A empresária Arianna Huffington, de 60 anos, inicia em 18 de dezembro uma viagem de quatro dias ao Brasil para “aprender sobre sua economia vibrante” e sobre as medidas adotadas pelo País para “reduzir a desigualdade social”. O tema lhe é caro por causa de seu mais recente livro, “Third World America”, em que alerta que a redução da mobilidade social e o declínio da classe média nos EUA vêm dizimando o chamado “sonho americano” e arriscam transformar o país em uma nação do Terceiro Mundo.
A ateniense radicada nos EUA, autora de outros 12 livros, não limitou a discussão da perda de poder dos EUA ao “Third World America”. Ela a expandiu para o fenômeno do jornalismo online Huffington Post, site de notícias e opinião lançado em 2005 e do qual é editora-chefe e cofundadora. No site, conhecido simplesmente como HuffPost, Arianna batizou uma seção com o nome do livro, com a proposta de que os leitores e internautas mapeiem iniciativas sendo empregadas nos EUA para ajudar na recuperação econômica e social do país.
A seção se encaixa na visão de Arianna de que o público não é mais um receptor passivo da informação, um mero espectador. Com a liberdade dada pela internet de poder comentar, interagir, compartilhar e de buscar qualquer conteúdo, as pessoas agora detêm seu controle. “Com o crescimento explosivo da mídia social, nos engajamos com as informações, reagimos a elas e as compartilhamos. Tornou-se algo que compilamos, conectamos e discutimos. Em resumo, as notícias se tornaram sociais”, disse Arianna ao iG.
Essa ideia, somada a 195 empregados, à colaboração voluntária de 6 mil blogueiros – que atraem 4 milhões de comentários por mês – e a um habilidoso uso do SEO (sigla em inglês para “Otimização da Ferramenta de Busca”, que melhora os resultados no Google), transformou o HuffPost em um sucesso do jornalismo online. Atualmente o site só perde em audiência para o do New York Times.
No Brasil, a 28ª mulher mais poderosa do mundo, segundo a revista Forbes, deve se encontrar com a presidenta eleita Dilma Rousseff e com a senadora Marta Suplicy (PT-SP), e participar de um jantar promovido pelo publicitário Nizan Guanaes em São Paulo. Leia a seguir os principais trechos da entrevista que concedeu por email ao iG.
iG: A sra. afirma que o Huffington Post é um jornal. Mas algumas pessoas acreditam que seu modelo de colaboradores não remunerados, reduzida equipe editorial e uso do conteúdo de outros canais pode modificar a mídia como negócio. A sra. concorda com essa avaliação?
Arianna: Nosso modelo é unir o melhor da mídia tradicional com a nova mídia. Isso inclui ter dezenas de editores altamente treinados e um crescente número de repórteres produzindo material próprio – incluindo as recentes contratações de Howard Fineman, que antes trabalhava na Newsweek, e Peter Goodman, do New York Times. Também oferecemos uma ótima plataforma para blogueiros conhecidos ou relativamente desconhecidos para que possam contribuir para o debate público. E, quando agregamos histórias de outras fontes, nos certificamos de fazê-lo respeitando o direito autoral e de direcionar a audiência ao veículo original da história – fluxo que eles podem monitorar. Os leitores do HuffPost amam que o site tenha ao mesmo tempo notícias e opinião – de nossos escritores, blogueiros, repórteres e de todas as partes do mundo – apresentadas com nossa atitude e ponto de vista.A ateniense radicada nos EUA, autora de outros 12 livros, não limitou a discussão da perda de poder dos EUA ao “Third World America”. Ela a expandiu para o fenômeno do jornalismo online Huffington Post, site de notícias e opinião lançado em 2005 e do qual é editora-chefe e cofundadora. No site, conhecido simplesmente como HuffPost, Arianna batizou uma seção com o nome do livro, com a proposta de que os leitores e internautas mapeiem iniciativas sendo empregadas nos EUA para ajudar na recuperação econômica e social do país.
A seção se encaixa na visão de Arianna de que o público não é mais um receptor passivo da informação, um mero espectador. Com a liberdade dada pela internet de poder comentar, interagir, compartilhar e de buscar qualquer conteúdo, as pessoas agora detêm seu controle. “Com o crescimento explosivo da mídia social, nos engajamos com as informações, reagimos a elas e as compartilhamos. Tornou-se algo que compilamos, conectamos e discutimos. Em resumo, as notícias se tornaram sociais”, disse Arianna ao iG.
Essa ideia, somada a 195 empregados, à colaboração voluntária de 6 mil blogueiros – que atraem 4 milhões de comentários por mês – e a um habilidoso uso do SEO (sigla em inglês para “Otimização da Ferramenta de Busca”, que melhora os resultados no Google), transformou o HuffPost em um sucesso do jornalismo online. Atualmente o site só perde em audiência para o do New York Times.
No Brasil, a 28ª mulher mais poderosa do mundo, segundo a revista Forbes, deve se encontrar com a presidenta eleita Dilma Rousseff e com a senadora Marta Suplicy (PT-SP), e participar de um jantar promovido pelo publicitário Nizan Guanaes em São Paulo. Leia a seguir os principais trechos da entrevista que concedeu por email ao iG.
iG: A sra. afirma que o Huffington Post é um jornal. Mas algumas pessoas acreditam que seu modelo de colaboradores não remunerados, reduzida equipe editorial e uso do conteúdo de outros canais pode modificar a mídia como negócio. A sra. concorda com essa avaliação?
iG: Considerando o sucesso do modelo do HuffPost, qual é o futuro dos jornais tradicionais?
Arianna: Acredito em um futuro jornalístico híbrido em que os jornais tradicionais adotem os melhores elementos do jornalismo online e em que os sites de mídia façam cada vez mais a reportagem investigativa usualmente associada somente às empresas tradicionais. E ao contrário do derrotismo relacionado à mídia como negócio, acredito que vivemos a Era Dourada para aqueles que consomem informação, que podem navegar na internet, usar sistemas de buscas, acessar as melhores histórias de todas as partes do mundo e ser capazes de comentar, interagir e formar comunidades. A Web nos deu o controle sobre a informação que consumimos. E agora o crescimento explosivo da mídia social também está mudando fundamentalmente nosso relacionamento com a notícia. Não é mais algo que aceitamos passivamente. Agora nos engajamos com as informação, reagimos a elas e as compartilhamos. Tornou-se algo que compilamos, conectamos e discutimos. Em resumo, as notícias se tornaram sociais.
iG: Quais características do HuffPost a mídia tradicional deveria adotar para sobreviver?
Arianna: Algo que o HuffPost faz bem – e penso que os meios tradicionais de mídia poderiam fazer mais – é cobrir as notícias obsessivamente para lhes possibilitar reverberar fora de nosso universo multimídia. Também temos orgulho de nossa posição editorial: o compromisso com a transparência e a descoberta da verdade – aonde quer que ela nos leve. Frequentemente, a mídia tradicional sente ter de ouvir os dois lados de uma história, mesmo quando a verdade está certamente em um deles.
iG: O HuffiPost tem 6 mil blogueiros. Qual o segredo para fazer essa quantidade enorme de pessoas escrever sem remuneração?
Arianna: Os melhores blogueiros tendem a ser apaixonados por algo. E estamos felizes de lhes oferecer uma plataforma para expressar suas opiniões. Uma das razões originais para começar o HuffPost era minha sensação de que as vozes mais interessantes em nossa cultura não estavam online – e quis lhes facilitar essa transição.
iG: Como a sra. explica o sucesso do HuffPost? Qual papel o hábil uso da “Otimização da Ferramenta de Busca” (Search Engine Optimization, SEO) desempenha nisso?
Arianna: O site foi lançado em meio a uma tempestade perfeita para um veículo de notícias e opinião. Tivemos uma inédita combinação de três coisas: agregação de notícia com atitude, opinião e comunidade. E sempre estivemos comprometidos com evoluir constantemente. Quanto ao SEO, sim, HuffPost é bom nisso, mas a coisa mais importante é nosso conteúdo grande e variado.
iG: Em seu livro “Third World America” (América do Terceiro Mundo, em tradução livre), a sra. alerta que os EUA não cumprem mais sua promessa do sonho americano. Qual é a relação entre o declínio da classe média dos EUA e fenômenos políticos como o movimento conservador Tea Party liderado pela republicana Sarah Palin?
Arianna: Em um período de dificuldades econômicas, quando grande número de pessoas perdem seus empregos, casas e se sentem impotentes, fomenta-se a raiva. A ascensão do Tea Party é, em muitos casos, a ascensão desse sentimento. Mas o que falta nessa explicação é o fato de que todos estão com raiva. E não é difícil entender por quê. Os americanos estão sofrendo: a pobreza está crescendo, e não há previsão para o fim do alto desemprego e das execuções hipotecárias. Mas há mais de uma forma de canalizar a raiva. Em vez de demonizar, dividir e buscar bodes-expiatórios, podemos canalizar a energia para conectar, alcançar o outro, atuar, tornar a vida melhor para sua família e para quem precisa de ajuda. O que mais me surpreendeu durante a pesquisa do livro – e agora enquanto viajo pelo país – é a criatividade extraordinária florescendo em meio aos problemas perante as comunidades em todo o país.
Fonte: iG
----------------------------