domingo, 20 de fevereiro de 2011

Contra-corrente

A superioridade que eles sentem
e exercem de forma arrogante,
se soma à certeza absoluta
da inferioridade do restante.

Entortam sua sensibilidade,
desdenham o alheio sofrimento
e, em sua sub-humanidade,
a própria crueldade é seu tormento.

Do outro lado é plantada a ignorância
e desejos impossíveis de consumo
fazem o povo de idiota ou de criança
e destróem a esperança em outro rumo.

Os poucos com acesso a demais
desfrutam do roubado à maioria,
alegando direitos tão boçais
que é clara e evidente a hipocrisia.

Usufruir de privilégios, ostentações,
que egoísmo, que vergonha, que maldade!
Apenas desejar tais condições
já demonstra o grau primário da vontade.

Se cada um quisesse e tomasse para si
da vida só o que lhe fosse necessário
ruiria o sistema do egoísmo, e aí
o mundo poderia ser mais solidário.

Com humildade e com dignidade
escolhe a humanidade o mal e o bem,
é preciso trabalhar a sociedade
pra que não se abandone mais ninguém

Se ainda não vivo um mundo assim,
não posso simplesmente ignorar,
não dá pra ver a vida só pra mim,
se quero ter valor no trabalhar.

Sem me conformar, muito menos aderir,
faço meu olhar bem mais profundo.
Observar, absorver, analisar, refletir
e expor tudo em meu trabalho sobre o mundo.

E se e quando eu for de arrasto na corrente poderosa
quero saber que eu andei ao contrário da corrente,
que não vivi atrás de uma vida cor de rosa,
ignorando a injustiça e o sofrer de tanta gente.

Quero saber que lutei o quanto pude,
que não me rendi a pressões nem seduções;
que mantive em minha vida a atitude
de não desejar mais do que preciso
e estar sempre solidário às multidões.


Autor: Eduardo Marinho
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