quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Precisamos de uma Reforma já


Por Cristiano Santana

Com toda certeza precisamos de uma nova reforma. Os problemas que afetavam a Igreja medieval, quais sejam: misticismo, indulgências, adoração de relíquias, ritualismo, analfabetismo bíblico e papismo ressurgem agora com toda a força; com uma roupagem nova, porém, com o mesmo espírito.

Misticismo: Assim como o povo medieval era propenso a acreditar em qualquer história fantasiosa contada pelos prelados, também os evangélicos atuais, rejeitando a racionalidade que Deus lhes deu, se deixam levar pela louca imaginação de alguns pregadores que dizem a crentes pecadores e carentes de arrependimento que "um anjo está passeando pela igreja com bençãos materiais numa bandeja." A operação de poderes celestiais no culto é legítima desde o momento em que se baseia em fatos reais e não em invencionices.

Indulgências: Assim como Tetzel atravessava a Alemanha prometendo tirar do purgatório e levar para o céu os parentes daqueles que contribuíssem para a Igreja, também os pastores mercenários da atualidade prometem bençãos inimagináveis àqueles que tirarem o pão de suas crianças para dar ofertas, com a seguinte diferença: esses pastores não só oferecem o céu, mas um paraíso terrestre imediato que só está reservado para o final da história universal.

Adoração de relíquias: Assim como eram oferecidas nas igrejas medievais um pedaço da arca de Noé, uma pena da asa do anjo Gabriel, no contexto evangélico brasileiro vendem-se: um azeite barato de mercado como o óleo de Israel, a água do rio Guandú como a água do rio Jordão, rosas abençoadoras, envelopes da prosperidade, etc.

Ritualismo: Assim como as liturgias medievais se transformaram em rituais áridos, formais, com desdobramentos meramente mecânicos, assim também o que mais se vê nas igrejas evangélicas são os chamados "cultos hipócritas", prestados por crentes irreverentes, que cantam sem emoção, vestidos com roupas decorosas, mas imundos interiormente. Cultos que tem um roteiro "engessado", isto é, predeterminado e inflexível, nos quais não acontecem novidades espirituais.

Analfabetismo bíblico: Assim como a sociedade medieval vivia uma alienação espiritual em virtude da inacessibilidade da Palavra de Deus na língua materna, alienação esta intensificada pela a realização das missas em latim, assim os evangélicos atuais sofrem com o chamado analfabetismo bíblico, com a diferença de que a alienação atualmente é fruto de uma escolha deliberada de próprio crente. Nunca se venderam tantas bíblias como agora. Entretanto, os indicadores da estatística sobre o conhecimento bíblico dos crentes permanece como uma curva tendente para baixo. A Bíblia tornou-se um mero amuleto.

Papismo: Assim como havia a pretensão papal ao reinado universal com a necessária submissão de reis e imperadores à sua majestade, também testemunhamos em nossos dias a existência de líderes evangélicos que absolutizaram o poder eclesiástico. Não se trata apenas de um, mas de vários "papas", cada um tentando prevalecer sobre o outro, com o uso, inclusive, de nefastas alianças políticas. Suas verdades são absolutas e incontestáveis. Qualquer oposição por menor que seja é atribuída a Satanás. A perpetuação no poder para eles é uma questão de honra. Seus liderados evitam qualquer tipo de insubmissão sob pena de serem "excomungados" da panelinha eclesiástica.


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