Ele é o pastor das ‘estrelas’. Reverendo da Igreja Presbiteriana do Rio Comprido, Luiz Longuini, 54 anos, é o queridinho das celebridades na hora do sim. Com mistura de poesia e filosofia, samba, rock e música caipira, já abençoou a união de 1.200 casais anônimos e famosos, como Arlindo Cruz e Babi, no dia 13. E a agenda, guardada sob sigilo, está cheia até o fim do ano.
Casado pela quarta vez e pai de dois filhos, o professor de Teologia e Filosofia com doutorado na Alemanha é habilitado a realizar casamentos com efeito civil. Curiosidades, como uma noiva que fingiu ter desistido do casamento na hora H, vão virar livro, promete Longuini, que já faz celebrações em clubes, casa de festas e até na praia.
O DIA: Onde o senhor nasceu e está há quanto tempo no Rio de Janeiro?
LONGUINI: – Nasci em Jaú (SP), em uma fazenda cafeeira. Tenho orgulho de ser caipira. Nunca deixei minhas raízes. Vim para o Rio e fiquei até 1990. Fui para a Alemanha fazer doutorado e voltei em 1995. Sou pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil há 32 anos. Sou professor universitário e trabalhei com igrejas periféricas e em favelas.
Quantos casamentos já realizou? E de famosos?
Aproximadamente 1.200 casamentos. Entre famosos, a atriz Lavínia Vlasak e Celso Colombo Neto; a atriz Juliana Paes e Carlos Eduardo Baptista (empresário), a atriz Déborah Secco e o jogador de futebol Roger, o meia tricolor Thiago Neves e Marcella, Fabio Porchat e Patrícia Vasquez, Arlindo Cruz e Babi.
Qual foi mais marcante?
O da Juliana Paes foi um marco, dividiu minha carreira. Depois celebrei o da irmã dela, mantive um elo com a família. Mas todos são importantes e especiais porque a estrutura que sigo, o estilo e a espiritualidade são os mesmos que fiz para minha filha e meu filho. Casei os dois.
No casamento de Arlindo Cruz, Babi respondeu que sim desta forma: ‘Esperei 26 anos por isso: sim!’ Lembra de outros momentos divertidos?
Fábio Porchat, na hora do sim, gritou e tapou os ouvidos. A esposa dele disse: ‘Vou pensar um pouco’ e fingiu que sairia correndo do altar. Os padrinhos estavam de chinelos em homenagem a Porchat, que adora o calçado. Houve uma noiva que pediu para eu me apresentar como padre porque a família era muito católica. Eu disse: ‘Padre, não. Mas posso falar que sou sacerdote’. Ela ficou satisfeita. Todas essas histórias estão sendo registradas num livro que será publicado em breve, com nomes fictícios.
Como surgiu a proximidade com celebridades?
O primeiro (casamento de celebridade) foi o da Lavinia Vlasak. Depois, o da Juliana Paes. Quem me indicou para a Juliana foi um diretor de TV que não sei quem é até hoje. Vou conhecê-lo em breve.
Juliana Paes declarou que nunca esqueceria o que o senhor falou na cerimônia. Por que tanta gente o procura?
Tenho algumas intuições. A postura que assumo perante o casal, a família e os convidados é ecumênica, de aceitação da realidade de todos. Não imponho fórmula ou doutrina. Não falo de religiosidade, mas de espiritualidade. O centro da espiritualidade é o amor. Faço um diálogo entre a teologia (Bíblia) e a cultura com citações de poemas, músicas, filmes, teatro. Também o fato de celebrar o casamento em casa de festas ou clubes e de realizar o religioso e o civil no mesmo local. No casamento de Juliana Paes, usei um conto de José Saramago sobre uma aldeia de sua infância em que toda a vida era permeada pelo badalar de sinos. Ouvir o sino interior é a grande lição da vida. Juliana e Eduardo ouviram o sino quando se conheceram.
O senhor se inspira em fontes distintas, de Raul Seixas, Pablo Neruda a Martin Luther King Jr....
Faço uma cerimônia com os quatro elementos da natureza: fogo, terra, água e ar. Está numa música do Raul Seixas, mas é a base filosófica de Empédocles de Agrigento. Como sou professor de Filosofia, utilizo muita coisa. Também Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, Pena Branca e Xavantinho, Geraldo Azevedo, Eliomar, Tonico e Tinoco, Rolando Boldrim, Renato Teixeira, Almir Sater.
Tem uma fórmula para construir o discurso?
É um método. O diálogo entre a teologia e a cultura. Muitos teólogos fazem. Minha originalidade talvez seja fazê-lo em casamentos e relacionar com a vida dos noivos. Gosto de dizer que Jesus ouvia Tom Jobim e, no casamento do Arlindo, disse que Jesus gostava de ouvir Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, ao que o Zeca completou: gostava e gosta. Usei como tema da pregação a pergunta ‘o que é o amor?’, mostrando que nem poetas e nem Rei Salomão conseguiram definir. Terminei lendo a música do Arlindo ‘O que é o amor’ sem dizer que era dele. Todos sabiam e aplaudiram.
O senhor também gosta do universo sertanejo.
Prefiro música caipira raiz. É o mundo de onde venho. Pensei que um dia havia deixado minha terra Jaú, mas ela nunca me deixou. Cito sempre Cora Coralina. Não devemos deixar o quintal de casa.
Qual o local mais inusitado em que o senhor celebrou um casamento?
Faço casamentos em casas, apartamentos, clubes, casa de festas, clube de campo, praia. Houve um em Salvador, na Praia de Itapuã. Fiquei de costas para o mar, os noivos e os convidados olhando o mar. Baianas abençoaram os padrinhos e os noivos e quatro atabaques soaram o tempo todo. Tudo era muito poético e lindo. Foi entardecendo e eu terminei a cerimônia citando Dorival Caymmi. Como não podia deixar de ser.
O senhor está no quarto casamento. Como passa a mensagem de que o casamento é eterno?
Não creio que o casamento seja eterno como instituição. Eterno é o amor. Há grande diferença entre a concepção católica romana e a protestante. Para católicos, o casamento é um sacramento. Para nós, não: é união que recebe a bênção de Deus, mas aceitamos o divórcio. Não significa a banalização do casamento, mas a possibilidade de reconstruir uma nova vida em amor e fidelidade. Sou a favor da vida e do amor. As relações são passíveis de erros e acertos. O casamento também.
Este mês como está sua agenda de casamentos? Outro casal famoso?
Em maio, celebro 10 (contando com o de Arlindo Cruz e Babi). Isso sempre acontece com muito sigilo. Os noivos pedem. Mas a minha agenda para este ano está cheia e para 2013 já está aberta e com muita coisa agendada.
Quanto custa a sua cerimônia?
É algo que não discuto com os noivos de saída. Faço muitas sem cobrar nada, porque gosto e porque é minha profissão. O preço está relacionado com minha agenda, local, tipo de cerimônia. Uma cerimônia em Búzios, em Angra ou em Salvador ou São Paulo não custa o mesmo que no Rio.
Fonte: O Dia Online
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Casado pela quarta vez e pai de dois filhos, o professor de Teologia e Filosofia com doutorado na Alemanha é habilitado a realizar casamentos com efeito civil. Curiosidades, como uma noiva que fingiu ter desistido do casamento na hora H, vão virar livro, promete Longuini, que já faz celebrações em clubes, casa de festas e até na praia.
O DIA: Onde o senhor nasceu e está há quanto tempo no Rio de Janeiro?
LONGUINI: – Nasci em Jaú (SP), em uma fazenda cafeeira. Tenho orgulho de ser caipira. Nunca deixei minhas raízes. Vim para o Rio e fiquei até 1990. Fui para a Alemanha fazer doutorado e voltei em 1995. Sou pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil há 32 anos. Sou professor universitário e trabalhei com igrejas periféricas e em favelas.
Quantos casamentos já realizou? E de famosos?
Aproximadamente 1.200 casamentos. Entre famosos, a atriz Lavínia Vlasak e Celso Colombo Neto; a atriz Juliana Paes e Carlos Eduardo Baptista (empresário), a atriz Déborah Secco e o jogador de futebol Roger, o meia tricolor Thiago Neves e Marcella, Fabio Porchat e Patrícia Vasquez, Arlindo Cruz e Babi.
Qual foi mais marcante?
O da Juliana Paes foi um marco, dividiu minha carreira. Depois celebrei o da irmã dela, mantive um elo com a família. Mas todos são importantes e especiais porque a estrutura que sigo, o estilo e a espiritualidade são os mesmos que fiz para minha filha e meu filho. Casei os dois.
No casamento de Arlindo Cruz, Babi respondeu que sim desta forma: ‘Esperei 26 anos por isso: sim!’ Lembra de outros momentos divertidos?
Fábio Porchat, na hora do sim, gritou e tapou os ouvidos. A esposa dele disse: ‘Vou pensar um pouco’ e fingiu que sairia correndo do altar. Os padrinhos estavam de chinelos em homenagem a Porchat, que adora o calçado. Houve uma noiva que pediu para eu me apresentar como padre porque a família era muito católica. Eu disse: ‘Padre, não. Mas posso falar que sou sacerdote’. Ela ficou satisfeita. Todas essas histórias estão sendo registradas num livro que será publicado em breve, com nomes fictícios.
Como surgiu a proximidade com celebridades?
O primeiro (casamento de celebridade) foi o da Lavinia Vlasak. Depois, o da Juliana Paes. Quem me indicou para a Juliana foi um diretor de TV que não sei quem é até hoje. Vou conhecê-lo em breve.
Juliana Paes declarou que nunca esqueceria o que o senhor falou na cerimônia. Por que tanta gente o procura?
Tenho algumas intuições. A postura que assumo perante o casal, a família e os convidados é ecumênica, de aceitação da realidade de todos. Não imponho fórmula ou doutrina. Não falo de religiosidade, mas de espiritualidade. O centro da espiritualidade é o amor. Faço um diálogo entre a teologia (Bíblia) e a cultura com citações de poemas, músicas, filmes, teatro. Também o fato de celebrar o casamento em casa de festas ou clubes e de realizar o religioso e o civil no mesmo local. No casamento de Juliana Paes, usei um conto de José Saramago sobre uma aldeia de sua infância em que toda a vida era permeada pelo badalar de sinos. Ouvir o sino interior é a grande lição da vida. Juliana e Eduardo ouviram o sino quando se conheceram.
O senhor se inspira em fontes distintas, de Raul Seixas, Pablo Neruda a Martin Luther King Jr....
Faço uma cerimônia com os quatro elementos da natureza: fogo, terra, água e ar. Está numa música do Raul Seixas, mas é a base filosófica de Empédocles de Agrigento. Como sou professor de Filosofia, utilizo muita coisa. Também Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, Pena Branca e Xavantinho, Geraldo Azevedo, Eliomar, Tonico e Tinoco, Rolando Boldrim, Renato Teixeira, Almir Sater.
Tem uma fórmula para construir o discurso?
É um método. O diálogo entre a teologia e a cultura. Muitos teólogos fazem. Minha originalidade talvez seja fazê-lo em casamentos e relacionar com a vida dos noivos. Gosto de dizer que Jesus ouvia Tom Jobim e, no casamento do Arlindo, disse que Jesus gostava de ouvir Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, ao que o Zeca completou: gostava e gosta. Usei como tema da pregação a pergunta ‘o que é o amor?’, mostrando que nem poetas e nem Rei Salomão conseguiram definir. Terminei lendo a música do Arlindo ‘O que é o amor’ sem dizer que era dele. Todos sabiam e aplaudiram.
O senhor também gosta do universo sertanejo.
Prefiro música caipira raiz. É o mundo de onde venho. Pensei que um dia havia deixado minha terra Jaú, mas ela nunca me deixou. Cito sempre Cora Coralina. Não devemos deixar o quintal de casa.
Qual o local mais inusitado em que o senhor celebrou um casamento?
Faço casamentos em casas, apartamentos, clubes, casa de festas, clube de campo, praia. Houve um em Salvador, na Praia de Itapuã. Fiquei de costas para o mar, os noivos e os convidados olhando o mar. Baianas abençoaram os padrinhos e os noivos e quatro atabaques soaram o tempo todo. Tudo era muito poético e lindo. Foi entardecendo e eu terminei a cerimônia citando Dorival Caymmi. Como não podia deixar de ser.
O senhor está no quarto casamento. Como passa a mensagem de que o casamento é eterno?
Não creio que o casamento seja eterno como instituição. Eterno é o amor. Há grande diferença entre a concepção católica romana e a protestante. Para católicos, o casamento é um sacramento. Para nós, não: é união que recebe a bênção de Deus, mas aceitamos o divórcio. Não significa a banalização do casamento, mas a possibilidade de reconstruir uma nova vida em amor e fidelidade. Sou a favor da vida e do amor. As relações são passíveis de erros e acertos. O casamento também.
Este mês como está sua agenda de casamentos? Outro casal famoso?
Em maio, celebro 10 (contando com o de Arlindo Cruz e Babi). Isso sempre acontece com muito sigilo. Os noivos pedem. Mas a minha agenda para este ano está cheia e para 2013 já está aberta e com muita coisa agendada.
Quanto custa a sua cerimônia?
É algo que não discuto com os noivos de saída. Faço muitas sem cobrar nada, porque gosto e porque é minha profissão. O preço está relacionado com minha agenda, local, tipo de cerimônia. Uma cerimônia em Búzios, em Angra ou em Salvador ou São Paulo não custa o mesmo que no Rio.
Fonte: O Dia Online
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