quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sou um Pastor Desviado

Descobri que sou um pastor desvido, e para piorar sou um desviado assumido. Não gosto de títulos, aliás acho engraçado a “briga” para ver qual denominação tem o “maior” título, antes era apenas pastor, daí ficou simples, sem graça, e “subiram” para bispo, mas hoje já existem muitos bispos, com isso ressussitarm os “apóstolos”, agora já está surgindo o “pai-póstolo” (esse deve ser chique mesmo...rsrs), e creio que o próximo será “semi deus”, pois é isso que eles pensam, são “deuses” entre simples mortais. Jesus, “coitado” era apenas um bom pastor (João 10:11).

Além de não querer nenhum desses (o dia que me virem com um desses nomes, por favor me internem, será sinal de loucura total), não gosto nem mesmo de pastor, pois aprendi que título nunca fez ninguem ser, o fato de sermos é que nos faz alguém, sendo um pastor, não preciso que me chamem pelos títulos, pois as pessoas verão isso, acho ilário quando alguns pastores exigem que sejam chamados de pastor ou reverendo “fulano de tal”, penso por que será esse desejo, talvez seja a única coisa que a pessoa “conquistou” em sua vida. Na verdade nem missionário eu gosto muito, pois creio que TODOS somos missionários, temos que ser, o “ide” é para todos, a diferença, é que eu escolhi ficar em tempo integral e ir em um outro povo falar da graça salvadora de Deus, não é porque todo o meu tempo é focado para isso que sou mais missionário ou mais santo que outra pessoa, pois é, portanto podem me chamar apenas de Fábio.

Terno?? To fora, também não entendo porque o Brasil, um país tropical precisa usar terno. Reverência, respeito?? Vamos falar sério, que desculpinha, hein..... Deus quer reverência, respeito em nossos corações, aliás, não entendo como preguei cerca de 3 anos na minha igreja de terno..., aliás entendo, pura vaidade, eu gostava, mas sabendo que o culto que Deus mais se agradava é aquele que o nome dEle é honrado, as pessoas mudavam a vida, vi a necessidade de me aproximar mais das pessoas, mostrar que eu era igual a eles, finalmente aposentei o terno.

Sou um pastor desviado até nas visitas, em 7 anos pastoreando foram poucas vezes que sentei em uma casa, chamei todos li a bíblia, expliquei o texto orei e fui embora, geralmente conversávamos de tudo, em muitas conversas citando a bíblia sim, muitas risadas, ou conversas sérias, as vezes com um gostoso pedaço de bolo até mesmo churrasco, geralmente antes de ir embora orava agradecendo, embora nem sempre, com certeza tenho ótimas lembranças de muitas destas visitas, e sei que foram visitas abençoadas. Se eu ficasse apenas nos “usos e costumes” eu seria “meio” desviado, mas teologicamente sou completamente desviado.

Não creio que pastor, bispo ou qualquer outro título HUMANO, deixe alguém em nível superior, não sou “super homem” “super crente”, não estou em nenhum patamar mais elevado do que aquela pessoa que toma dois ônibus, senta no último banco e não abre a boca. Sou igual a todos, sujeitos a mesmas falhas, totalmente dependendo da graça e misericórdia de Deus em minha vida, sou humano, graças a Deus, falho graças a Adão e a mim, e resgatado graças a Jesus.

Sou pastor desvidado, porque não prego teologia da prosperidade, não vivo a moda da unção (riso, animais, cair, levantar, vomitar e por aí vai...), não barganho o evangelho para ganhar almas, como também não dou desculpas criticando tais igrejas para justificar fracasso ministerial (algo que vejo muito no meio tradicional), creio sim, que Deus cura, restaura, renova, creio em milagres, pois o maior milagre já é a salvação, mas creio que o Deus das bênçãos é bem maior do que as bênçãos de Deus.

Sou pastor desviado porque não vejo pessoas como clientes onde tenho que oferecer a melhor “oferta” para não perdê-lo para a concorrência (hoje em dia existem igrejas que até prometem emagrecer durante o culto, dízimo a vista 8% e aí vai as barbaridades em nome de Deus). Também não vejo pessoas como doentes, em que como pastor devo apenas cuidar, dar a “manutenção” para assim ir tocando a igreja. Vejo pessoas como humanos que carecem da graça de Deus, onde tenho a obrigação de fazer um culto onde o convertido saia pensando como melhorar a sua vida, o não cristão saia pensando em Deus e para isso não tenho que fazer o culto como eu gosto, da minha maneira e sim como Deus quer. Estilo de liturgia?? Cada lugar tem a sua necessidade diferente.

Sou pastor desviado porque “to de saco cheio” dessa briga de tradicionais com pentecostais, esses tema como: “tira bateria, é do diabo, pode ou não pode dançar na igreja, bater palma é bíblico ou não, oração em línguas ainda existe? Devemos cantar hinos ou corinhos”. Sinceramente não aguento mais, para mim esta é a pior desculpa que um crente pode dar para não trabalhar na obra, brigando por mesquinharia e futilidades.

Sou pastor desviado porque com tudo isso descobri que não sou tradicional, mas amo a nossa história e creio na importância de se aprender com ela (gosto de hinos, sou fã de Vencedores por Cristo), não sou pentecostal, mas creio no pentecostes, e muito menos liberal, mas sou livre em Cristo.

Agora para piorar tudo isto, eu sou um pastor desviado que não quero me “des” desviar, prefiro caminhar na graça de Deus, pregar deste Deus aqui na Rússia, no Brasil, onde Deus me permitir, sendo apenas eu, alguém que acredita na redenção de Cristo, pois um dia ela me alcançou e transformou a minha vida, e a única coisa de boa que tenho em mim é graças e por Deus...

Antes de encerrar, gostaria de dizer que conheço pessoas e igrejas sérias em nosso país, pastores tradicionais que pregam de terno de gravata como o pastor Pedro Alves que é exemplo de vida para mim, como a sua querida igreja, também conheço pastores de linha pentecostal como o pastor Wilson de Divinópolis que vive uma vida de fé sendo usado para resgatar vidas que ninguém mais se importa, mas pastores e igrejas como estas infelizmente não representam a maioria dos Protestantes, pois hoje a grande maioria “protesta” em causa própria, é lógico, em nome de Deus para não perder a “clientela”.


Fonte: Fabio Diniz em seu Site
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