanás. Ou seja, Satanás encontra através do trauma uma porta aberta para oprimí-las.
As teirias que se fixam somente nas causas psiquiátricas para explicar o comportamento do agressor sexual de crianças, não levando em consideração os fatores sociais, culturais, psicodinâmicos e espirituais mostram uma visão estreita e parcial do fenômeno.
Nem sempre o agressor sexual é portador de distúrbios psiquiátricos. As teorias psicológicas enfatizam o caráter psiquiátrico do agressor baseadas em estudos feitos geralmente com agressores denunciados, presos e condenados. Esses agressores são os mais compulsivos, repetitivos, insolentes e violentos e, portanto são aqueles cujo comportamento se mostra mais "desviante da norma".
Mas o que dizer daquelas pessoas socialmente adaptadas, que não levantam suspeitas? Esses condicionantes estão muito mais ligados a motivos e conteúdos psicossociais do que a distúrbios psiquiátricos. Geralmente esse agressor foi vitimizado em sua infância e acaba reproduzindo na vida adulta o mesmo padrão de relação abusiva.
Em determinadas condições concretas de existência, qualquer pessoa que tenha vivido uma situação traumática pode ter uma crise ou um transtorno da personalidade. Os problemas emocionais são causados por traumas vivenciados principalmente na infância, e que precisam ser tratados. Alguns traumas contribuem para o desenvolvimento de um padrão pecaminoso. Em geral, inicia-se com aspectos como culpa, autocomiseração, ira e descontrole emocional.
Biblicamente, sabemos que pedofilia é pecado (Gálatas 5.19; Efésios 5.3 e Colossenses 3.5). Do ponto de vista moral e ético, o pedófilo não é um doente mental, isento de responsabilidades, nem um delinqüente à margem das leis da vida social e familiar, mas uma pessoa com total responsabilidade pelo mal que introduz no mundo.
Autor: Jamiel Lopes, pastor da Assembléia de Deus em Campinas (SP),
doutorado em Psicologia com mestrado em Psicologia Clínica e professor universitário.
Fonte: Luz do Mundo
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