terça-feira, 14 de junho de 2011

Prudência

Há um limite imperceptível
Entre a prudência e a covardia.
Chamamos de prudência a segurança e a fraqueza.
Chamamos de prudência o não comprometer-se,
O não arriscar nada que seja pessoal.

Acreditamos que a prudência aumenta com a idade;
Sem perceber que com ela aumenta também o conformismo.
Todos nos falam de prudência, Senhor;
Mas de uma prudência que não vem de ti,
Que é em vão buscarmos em teu evangelho.

Jesus Cristo, te damos graças
Porque tu não foste prudente,
Nem diplomático;
Porque não se escondeu para escapar da cruz,
Porque encarou os poderosos,
Sabendo que arriscava sua vida.
Os que te mataram, estes foram os prudentes.

Não nos deixe ser tão prudentes
Ao ponto de querer agradar a todos.
“Tua palavra” é cortante como faca de dois gumes.
Juntamente com as bem-aventuranças,
Também pronunciaste maldições;
És um texto subversivo.

Não queremos uma prudência que nos leve a omissão,
E que nos livre da prisão.
A terrível prudência de abafar o grito dos famintos e oprimidos.
Dá-nos sinceridade para não chamar a covardia,
O conformismo e a comodidade de prudência.

Ser cristão não é prudente.
Não é prudente “vender tudo o que se tem e dar aos pobres”.
É imprudente entregar a vida para Deus e pelos irmãos.
Que ao sentirmos a tentação da prudência,
Nos lembremos que tu “escolheste

a fraqueza do mundo para derrotar os fortes;
e aos tolos para confundir os sábios”.
Porque a prudência do mundo é inimiga de Deus.


Autor: Luis Espinal
-----------------------