sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pastor Marcos Pereira atribui ao ‘demônio’ as acusações de envolvimento com o tráfico

Pastor Marcos Pereira deixa a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) após mais de cinco horas de depoimento

O pastor Marcos Pereira, investigado pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) por envolvimento com o tráfico, estupros e encenações de cura pela fé, rebateu as acusações com os mesmos argumentos usados nas pregações para converter bandidos nas unidades prisionais do Rio. O líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, ouvido na tarde desta quarta-feira na sede da Dcod, no Andaraí, atribui as acusações feitas por José Júnior, coordenador do AfroReggae, à ação do “demônio”. Ele deve ser ouvido mais uma vez, nas próximas semanas.

Depois de mais de cinco horas de depoimento, ele deixou a delegacia por uma saída lateral, por volta das 16h, exibindo fundas olheiras. Enquanto um carro preto com os vidros filmados aguardava pela sua saída, não se importou em posar com um sorriso ao lado de um homem e uma mulher, que pediram para tirar uma foto ao seu lado, pelo celular.

— O que você quer falar, filhinho? — perguntou, ao se aproximar do carro.

O pastor disse que as acusações são falsas. Lembrou do trabalho social que faz. Mas se corrigiu rapidamente, olhando para o lado, com o tom de voz mais baixo: “que a igreja faz”. Em seguida, arqueou as sobrancelhas para falar dele mesmo na terceira pessoa como “um homem sério, contra o crime” e sentou no carona.

Questionado sobre o que teria motivado as acusações, repetiu, antes de fechar a porta, uma frase dita por um dos homens dentro do carro:

— Demônio puro!

Durante as cinco horas de depoimento, era aguardado por duas pessoas, no corredor da delegacia: um homem e uma mulher com os cabelos presos, que usava um vestido longo até os pés, conhecido na igreja como roupão, e se apresentou como secretária do pastor. Com um celular na mão, ela recebia ligações a todo instante, de fieis ansiosos por informações.

O pastor só passou três vezes pelo corredor. Até quando foi ao banheiro, estava acompanhado pelo representante. Após dizer que não poderia falar, a justificativa foi complementada pelo advogado, que falou sem ao menos reduzir o ritmo dos passos.

— É sigiloso o inquérito.

Ele foi o oitavo representante do pastor em quase dois meses de idas e vindas. Na semana passada, por exemplo, uma advogada foi à delegacia para dizer que o pastor só se apresentaria num prazo de um mês. Na última sexta-feira, o advogado que acompanhou o pastor foi à delegacia e marcou a data do depoimento.



Fonte: Extra Globo
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