A foto acima tornou-se um símbolo da união de pessoas de diferentes ideais lutando pela mesma causa. São cristãos coptas formando um cordão para defender os protestantes muçulmanos antigoverno, enquanto eles fazem suas orações da tarde na praça Tahrir, no centro do Cairo. Este gesto importante mostra que muitos cristãos do país estão questionando a defesa contínua que sua Igreja faz do presidente Hosni Mubarak.
“A Igreja copta esteve submetida ao regime durante 30 anos. O regime não mudou. Ele usa uma tática de coerção. Diz que se as pessoas forem para as ruas, o regime vai causar-lhes problemas, fechando as igrejas e impedindo as pessoas de fazerem qualquer coisa”, disse Michael Mouniro, presidente da Associação de Coptas norte-americanos.
Os coptas totalizam cerca de 10% da população do Egito. São a maior comunidade cristã no Oriente Médio. E Mubarak sempre posou como defensor da minoria cristã contra os extremistas muçulmanos. Muitos coptas estavam satisfeitos em aceitar seu sufocante regime autoritário em troca de uma segurança maior. Porém, agora as coisas mudaram. Embora a polícia tenha praticamente deserdado a cidade, não há registros de ataques às igrejas coptas desde o início dos protestos.
“Meu pai é um sacerdote ortodoxo em Al Fayoum (Sudoeste de Cairo). Falei com ele ao telefone e ele disse que se sente perfeitamente seguro em sua igreja”, afirma Minz Zekry, um blogueiro cristão egípcio e ativista de direitos humanos que divide seu tempo entre a Suécia e o Egito.
Isso parece mostrar que os cristãos não estão em piores condições sem a presença da polícia. Também mostra que o governo usou a divisão religiosa no Egito em benefício próprio, aproveitando-se até mesmo das desigualdades entre muçulmanos e cristãos.
A participação dos cristão nos protestos também revela que os cristãos egípcios estão desafiando a autoridade da Igreja. Até agora, a maior parte dos cristãos obedecia às normas da Igreja, o que faz sentido quando se é parte de uma minoria de pouca expressão. Contudo, quando o patriarca Shenouda (líder da Igreja Ortodoxa da Alexandria) declarou seu apoio a Mubarak, a maioria dos cristãos não o seguiu. Isso é algo novo, embora alguns sinais dessa “desobediência” já fossem notados depois do ataque a uma catedral em Alexandria, ocorrido na virada do ano. Naquele momento, um líder copta foi vaiado quando agradeceu publicamente ao presidente Mubarak pelo seu apoio à comunidade cristã.
“Não estou negando as tensões que existem entre muçulmanos e coptas no Egito. Mas penso que elas foram deixadas de lado – pelo menos temporariamente – desde o começo dos protestos. A prioridade era unir todos os egípcios em torno de um único objetivo: liberdade. Meu irmão disse que na semana passada ele falou pela primeira vez com seu vizinho muçulmano porque os dois se alistaram para fazer parte do comitê de segurança do bairro. Os coptas e muçulmanos finalmente parecem entender que eles não podem permanecer divididos caso queiram que o movimento de protesto tenha sucesso”, conclui Zekry.
Um imã entrevistado pela EuroNews enfatiza o clima de fraternidade vivido na “Praça da Libertação”: “Tenho de dizer algo: neste lugar onde durmo, muitas vezes meus irmãos cristãos me trazem cobertas durante a noite. Vi coisas fabulosas. Quero dizer ao presidente Mubarak que a única coisa boa que ele fez foi conseguir mostrar que o povo egípcio está unido, em uma só voz”.
O Egito conseguirá continuar vivendo esse clima de harmonia entre as religiões e união pelo bem comum? O tempo dirá.
“Nós amamos uns aos outros” diz o cartaz visto num protesto egípcio em favor da unidade religiosa. Foto publicada no Twitter por @Takver.
Fonte: Pavablog
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“A Igreja copta esteve submetida ao regime durante 30 anos. O regime não mudou. Ele usa uma tática de coerção. Diz que se as pessoas forem para as ruas, o regime vai causar-lhes problemas, fechando as igrejas e impedindo as pessoas de fazerem qualquer coisa”, disse Michael Mouniro, presidente da Associação de Coptas norte-americanos.
Os coptas totalizam cerca de 10% da população do Egito. São a maior comunidade cristã no Oriente Médio. E Mubarak sempre posou como defensor da minoria cristã contra os extremistas muçulmanos. Muitos coptas estavam satisfeitos em aceitar seu sufocante regime autoritário em troca de uma segurança maior. Porém, agora as coisas mudaram. Embora a polícia tenha praticamente deserdado a cidade, não há registros de ataques às igrejas coptas desde o início dos protestos.
“Meu pai é um sacerdote ortodoxo em Al Fayoum (Sudoeste de Cairo). Falei com ele ao telefone e ele disse que se sente perfeitamente seguro em sua igreja”, afirma Minz Zekry, um blogueiro cristão egípcio e ativista de direitos humanos que divide seu tempo entre a Suécia e o Egito.
Isso parece mostrar que os cristãos não estão em piores condições sem a presença da polícia. Também mostra que o governo usou a divisão religiosa no Egito em benefício próprio, aproveitando-se até mesmo das desigualdades entre muçulmanos e cristãos.
A participação dos cristão nos protestos também revela que os cristãos egípcios estão desafiando a autoridade da Igreja. Até agora, a maior parte dos cristãos obedecia às normas da Igreja, o que faz sentido quando se é parte de uma minoria de pouca expressão. Contudo, quando o patriarca Shenouda (líder da Igreja Ortodoxa da Alexandria) declarou seu apoio a Mubarak, a maioria dos cristãos não o seguiu. Isso é algo novo, embora alguns sinais dessa “desobediência” já fossem notados depois do ataque a uma catedral em Alexandria, ocorrido na virada do ano. Naquele momento, um líder copta foi vaiado quando agradeceu publicamente ao presidente Mubarak pelo seu apoio à comunidade cristã.
“Não estou negando as tensões que existem entre muçulmanos e coptas no Egito. Mas penso que elas foram deixadas de lado – pelo menos temporariamente – desde o começo dos protestos. A prioridade era unir todos os egípcios em torno de um único objetivo: liberdade. Meu irmão disse que na semana passada ele falou pela primeira vez com seu vizinho muçulmano porque os dois se alistaram para fazer parte do comitê de segurança do bairro. Os coptas e muçulmanos finalmente parecem entender que eles não podem permanecer divididos caso queiram que o movimento de protesto tenha sucesso”, conclui Zekry.
Um imã entrevistado pela EuroNews enfatiza o clima de fraternidade vivido na “Praça da Libertação”: “Tenho de dizer algo: neste lugar onde durmo, muitas vezes meus irmãos cristãos me trazem cobertas durante a noite. Vi coisas fabulosas. Quero dizer ao presidente Mubarak que a única coisa boa que ele fez foi conseguir mostrar que o povo egípcio está unido, em uma só voz”.
O Egito conseguirá continuar vivendo esse clima de harmonia entre as religiões e união pelo bem comum? O tempo dirá.
“Nós amamos uns aos outros” diz o cartaz visto num protesto egípcio em favor da unidade religiosa. Foto publicada no Twitter por @Takver.
Fonte: Pavablog
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