sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Procura-se uma Igreja

Procura-se uma igreja que use a Bíblia Sagrada do jeito que era usada no passado não muito distante. Que use a Bíblia como revelação de Deus. Aliás, uma boa bíblia tradicional e fiel, e não as publicações “à la carte” (bíblia para idosos, para jovens, para gays, para empresários, etc.). Não importa que tenha capa preta e letras de tipos antigos. Não importa que uma ou outra palavra precise ser consultada no dicionário. Afinal, a Bíblia deve servir também para aprimorar os conhecimentos de seus leitores. Que use a Bíblia acreditando nela. Confiando em seus escritos, linha por linha, letra por letra. Que creia em sua inerrância e em sua total confiabilidade. Que a use no púlpito, não por pretexto para eventos sociais, políticos ou comerciais, mas como Palavra de Deus, revelação divina para todos os povos.

Procura-se uma igreja que… tenha púlpito. Sim, porque o tablado das igrejas tem abrigado toda sorte de coisas, menos um púlpito. Lá encontram-se baterias, guitarras, pandeiros, atabaques, porta-microfones, câmeras, luzes, castiçais de Israel, óleos de Jerusalém, cartazes comerciais, “links” ao vivo para a tv e internet, mas dificilmente se encontra um púlpito. Para aqueles que não estão familiarizados, púlpito é aquele móvel que os pastores antigamente usavam para colocar as suas bíblias e pregar a Palavra de Deus. Usualmente era colocado no centro da plataforma, numa disposição que alcançasse a todos os presentes, ou mesmo em um dos lados, no alto. O lugar era mais ou menos aquele onde estão os “levitas” ou os animadores do “auditório gospel”. Encontram-se muitos desses móveis antigos nos “museus eclesiásticos”.

Procura-se uma igreja com templo. Não precisa ser um grande templo, nem um pequenino templo. Não precisa ter torre, relógio e cruz, nem tampouco ter um órgão de tubo e um vestíbulo. Apenas um templo, um lugar reservado para adoração a Deus, um lugar onde as pessoas se consagrem para a oração, a meditação, o respeito e a dedicação a Deus. Geralmente encontram-se ex-templos onde hoje estão casas lotéricas, açougues, mercados ou agências bancárias, porque as igrejas que os usavam acabaram por alugar grandes auditórios, cinemas, fábricas, pizzarias ou ginásios esportivos. O templo tornou-se tão obsoleto quanto a adoração tradicional bíblica. O templo não era adequado para a atual “aeróbica cristã”, que faz com que os participantes suem tanto quanto uma boa aula de ginástica.

Procura-se uma igreja que tenha um templo, seja de tijolos, de barro ou de bambus, mas que seja “Casa de Oração”, lugar de adoração, de reverência, de alegria espiritual, de encontro com Deus. Se for grande, muito bom. Se for pequeno, bom também. Se tiver ar condicionado, ótimo. Caso contrário, não haverá problema, desde que o povo tenha consciência de que “a minha casa será chamada CASA DE ORAÇÃO”. (citação das palavras de Jesus em Mateus 21.13).

Procura-se uma igreja que cante hinos. Uma igreja que ainda ouse usar um “Cantor Cristão”, um “”Hinário para o Culto Cristão”, um “Hinário Evangélico,” uma “Harpa Cristã”, um “Melodias de Vitória”, um “Salmos e Hinos” ou outro hinário que contenha as preciosidades da hinódia evangélica. Uma igreja que ouse cantar coisas que vão de encontro à música chamada “do momento”, e ao encontro do coração de Deus, em adoração firmada em verdades da Palavra do Senhor, e não em palhas e restolhos de emoção fútil. Uma igreja que ainda use os hinos publicados em forma de ivrinho, não apenas um retroprojetor com transparências, que priva as pessoas de levarem a letra para casa e estudá-la, decorá-la, entoá-la em sua devocional particular. Uma igreja que cante “Rocha Eterna”, “Fala, Deus”, “Bendita a Hora de Oração”, “Vamos à Igreja”, “Já Refulge a Glória Eterna”, “A Doce Voz do Senhor”, “Tu és Fiel”, “O Rei Está Voltando”, “Grande é Jeová”, etc. Uma igreja que embase o que canta na Palavra de Deus, rejeitando cânticos que não têm razão de ser, como os que dizem que Deus está “passeando” (estaria Ele de férias?) “Agarre as penas das asas dos anjos” (seriam eles galinhas despenando?) , “Dá-me a mão e meu irmão serás” (é tão simples assim? Nem de Cristo se precisa?). Uma igreja que não tenha um “hit parade”, ou um índice das “10 mais de hoje”, mas cante coisas de ontem, de hoje e de sempre, concretas, profundas e ermanentes.

Procura-se uma igreja de gente renascida. Não reencarnada, pois reencarnação não existe (cf Hebreus 9.27). Mas uma igreja de gente que foi regenerada pelo novo nascimento, através de sua conversão à Cristo (Cf. João cap. 3 e II Co 5.17). Uma igreja que abre as portas para o povo do mundo, mas coloca um aviso: “o pecador é bem-vindo; o pecado não!”. Uma igreja que tenha gente que leve a sério o que aprende, que pratique o que ouve ser pregado, que procure ser “luz do mundo” e “sal da terra”, que manifeste as “virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Uma igreja de gente que não fume. Gente que não beba álcool. Gente que não use drogas. Gente que não fale palavrões. Gente que não seja escravizada pelo entretenimento, que não toma a forma do mundo, mas que renova dia a dia o seu entendimento pela Palavra da Verdade. Uma igreja que não tenha receio de firmar posturas indigestas à maioria das outras igrejas, como exigir de seus membros uma vestimenta decente, um namoro moralmente aceitável, um casamento que possua “leito sem mácula”, uma fraternidade construtiva, cidadãos cumpridores de seus compromissos, crentes honestos em suas transações. Uma igreja que pregue o que é certo e viva o que pregue.

Procura-se uma igreja que tenha amor não fingido. Uma igreja que não faça acepção de pessoas. Que não faça uma entrada “só para automóveis”, para evitar que crentes pobres ou sem condução congreguem ali. Uma igreja que não coloque os crentes bem sucedidos nos bancos da frente, e reserve os últimos assentos para os pobres e os inexpressivos socialmente. Uma igreja que não dê assistência apenas para os que têm polpudos salários, desprezando os que contribuem apenas com três míseras moedas de centavos. Uma igreja que não trate seus membros pelo grau de instrução, dignificando o douto e desprezando o inculto, uma igreja que use de amor, misericórdia e atenção para com todos. Uma igreja que não tenha duas leis, dois pesos e duas medidas, disciplinando severamente os que não fazem diferença no orçamento mensal, e encobrindo os adultérios, as desonestidades, as falcatruas, as maledicências e os muitos pecados dos mais ricos. Uma igreja que não coloque um político no púlpito e uma pobre velhinha malcheirosa no canto, junto à porta de saída.

Procura-se uma igreja que tenha pastor. Mas não um pastor do tipo “profissional da área religiosa”, mas “profissional da área celestial”. De preferência um pastor que não tenha especialização em vendas, “tele-marketing” , venda de consórcios ou carnês do baú. Também não precisa ser especialista em análise de mercados e doutor em planos mirabolantes de crescimento de igreja. Procura-se uma igreja cujo pastor esteja mais interessado em pastorear cada um como um filho, que contar cada um como um número. Esse pastor poderia ser até de origem humilde, sem o grau de “latus census” ou “restritus census”. Que tenha apenas “bom census” de levar a sério o seu chamado de “ganhador de almas, amigo do rebanho, pregador da Palavra, intercessor em oração pela sua comunidade, porta-voz da sã doutrina, líder respeitado, manso e cordato”, porém, peremptório em suas afirmações. Um pastor que tenha cara de pastor, coração de pastor, postura de pastor, vida de pastor. Que use a bíblia, não o “manual de igrejas do sucesso” ou “plano de restauração do propósito do discipulado dos grupos da unção” , ou quaisquer outras inovações evangélicas que estejam em alta BMIF – Bolsa de Mercadorias de Igrejas com Futuro. Procura-se um pastor que esteja de joelhos diante do Pai, pois é a única forma de não cair; um pastor que sorria com os que sorriem, chore com os que choram, que visite o pobre, e também o rico; que ame o bonito, e acolha também o feio; que se importe com a dor de um idoso e com a alegria de um jovem. Um pastor que diga a verdade, pela bíblia, doa a quem doer, sem, contudo, jamais perder a ternura. Um pastor que não busque a glória dos homens, mas a glória de Deus; que não esteja de olho nas recompensas terrenas, mas nas celestiais. Um pastor que saiba ser homenageado, rendendo glórias a Deus, e saiba também resignar-se quando for esquecido. Um pastor segundo o coração de Deus.

Procura-se essa igreja.

Aos que souberem o seu paradeiro, favor ligarem para os crentes de bom senso, notificando o achado. Talvez não restem muitas dessas por aí. E me avisem também, para que eu saiba para onde ir, se acaso precisar”.


Fonte:Fim dos Dias
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