O atacante israelense Itay Shechter, do Hapoel Tel-Aviv, recebeu um cartão amarelo um tanto inusitado na partida de quarta-feira (18) de seu time contra o Salzburg, da Áustria, válida pelos playoffs da Liga dos Campeões, o principal torneio de clubes da Europa. Após marcar o terceiro gol do time na importante vitória fora de casa, Shechter tirou um quipá – o pequeno chapéu judaico – de dentro da meia, colocou na cabeça e, aparentemente, fez uma oração. O juiz português Pedro Proença não teve dúvidas: mostrou o cartão amarelo para o atacante.
Shechter se mostrou surpreso com a atitude do juiz português e, depois do jogo, vencido pelo Hapoel por 3 a 2, disse que não teve a intenção de provocar os adversários ou qualquer outra pessoa. “Um torcedor no aeroporto me deu o quipá com o escudo do Hapoel no aeroporto e eu pensei em colocar na meia e, se Deus me permitisse marcar eu colocaria e diria Shema Yisrael (“Escuta ó Israel”, parte de uma importante oração dos judeus)”, disse o jogador segundo o jornal Jewish Chronicle. “Eu não quis provocar ninguém, só estava pensando na felicidade de todos os judeus que estavam vendo o jogo pela TV”, afirmou o atleta.
O técnico do Hapoel, Eli Guttman, defendeu o atleta. “Eu não tenho problemas com jogadores cristãos que fazem o sinal da cruz depois de marcarem, então porque Shechter não pode orar como quiser?”, afirmou Guttman.
Apesar da reclamação do Hapoel, o juiz português seguiu as regras da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que proíbe manifestações religiosas por parte dos jogadores. A entidade, que nunca foi favorável a esse tipo de atitude, ficou ainda mais atenta depois da Copa das Confederações de 2009, conquistada pelo Brasil. Ao comemorar o título, jogadores como o goleiro Gomes e os zagueiro Lúcio e Luisão substituíram o uniforme da seleção brasileira por camisas com inscrições como “Eu amo Jesus” e “Eu pertenço a Jesus”.
Na ocasião, o Brasil não foi punido, mas o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, fez questão de dizer que “não há lugar para a religião no futebol”. Durante a Copa do Mundo de 2010, quando as questões nacionais – e às vezes religiosas – poderiam estar mais acirradas, não se viu qualquer manifestação do tipo. A Fifa também pune manifestações comerciais e políticas dos jogadores.
Fonte: Revista Época
-----------------------------