quinta-feira, 16 de julho de 2009

Removendo as Máscaras!

O que é uma máscara?

Uma máscara é tudo aquilo que esconde ou encobre a nossa verdadeira identidade. É importante ressaltar que algumas máscaras cobrem o rosto; outras tentam disfarçar as atitudes da alma.

De certo modo todos nós usamos máscaras. Aquele que diz que nunca usou uma máscara, possivelmente esteja acabando de afivelar uma no rosto, a máscara da mentira. O problema das máscaras é que elas proclamam uma mentira ou escondem uma verdade. Quando usamos máscaras, as pessoas passam a amar não quem nós somos, mas quem nós aparentamos ser. As máscaras também não são seguras. Por melhor que nós as afivelemos, elas podem cair nas horas mais impróprias e nos deixar em situação de total constrangimento.
Sobreviver diante das dificuldades do mundo atual está cada vez mais difícil. É comum sermos tratados de forma cruel, humilhados, passados para trás em diversos ambientes, como trabalho, escola, vizinhança e até mesmo na Igreja. As máscaras escondem fatores que os outros possam não gostar, apresentando apenas um lado "maravilhoso, perfeito", que todos irão gostar, mas que não corresponde a verdade do que realmente somos.
Você vai dizer: "Então usar 'máscara' é uma HIPOCRISIA?" A resposta é SIM!! Na língua grega a palavra HIPOKRITES (de onde vem a palavra portuguesa "hipócrita") tem o sentido de "ator, fingido, aquele que representa um papel". Era comum, no teatro antigo, o ator utilizar-se de máscaras ao representar. No Novo Testamento não há pecado mais fortemente condenado do que a hipocrisia e, na opinião da maioria das pessoas, não há pecado mais detestado. Veja algumas linhas de pensamento do Novo Tesatamento sobre o "hipócrita", descritas por William Barclay, no livro "Palavras Chaves" (Ed. Vida Nova):
• É o homem que representa e pratica, publicamente, "a bondade teatral" - quer que todos o vejam dando esmolas (Mt 6:2), orando (Mt 6:16). Sua bondade visa a agradar aos homens e não a Deus.
• É o homem que, em nome da religião, quebra as leis de Deus: não ajuda os próprios pais nem os enfermos, dando desculpas religiosas (Mt 15:7; Mc 7:5; Lc 13:15).
• É o homem que esconde seus verdadeiros motivos sob a máscara do fingimento (Mc 12:15; Mt 22:18).
• É o homem que esconde um coração mau sob a máscara da piedade (Mt 23:28). • É o homem que, de tanto enganar os outros, acaba enganando-se a si mesmo com suas previsões erradas (Lc 12:56-57).
• É o homem que, por sua visão distorcida sobre religião, afasta outras pessoas do caminho certo (Gl 2:13; 1Tm 4:2; 1Pe 2:1).
• No fim, hipokrites é o homem sujeito à condenação de Deus (Mt 24:51).

Por que as pessoas usam máscaras?

Algumas pessoas têm sido ensinadas a usar "máscaras" desde crianças. Quando brigavam com os irmãos pequenos eram "obrigadas" a fazer as pazes dizendo que "os amavam", sem que o problema do perdão tivesse sido adequadamente tratado. Com um pouco mais de idade são "forçadas", pelos pais, a mentir ao telefone, dizendo que "papai não está", quando, na verdade, ele está. Nesse contexto, as crianças são ensinadas a também usar "disfarces" para os problemas que enfrentam em sua vida. Outras pessoas utilizam-se de "máscaras" para compensar complexos de inferioridade. Acham que, se os outros as conhecerem como realmente são, não irão gostar e certamente se afastarão. Assim sendo, vivem uma vida que realmente não corresponde à verdade do que são. Existem ainda as que usam "máscaras", alegando que isso é "uma exigência de nossa sociedade supercompetitiva". Nesta sociedade não se podem revelar as "fraquezas" que qualquer ser humano tem. É preciso mostrar-se sempre "forte, seguro e corajoso". Qualquer demonstração de estar inseguro será aproveitada por seus "adversários", que estão prontos e aguardando o momento de ocupar o seu lugar.

Tipos de Máscaras

Intectual – Prefere ler sobre a vida a vivê-la. Está sempre mais ligado às tarefas intelectuais do que às sociais. É muito importante ter o conhecimento, mas ele existe para que o coloquemos em prática, produzindo algo de bom ao mundo em que vivemos. Não é um fim em si mesmo.
Brincalhão – Prefere fazer uma piada ou brincadeira, justamente para evitar uma situação séria. Embora geralmente seja pessoa agradável, muitas vezes está fugindo da necessidade da resolução séria de alguns problemas.
Frágil, não me toque! – Supersensível, chora por tudo, exige tratamento especial. Muitas vezes age assim para não ter avaliação severa dos amigos e colegas. Com essa máscara ninguém terá coragem de magoá-la (o).
Eu sou demais! – Quer atenção. As conversas devem, preferencialmente, girar em torno de si mesmo. Acha-se "o máximo". Muitas vezes esta atitude extrema na verdade esconde um problema de BAIXA auto-estima.
O mátir – Possui complexo de perseguição. Pensa que todo o mundo está falando a seu respeito. Não confia em ninguém.
O dominador – Controla a vida das pessoas. Durão (ou durona) e egoísta. É descuidado justamente com as pessoas que ama.
O mau humorado – Está sempre se queixando. É uma pessoa ranzinza. Possui uma longa lista do que o(a) incomoda. Muitas vezes está querendo é atenção por sentir-se isolado (a).
O indeciso – Tem medo de cometer erros. É uma pessoa confusa, não consegue resolver coisa alguma. Acha que se não tomar nenhuma decisão nada sairá errado e ele estará a salvo. Não está enfrentando as realidades da vida.
O pavio curto – Pessoa que, por qualquer coisa, fica brava e explode. Vive como se tivesse um aviso no peito: "Não se aproximem de mim. Não quero mostrar quem sou."
O fofofqueiro – Aumenta sua auto-estima minando a estima dos outros. Diminuir os outros eleva o seu "status". Gosta de relatar as más ações dos outros, para não enxergar as suas.
O messias – Crê que, para ser aceito, precisa atender a todos. Imagina-se o salvador do mundo. Ao invés de incentivar os outros a usarem a força que têm, oferece a sua. Vai até a ponto de "estourar-se", pois quer ajudar todos e acaba caindo num estresse total.
O sonhador – Cria seus próprios sonhos e fantasias. Ambiciona mais do que suas habilidades podem alcançar. Sonha muito e produz pouco.
O preguiçoso – Vive adiando compromissos. Deixa para depois o que pode fazer agora. Faz o "jogo do empurra" em compromissos inadiáveis. Além de irresponsabilidade, demonstra a irrealidade de que alguém "venha e resolva o problema" em seu lugar.
O "vale tudo" para me dar bem – Esta máscara usa de todos os meios para subir na vida. Tem o princípio de que "os fins justificam os meios". Causa profundas feridas morais e espirituais em si próprio e em outras pessoas. Acha que o que importa é estar entre os melhores, mesmo que isso signifique suborno, injustiças, adultérios, etc.

Máscaras Religiosas

É sempre bom lembrar que essas "máscaras" de aparência religiosa não tem nenhuma semelhança com a real e genuína experiência de vida cristã. Entretanto encontramos, até na Bíblia, a informação de pessoas que utilizaram "máscaras espirituais”:

Máscara do superespiritual – É o caso de Moisés, que, quando foi receber os Dez Mandamentos, teve seu rosto iluminado pela glória de Deus. Ao descer para falar ao povo percebeu que a luminosidade estava acabando. Colocou então um "véu" para que o povo não percebesse que a luminosidade estava terminando. Quis manter um pouco mais a condição de "homem iluminado". Mas Deus viu a intenção de seu coração e a Bíblia "denunciou" isto em 2Co 3:13: "E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que desvanecia."
Máscara do abuso de autoridade – Este foi o rei Saul, que ficou impaciente com a demora de Samuel (1Sm 13:8-12) e resolveu ele mesmo tomar a frente no sacrifício que seria feito. A ordem de Deus era para esperar Samuel para que este fizesse o culto e sacrifício (1Sm 10:8). Mas, possivelmente, Saul pensou que, "sendo autoridade máxima" em Israel, não poderia ficar esperando por um "simples juiz" como Samuel. Deus o repreendeu e o castigou com a perda do trono de Israel (1Sm 13: 13-14). O fato de ter a autoridade de um rei não lhe dava o direito de desobedecer às ordens do Senhor. Mesmo com essa repreensão, Saul não aprendeu a lição pois, em outra ocasião, ele novamente "mudou" as ordens do Senhor e foi definitivamente rejeitado como rei (1Sm 15).
Máscara da oferta mentirosa – O caso de Ananias e Safira (At. 5:3-4). Eles nem precisariam dar a oferta, pois era voluntária. Mas, ao dá-la, disseram que estavam dando todo o produto da venda, mas estavam mentindo. A "máscara mentirosa" foi exemplarmente punida por Deus.

Removendo as Máscaras

Em última análise, a "máscara" é uma mentira. Contra a mentira só cabe a Verdade. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida que vale a pena ser vivida (Jo 14:6). Nós, que já aceitamos Cristo (a Verdade) como o Senhor de nossa vida, devemos desenvolver, em nossos relacionamentos, a sinceridade. O Senhor sabe como verdadeiramente somos. Ele sabe o que está em nosso íntimo antes que a palavra chegue à nossa boca. "Sonda-me ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (Sl 139:23-24). Deus não nos criou para vivermos usando máscaras que escondam a verdade de quem somos. Deus nos ama e se dispõe a ajudar-nos, pois ele conhece o mais íntimo do nosso ser. É hora de nos voltarmos para o Senhor, pois ele tem prazer em nos conduzir e a nos ensinar a permanecer em todo o caminho da verdade.
A vida cristã é uma contínua remoção das máscaras. A Bíblia diz que onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade, não liberdade para fazer o que queremos, mas liberdade para vivermos na luz. Pela obra de Cristo e pela ação do Espírito, podemos viver sem máscaras, sendo transformados de glória em glória.