O monsenhor Giuseppe Ghiberti mostra uma fotografia do Sudário de Turim. Domenico Stinellis/AP
O Sudário vende. Essa parece ser a primeira abordagem adotada pela cidade olímpica de Turim para a exibição pública, nos próximos meses, do sudário que, segundo muitos fiéis, traz a impressão do corpo de Jesus, mas que a maioria dos cientistas considera uma fraude produzida durante a Idade Média.
Pelo menos 1 milhão de reservas de todo o mundo já chegaram para garantir de três a cinco minutos diante do pano que fascina os peregrinos, afirmam os organizadores da exibição que vai de 10 de abril a 23 de maio.
Eles esperam que pelo menos 2 milhões de pessoas visitem o sudário nos 44 dias da mostra. O interesse deverá ser ampliado pela presença do papa Bento XVI, que deve visitar a Catedral de Turim, onde o sudário é mantido, no dia 2 de maio. Visitar o pano é grátis para quem tiver a reserva, que pode ser feita online.
O tempo que cada visitante terá para contemplar o sudário vai depender da lotação da catedral, mas não será maior que cinco minutos, disseram os organizadores.
Tradicionalmente, o público tem um vislumbre do pano a cada 25 anos, mas a exibição anterior, de 2000, ocorreu apenas dois anos depois da penúltima, por conta do significado do milênio para a Igreja Católica.
Embora tenha resistido á abertura da exibição quatro anos atrás, durante as Olimpíadas de Inverno, agora as autoridades eclesiásticas "compreendendo a importância para a economia e o emprego" na cidade, permitiram a nova exibição fora do programa, disse Fiorenzo Alfieri, que encabeça o Comitê do Sudário.
"A mostra representa uma ocasião preciosa para turistas que pretendam incluir Piemonte e Turim em seus itinerários", disseram organizadores.
Recentemente, um pesquisador do Vaticano disse ter usado imagens do sudário, ampliadas digitalmente, para encontrar inscrições em grego, latim e aramaico no pano. Mas céticos afirmam que ele está vendo demais nas marcas indistintas, e lembram que a datação por carbono 14 feita em 1988 sugere que o tecido é do século 13 ou 14. Críticos da datação dizem que o tecido pode ter sido contaminado por material mais recente.
Nos últimos anos, céticos conseguiram demonstrar que uma imagem como a do sudário poderia ter sido produzida por artesãos medievais com o uso de técnicas e materiais conhecidos na época.
O Vaticano evita tratar da questão, alegando apenas que o sudário é um símbolo do sofrimento de Jesus.
O monsenhor Giuseppe Ghiberti, presidente da comissão da arquidiocese de Turim para o sudário, refere-se a ele como "instrumento de evangelização". Ele disse que o Vaticano poderá concordar com uma nova rodada de testes científicos do tecido após a exibição deste ano.
Fonte: Estadão
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