Nove em cada 100 funerais realizados em Portugal são cremações
A Igreja Católica não se opõe à cremação, mas «proíbe» aos seus fieis fazerem lançamento das cinzas do corpo humano à terra, ao mar ou ao vento, defendendo ser essencial conservá-las "com dignidade".
Segundo o novo Ritual para a Celebração das Exéquias da Conferência Episcopal Portuguesa, "não se deve lançar as cinzas do corpo humano à terra, mas sim enterrá-las num sítio adequado ou depositá-las num nicho ou columbário".
"O que se pede é que as cinzas sejam conservadas com respeito, porque são cinzas de uma pessoa, de uma vida, de uma história, e, portanto, não podem ser objeto de decoração ou até de um sentimento mórbido. O que é pedido é que sejam conservadas em dignidade", explicou à agência Lusa Luís Manuel Pereira, pároco da Sé de Lisboa.
Para o cónego, «acima de tudo, o que se deve evitar é um uso abusivo daquilo que são os restos mortais de outra pessoa». "Não cabe na cabeça de nenhum de nós andar com as cinzas de alguém querido atrás de si", comentou.
O cónego Luís Manuel Pereira referiu que, atualmente, "é completamente aceite que um cristão deseje que, uma vez morto o seu corpo, seja cremado".
O documento que permite a prática da cremação aos cristãos foi aprovado em 1963 pelo Papa Paulo VI, quando considerou que esta não contradiz a doutrina da Igreja sobre a ressurreição.
"Até ao século passado, a Igreja não olhava a cremação como uma forma própria dos cristãos tratarem o seu corpo quando morriam. Preferencialmente, a Igreja ainda hoje mantém a inumação (enterro) como o ideal, até no sentido de ser a própria forma como Jesus foi sepultado", assinalou.
Nove em cada 100 funerais realizados em Portugal são cremações, número que mais do que quadruplicou na última década e que não foi afetado pela crise, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário.
Segundo Paulo Carreira, nos últimos 10 anos, o número de cremações passou de 2053, em 2001, para 8948, no ano passado, essencialmente devido à maior quantidade de fornos crematórios em Portugal (dois em 2001 para 16 em 2011).
"Não vejo que a crise influencie o aumento do número de cremações, tem sim havido uma tendência para escolher serviços mais baratos", salientou Paulo Carreira, segundo o qual os dados são recolhidos nas câmaras municipais ou juntas de freguesia.
O presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário (APPSF) sublinha que a cremação pode mesmo constituir um fator de poupança, porque "permite reduzir o custo a prazo, uma vez que não será necessário colocar lápide ou fazer a exumação dos restos mortais".
Paulo Carreira revelou que, em Portugal, o destino a dar às cinzas é livre, pelo que depois da cremação, a família recebe os restos mortais numa urna própria para o efeito e «pode fazer deles o que quiser».
Há até algumas novidades neste mercado, como «uma urna de cinzas especial para poder plantar uma árvore».
"As pessoas muitas vezes querem regressar às origens e aí podem plantar uma árvore que é uma urna de cinzas que tem um reservatório para colocar cinzas e por cima e tem um reservatório para colocar terra com fertilizante e sementes", explicou Paulo Carreira.
De acordo com a mesma fonte, existem ainda outras opções, que "passam por uma urna de cinzas que não se assemelha em nada a uma urna". "É um objeto que só a pessoa sabe o que é, mas que não é chocante ser colocado em sua casa", explicou.
Entre o leque de opções, há ainda a possibilidade de ser produzido um diamante a partir das cinzas resultantes da cremação, um processo que demora entre quatro a 12 semanas, disse Paulo Carreira.
"É um pequeno diamante que é colocado num estojo apropriado de forma a ser uma memória eterna da pessoa falecida. Esse diamante pode ficar no estojo ou pode ser colocado num adorno que seja pessoal e íntimo da família", explicou o presidente da APPSF.
Fonte: TVI 24h
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A Igreja Católica não se opõe à cremação, mas «proíbe» aos seus fieis fazerem lançamento das cinzas do corpo humano à terra, ao mar ou ao vento, defendendo ser essencial conservá-las "com dignidade".
Segundo o novo Ritual para a Celebração das Exéquias da Conferência Episcopal Portuguesa, "não se deve lançar as cinzas do corpo humano à terra, mas sim enterrá-las num sítio adequado ou depositá-las num nicho ou columbário".
"O que se pede é que as cinzas sejam conservadas com respeito, porque são cinzas de uma pessoa, de uma vida, de uma história, e, portanto, não podem ser objeto de decoração ou até de um sentimento mórbido. O que é pedido é que sejam conservadas em dignidade", explicou à agência Lusa Luís Manuel Pereira, pároco da Sé de Lisboa.
Para o cónego, «acima de tudo, o que se deve evitar é um uso abusivo daquilo que são os restos mortais de outra pessoa». "Não cabe na cabeça de nenhum de nós andar com as cinzas de alguém querido atrás de si", comentou.
O cónego Luís Manuel Pereira referiu que, atualmente, "é completamente aceite que um cristão deseje que, uma vez morto o seu corpo, seja cremado".
O documento que permite a prática da cremação aos cristãos foi aprovado em 1963 pelo Papa Paulo VI, quando considerou que esta não contradiz a doutrina da Igreja sobre a ressurreição.
"Até ao século passado, a Igreja não olhava a cremação como uma forma própria dos cristãos tratarem o seu corpo quando morriam. Preferencialmente, a Igreja ainda hoje mantém a inumação (enterro) como o ideal, até no sentido de ser a própria forma como Jesus foi sepultado", assinalou.
Nove em cada 100 funerais realizados em Portugal são cremações, número que mais do que quadruplicou na última década e que não foi afetado pela crise, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário.
Segundo Paulo Carreira, nos últimos 10 anos, o número de cremações passou de 2053, em 2001, para 8948, no ano passado, essencialmente devido à maior quantidade de fornos crematórios em Portugal (dois em 2001 para 16 em 2011).
"Não vejo que a crise influencie o aumento do número de cremações, tem sim havido uma tendência para escolher serviços mais baratos", salientou Paulo Carreira, segundo o qual os dados são recolhidos nas câmaras municipais ou juntas de freguesia.
O presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário (APPSF) sublinha que a cremação pode mesmo constituir um fator de poupança, porque "permite reduzir o custo a prazo, uma vez que não será necessário colocar lápide ou fazer a exumação dos restos mortais".
Paulo Carreira revelou que, em Portugal, o destino a dar às cinzas é livre, pelo que depois da cremação, a família recebe os restos mortais numa urna própria para o efeito e «pode fazer deles o que quiser».
Há até algumas novidades neste mercado, como «uma urna de cinzas especial para poder plantar uma árvore».
"As pessoas muitas vezes querem regressar às origens e aí podem plantar uma árvore que é uma urna de cinzas que tem um reservatório para colocar cinzas e por cima e tem um reservatório para colocar terra com fertilizante e sementes", explicou Paulo Carreira.
De acordo com a mesma fonte, existem ainda outras opções, que "passam por uma urna de cinzas que não se assemelha em nada a uma urna". "É um objeto que só a pessoa sabe o que é, mas que não é chocante ser colocado em sua casa", explicou.
Entre o leque de opções, há ainda a possibilidade de ser produzido um diamante a partir das cinzas resultantes da cremação, um processo que demora entre quatro a 12 semanas, disse Paulo Carreira.
"É um pequeno diamante que é colocado num estojo apropriado de forma a ser uma memória eterna da pessoa falecida. Esse diamante pode ficar no estojo ou pode ser colocado num adorno que seja pessoal e íntimo da família", explicou o presidente da APPSF.
Fonte: TVI 24h
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