sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O que fez Jesus dos 13 aos 30 anos? Pesquisador lança livro “revelando” o período que a Bíblia não contou

Por onde andou e o que fez Jesus dos 13 aos 30 anos de idade? Por que esse período da biografia do símbolo maior do Cristianismo foi tão pouco discutido e dado a público? Quais teriam sido as experiências por ele acumuladas? Para tentar responder a essas e outras tantas perguntas, o pesquisador Carlos Carvalho Cavalheiro debruçou-se durante dois anos sobre textos bíblicos, evangelhos apócrifos e outras fontes às quais teve acesso e produziu “O Mistério Revelado”, seu décimo segundo livro, já disponível para venda.

Estudioso de teologia, Cavalheiro não pertence a denominação religiosa específica, mas assume sua formação evangélica. O tema tratado na obra desde sempre o intrigou, tanto quanto a outros autores que investigaram a quase reclusão do Cristo. Personagem emblemático, daqueles que oferecem múltiplas possibilidades a quem escreve, Jesus inspirou, e ainda inspira, um sem número de versões de sua própria vida. Dele já se contou, seguramente, de tudo um pouco.

Na Bíblia consta que ele nasceu da Maria, operou milagres, caiu em desgraça com o governo da época que o encarava como uma grave ameaça ao sistema então vigente, foi condenado à morte por crucificação e ressuscitou. Carlos Cavalheiro, no entanto, quis ir além e foi buscar informações sobre o por que de, a partir de certa época, Jesus ter sido relegado ao ostracismo. É curioso, para dizer pouco, que alguém com a importância do filho de Deus, tenha simplesmente desaparecido, sem deixar rastro.

Não foi o que aconteceu, na verdade. Cavalheiro lembra que, antes, aos 12 anos, Jesus Cristo protagonizou a célebre discussão com os doutores, conforme relatado por Lucas. Era costume os pais levarem seus filhos a Jerusalém na Festa da Páscoa. E o mesmo aconteceu com Jesus, que foi para lá e acabou ficando na cidade, sem que José e Maria soubessem. Os dois pensavam que ele tinha seguido viagem de volta com outros do grupo e, ao descobrirem que não, retornaram e o encontraram no templo, ouvindo e interrogando os eruditos, como eram chamados. O então adolescente impressionou a todos por sua inteligência.

A partir daí, Jesus parece ter tomado rumo ignorado. Ou melhor, há quem acredite que teria seguido com destino à Índia e lá se mantido. Carlos Cavalheiro, porém, soma-se aos teóricos que não concordam com essa possibilidade. A tese, argumenta, baseia-se em provas inconsistentes e circunstanciais. “São citações reproduzidas sem aprofundamento”, diz. A versão de que Jesus teria viajado ganhou força no século XIX, a partir de estudos divulgados. Um deles, do russo Nicolau Notovitc, revela que, num monge budista foram encontradas referências sobre o “Santo Issa”, nome dado pelos muçulmanos a Jesus.

Em “O Mistério Revelado”, o escritor alega que o hiato de dezessete anos, tão comentado por seu caráter obscuro, não teria despertado o interesse dos evangelistas, já que nenhum fato mais relevante ocorreu. “Jesus descobriria o seu Ministério aos 30 anos”, diz Cavalheiro. Na prática, portanto, as mais significativas passagens da vida do Messias tiveram lugar desde então. Em três anos, ele esteve à frente dos episódios que transformariam a história da humanidade.

O livro refere que Jesus Cristo viveu, dos 13 aos 30 anos, uma rotina normal. Ajudava o pai na carpintaria e fazia o que jovens de sua idade faziam. Não constam registros de que tivesse se envolvido com mulheres, como sugerido no best-seller “O Código Da Vinci”. “Para muitos, a linha que separa a ficção da realidade, no que se refere a Jesus Cristo, é tênue, mas podemos separar uma coisa da outra”, garante Carlos Cavalheiro. “Essa é uma discussão válida, salutar, que só acrescenta”.

Cavalheiro lembra que, para a sociedade da época, as pessoas com 30 anos eram mais experientes, e se faziam respeitar. “Balzack teria gostado de saber disso, já que usou esse mote para valorizar as mulheres num de seus mais conhecidos romances”, brinca. Ele não considera que o trabalho possa, de alguma forma, comprometer a figura do personagem, ou sua aura de divindade. “Não me parece ser o caso. As pessoas têm muito claro a importância de Jesus. Ademais, a pesquisa só procura apurar o que houve no intervalo de dezessete anos. Eu acredito que tenha colaborado, ainda que em parte, para esclarecer muitas das dúvidas a esse respeito”.



Fonte: Livros e Pessoas
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