sábado, 24 de agosto de 2013

Cristãos são alvos de ataques em Bangui

"Não há um único dia sem a descoberta de um corpo no rio Ubangui. No início de agosto, radicais pararam um veículo comercial e executaram todos os passageiros. Que angústia! Em Bangui, contamos mais de 100 homicídios em uma semana. Isso sem mencionar os assassinatos no interior ou o estupro contínuo de mulheres. Essas cenas me oprimem. Às 18 horas, todos já estão em seus lares, mas, apesar disso, eles chegam para nos levar e matar”.

Estas foram as palavras de uma fonte da Portas Abertas em Bangui, capital da República Centro-Africana. Neste relato, são reveladas as realidades terríveis de civis por todo o país e as condições precárias daqueles que escolhem seguir a Cristo.

Seu lamento foi manifestado no início do mês, quando Fatou Bensouda, promotora do Tribunal Penal Internacional (TPI) expressou sua profunda preocupação a respeito do agravamento da situação de segurança na República Centro-Africana e de relatos de crimes cometidos no país. Ela observou, em sua declaração, que os resultados de uma missão recente, realizada pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) “parecem confirmar que crimes que podem ser abrangidos pela jurisdição do Tribunal Penal Internacional continuam sendo cometidos na República Centro-Africana, incluindo ataques contra civis, assassinatos, estupros e recrutamento de crianças-soldados”.

Cristãos são alvos de ataques

Não há falta de provas para a ilegalidade que persiste no país desde o golpe de Michel Djotodia e sua coligação, Seleka. Cristãos dizem que soldados do grupo Seleka continuam a realizar execuções sumárias, mutilações e outras atrocidades, como estupro e roubo em larga escala, tendo minorias como alvo específico. Não é possível afirmar que, necessariamente, os cristãos na República Centro-Africana têm sido alvo especificamente por conta de sua fé, mas pode-se dizer facilmente que eles são alvo de hostilidades.

Em 14 de julho, uma briga entre um soldado Seleka e um comerciante local em uma aldeia cristã denominada Gbdalamo, que fica a 45 km de Mobaye, deixou 35 mortos e 9 casas destruídas. Os dois homens discutiram por conta de dinheiro e, quando o comerciante se recusou a pagar ao soldado, foi baleado nas pernas. O comerciante, em contrapartida, esfaqueou o soldado até a morte. Soldados Seleka reagiram reunindo um contingente de militantes e saindo enfurecidos pela cidade. Os aldeões fugiram para a floresta, mas foram caçados e mortos impiedosamente. Os jornais locais declararam que este ato foi uma provocação e um massacre. 

Na cidade de Kouango, prefeitura de Ouaka, um homem chamado Coronel Balaka é conhecido por sua brutalidade. Ele também tem saqueado constantemente as igrejas. Uma garota cristã de 12 anos chamada Chancela Gbodéka, de Kouango, tornou-se recentemente uma de suas vítimas. Ao saber que ele estava se aproximando, ela não fugiu porque queria proteger seu pai doente. Quando o “Coronel” a descobriu ali, ele a estuprou. No dia seguinte, ele a viu no mercado e a estuprou novamente, em público. Quando ele veio procurá-la no terceiro dia, ela foi obrigada a abandonar seu pai e fugir pela janela. Em uma tentativa de forçar seu pai a trazer a filha de volta, o “Coronel” o fustigou severamente. Aterrorizados, os vizinhos levaram-no, depois, para a floresta, com medo de que o homem retornasse para torturar o pai.

Duas garotas cristãs, Arlette (16) e Louisette (16), de Bangui, enfrentaram uma situação semelhante. Soldados Seleka estupraram as duas colegas de escola no bairro Saïdou quando elas voltavam do colégio para casa.

Mais duas jovens cristãs que costumavam vender alimento em um mercado em Bangui também não conseguiram escapar. Rebeldes estupraram Anita (16) e Divine (14) no dia 3 de julho.

“Ninguém está cuidando das vítimas, e os agressores são deixados impunes. Não há lugar para receber essas garotas, abrigá-las, ajudá-las psicologicamente a se recuperarem desse trauma. Além disso, não há justiça para prender os agressores”, comentou nossa fonte.


Fonte: Portas Abertas Internacional
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