Você se considera supersticioso? Ainda não sabe ao certo? Bem, nas linhas abaixo tentarei ajudá-lo (a) a responder a esta pergunta. Francisco da Silveira Bueno, em seu Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, definiu "superstição" nestes termos: "falsa crença, temor reverencioso de certos objetos, gestos, palavras, animais considerados capazes de dar azar".
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas, a verdade é que a superstição está presente na vida do brasileiro desde o seu nascimento até a sua morte. Muitos acreditam, por exemplo, que se a barriga de uma gestante possuir um formato redondo, isso indica que nascerá uma menina. E se, por outro lado, a barriga for pontuda, o bebê será um menino. Além disso, acredita-se que enterrar o cordão umbilical de um recém-nascido na soleira da porta faz com que a criança seja caseira. Outros ainda crêem que se uma criança sorri enquanto dorme, é porque ela está conversando com um anjo. Já na fase mais adulta, dizem que a moça que varre bem a sua casa irá se casar com um homem bonito. Há também quem diga que coar café em meia usada pelo namorado dá em casamento (Isso se a namorada sobreviver após ter dado uns goles!). Além do mais, quem é que nunca ouviu falar que o noivo não deve ver a sua noiva vestida em traje nupcial antes do casamento, pois senão isso atrai azar ou infelicidade para o casal?! Ora, por fim, a nossa religiosidade brasileira, saturada de elementos religiosos sincréticos, ainda diz que o grasnar de um corvo anuncia a morte, que o doente que encomendar o próprio caixão custará a morrer e que sonhar com dente arrancado também prenuncia a morte.
E como se isso tudo já não bastasse, ainda temos que tomar cuidado para não passarmos debaixo de escadas, não quebrar espelho e não cruzar com gato preto, dentre tantas outras coisas, pois tudo isso dá azar. Por outro lado, se você quiser atrair a sorte, basta pendurar um galhinho de arruda na orelha, ter uma ferradura usada em casa, carregar um trevo de quatro folhas consigo, portar dentes de alho, levar uma figa, ou ainda trazer um pé de coelho, pois tudo isso dá sorte (menos ao coelho, é claro, que teve a sua pata amputada neste último caso!).
Contudo, a esta altura você deve estar se perguntando: "mas o que eu tenho a ver com tudo isso? Eu sou crente e, portanto, não tenho nenhuma dessas superstições". Bem, se você não possui nenhuma dessas superstições, acredito que, pelo menos, você conhece quem as têm. Porém, não são somente os não-crentes que são supersticiosos. O fato é que muitos crentes também possuem algumas superstições que, quando analisadas mais friamente, parecem não ser tão diferentes assim das citadas acima. Quer ver só?
Muitos cristãos evangélicos acreditam: que ser "cristão" significa ir à igreja aos domingos; que a oração feita pelo pastor tem mais "poder" que a oração feita por "membros comuns"; que quanto maior for o "grito" do pregador no púlpito durante a pregação, mais ungido ele é; que se as coisas estão dando errado na vida, é porque há algum "pecado oculto"; que falar em línguas durante o culto é sinal de espiritualidade; que quem se dirige ao monte para orar vê gravetos incandescentes; que para ouvir a voz de Deus em momentos difíceis, basta abrir a Bíblia aleatoriamente em qualquer página e, onde o seu dedo parar, é só ler o texto "divinamente indicado", pois Deus falará poderosamente; que pecados na área sexual, como o adultério, por exemplo, são mais graves do que outros tipos de pecado; que dizer as palavras mágicas: "o sangue de Jesus tem poder!", funciona como um mantra gospel que tem o poder de repelir os demônios; que os elementos da Santa Ceia, pão e vinho, são tão santos que todas as suas sobras, se houverem, devem ser literalmente enterradas depois da celebração litúrgica; que subir ao púlpito sem paletó e gravata diminui a unção do pregador (nesse caso, coitado de Jesus que não tinha nem um e nem o outro!); que deixar a Bíblia aberta em casa (e tem muito crente que faz isso!) afasta os demônios; que quanto mais ofertarem na Casa de Deus, mais "poder de barganha" terão com ele; que o culto só é abençoado quando sentem algum tipo de sensação espiritual, tal como um "arrepio" em alguma parte do corpo, por exemplo; e que, finalmente, Satanás e os demônios são os responsáveis por certos comportamentos negativos que os seres humanos apresentam, os quais, na verdade, são fruto do livre-arbítrio destes últimos. Daí repreenderem, por exemplo, os "espíritos" de inveja, medo, ódio, adultério, fofoca, mentira etc. Será que você não conhece ou nunca conheceu algum crente que possui estas falsas crenças ou esse temor reverente por tais crenças? Sinceramente, duvido que a sua resposta será "não".
Acredito que se tais superstições ainda florescem em muitas de nossas igrejas, isso ocorre porque o povo de Deus não está sendo ensinado como deveria nos rudimentos do Evangelho de Cristo. Onde a fé consistente em Cristo vascila - e a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17) - aí crescem as ervas daninhas dessa nossa "superstição evangélica".
Fonte: Carlos Augusto Vailatti
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Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas, a verdade é que a superstição está presente na vida do brasileiro desde o seu nascimento até a sua morte. Muitos acreditam, por exemplo, que se a barriga de uma gestante possuir um formato redondo, isso indica que nascerá uma menina. E se, por outro lado, a barriga for pontuda, o bebê será um menino. Além disso, acredita-se que enterrar o cordão umbilical de um recém-nascido na soleira da porta faz com que a criança seja caseira. Outros ainda crêem que se uma criança sorri enquanto dorme, é porque ela está conversando com um anjo. Já na fase mais adulta, dizem que a moça que varre bem a sua casa irá se casar com um homem bonito. Há também quem diga que coar café em meia usada pelo namorado dá em casamento (Isso se a namorada sobreviver após ter dado uns goles!). Além do mais, quem é que nunca ouviu falar que o noivo não deve ver a sua noiva vestida em traje nupcial antes do casamento, pois senão isso atrai azar ou infelicidade para o casal?! Ora, por fim, a nossa religiosidade brasileira, saturada de elementos religiosos sincréticos, ainda diz que o grasnar de um corvo anuncia a morte, que o doente que encomendar o próprio caixão custará a morrer e que sonhar com dente arrancado também prenuncia a morte.
E como se isso tudo já não bastasse, ainda temos que tomar cuidado para não passarmos debaixo de escadas, não quebrar espelho e não cruzar com gato preto, dentre tantas outras coisas, pois tudo isso dá azar. Por outro lado, se você quiser atrair a sorte, basta pendurar um galhinho de arruda na orelha, ter uma ferradura usada em casa, carregar um trevo de quatro folhas consigo, portar dentes de alho, levar uma figa, ou ainda trazer um pé de coelho, pois tudo isso dá sorte (menos ao coelho, é claro, que teve a sua pata amputada neste último caso!).
Contudo, a esta altura você deve estar se perguntando: "mas o que eu tenho a ver com tudo isso? Eu sou crente e, portanto, não tenho nenhuma dessas superstições". Bem, se você não possui nenhuma dessas superstições, acredito que, pelo menos, você conhece quem as têm. Porém, não são somente os não-crentes que são supersticiosos. O fato é que muitos crentes também possuem algumas superstições que, quando analisadas mais friamente, parecem não ser tão diferentes assim das citadas acima. Quer ver só?
Muitos cristãos evangélicos acreditam: que ser "cristão" significa ir à igreja aos domingos; que a oração feita pelo pastor tem mais "poder" que a oração feita por "membros comuns"; que quanto maior for o "grito" do pregador no púlpito durante a pregação, mais ungido ele é; que se as coisas estão dando errado na vida, é porque há algum "pecado oculto"; que falar em línguas durante o culto é sinal de espiritualidade; que quem se dirige ao monte para orar vê gravetos incandescentes; que para ouvir a voz de Deus em momentos difíceis, basta abrir a Bíblia aleatoriamente em qualquer página e, onde o seu dedo parar, é só ler o texto "divinamente indicado", pois Deus falará poderosamente; que pecados na área sexual, como o adultério, por exemplo, são mais graves do que outros tipos de pecado; que dizer as palavras mágicas: "o sangue de Jesus tem poder!", funciona como um mantra gospel que tem o poder de repelir os demônios; que os elementos da Santa Ceia, pão e vinho, são tão santos que todas as suas sobras, se houverem, devem ser literalmente enterradas depois da celebração litúrgica; que subir ao púlpito sem paletó e gravata diminui a unção do pregador (nesse caso, coitado de Jesus que não tinha nem um e nem o outro!); que deixar a Bíblia aberta em casa (e tem muito crente que faz isso!) afasta os demônios; que quanto mais ofertarem na Casa de Deus, mais "poder de barganha" terão com ele; que o culto só é abençoado quando sentem algum tipo de sensação espiritual, tal como um "arrepio" em alguma parte do corpo, por exemplo; e que, finalmente, Satanás e os demônios são os responsáveis por certos comportamentos negativos que os seres humanos apresentam, os quais, na verdade, são fruto do livre-arbítrio destes últimos. Daí repreenderem, por exemplo, os "espíritos" de inveja, medo, ódio, adultério, fofoca, mentira etc. Será que você não conhece ou nunca conheceu algum crente que possui estas falsas crenças ou esse temor reverente por tais crenças? Sinceramente, duvido que a sua resposta será "não".
Acredito que se tais superstições ainda florescem em muitas de nossas igrejas, isso ocorre porque o povo de Deus não está sendo ensinado como deveria nos rudimentos do Evangelho de Cristo. Onde a fé consistente em Cristo vascila - e a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17) - aí crescem as ervas daninhas dessa nossa "superstição evangélica".
Fonte: Carlos Augusto Vailatti
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