Após quatro anos de estudo, os 35 primeiros bacharéis da Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) estão prontos para a formatura. Localizada na zona sul de São Paulo, é primeira do tipo a ser credenciada e reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Durante a graduação, os alunos cursaram Sociologia, Psicologia, Filosofia, Ciências Políticas, Matemática, Artes e Lógica.Também estudaram anatomia, botânica, administração templária e sistemas filo-religiosos. "Estudamos a teologia da umbanda com um enfoque multidisciplinar, passando pela ciência e pela religião e resgatando a cultura popular. O umbandista é o mestiço brasileiro e a faculdade é a valorização dessa cultura", afirma o coordenador do curso, Roger Soares, médico especializado em didática de ensino.
Com duração de quatro anos, o curso não é organizado apenas com apresentação de aulas teóricas. Os alunos também aprendem a preparar os rituais e conduzir as cerimônias tradicionais da umbanda, religião que mescla elementos africanos, indígenas, católicos e espíritas.Desse modo, manuseiam ervas e folhas secas, tradição de uso dos elementos da natureza provavelmente originada em conhecimentos indígenas. Acreditam na reencarnação e na comunicação com entidades transcendentais, assim como os espíritas. A influência africana aparece nas roupas usadas, nas músicas e na presença dos orixás.
No entanto, a proposta do curso não é formar pessoas para comandar templos umbandistas - apesar de os formandos terem capacidade para fazer isso. "Formamos bacharéis em teologia, que podem dar aulas na educação básica, como qualquer outro formado em teologia tradicional. Ele pode também ser pesquisador de religião, continuar seus estudos num curso de pós-graduação", esclarece Soares.Ao menos nessa primeira turma de formandos, o interesse não é usar o diploma obtido no mercado de trabalho: todos os alunos já vivem de suas profissões ou exercem outras atividades. "Sou advogado e sou umbandista. Há muitos anos freqüento um terreiro em Guarulhos. Mas, só depois da faculdade, compreendi muita coisa da minha própria religião", resume Raimundo Santos de Rosa, de 54 anos.
Fonte: www.ftu.edu.br