O grande ativista social, filósofo e pensador indiano Gandhi disse uma frase que para nós é no mínimo instigante: "No dia em que me mostrarem um cristão parecido com Jesus, eu me converto ao cristianismo".
Neste texto vou exemplificar em apenas três aspectos que demonstram claramente que o Jesus que dizemos ser o pai do cristianismo, se encontra a quilômetros de distancia de nossos ideais de fé contemporâneos. O mais interessante é que se formos fazer uma analise com base nos relatos sobre Jesus descritos nos evangelhos, estes que são como um testemunho de sua pessoa e feitos, encontramos um Jesus bem diferente do ideal que todos nós estamos acostumados a ver todos os dias nos lábios afoitos de tantos Cristãos, católicos como também evangélicos.
Nos evangelhos encontramos um Jesus que passou grande parte de sua vida trabalhando e ajudando seu pai José, em suma: Um Jesus que trabalhou. Hoje maioria dos cristãos quando assume qualquer tipo de função eclesiástica logo como forma de não precisar mais buscar sustento e passa a viver das ofertas e dízimos de suas igrejas e instituições. Logo então se cria uma série de cargos e hierarquias que compões esta estrutura religiosa, que funciona como um organismo onde os indivíduos que dependem desta organização para sobreviver. Logo os mais poderosos passam a burocratizar poder, pois poder significa dinheiro e sobrevivência, em suma; ter poder na instituição significa ter controle nas decisões, e este controle tem como base um sistema de benesses.
Nisso podemos ver uma série de "pastorzinhos" e padres, cumprindo protocolos como parasitas institucionais, tudo por medo de perder o único meio de sobrevivência que lhes é possível. Nem vou devagar muito sobre os porquês as instituições religiosas normalmente não incentivam as profissões e estudo em suas congregações e templos. Já diziam os Cezares em Roma, “ofereçam diversão e entretenimento ao povo, pois estes assim entretidos não pensam e aceitam nossas decisões.” A ignorância também é uma forma de manter o controle e o poder.
Nos evangelhos também encontramos um Jesus que tinha envolvimento direto com ladrões, enfermos, vagabundos e prostitutas. Em suma: Jesus só andava com a “nata podre” da sociedade. Indivíduos estes que nem preciso dizer que estão a quilômetros de nossas igrejas e templos. Pessoas as quais não teriam um assento e nem a palavra em quaisquer organizações religiosas reconhecidas e ditas “cristãs” na atualidade. Fiz um pequeno paralelo falando da sociedade nos tempos de Cristo, mas se formos contemporizar para nossa realidade posso pensar o seguinte; Será que hoje seria possível ter em nossos assentos “amadeirados” ou “almofados” de nossas comunidades, assentados e aceitos de forma natural travestis ou prostitutas? Será que em nossas igrejas perfeitas, haveria hoje espaço para os homossexuais? Ou talvez para os usuários de drogas e portadores de doenças de ordem sexual? Será que eu seria capaz de aceitar a convivência com alguma destas pessoas sem querer sufocá-la com meus conceitos religiosos? Aceitaria eu conviver com estas pessoas apenas na esperança de que em minha vida haja suficiente diferencial, para que estas tenham a oportunidade de estando em minha convivência, sentir-se amadas indiferente as discordâncias de meus conceitos religiosos? Será que somos capazes de aceita-las sendo humilde o suficiente para crermos que é possível Deus estar e falar com as mesmas? Seria eu capaz de não ver somente suas falhas e defeitos, mas encontrar o ser - humano por traz dos meus preconceitos? Este era O Jesus dos evangelhos, o que conversava com samaritanos e prostitutas, e mais! Dava aos mesmos a voz em suas suplicas e duvidas. Já ouvi argumentos hipócritas de que Deus não comunga com pecadores, no momento que ouvi pensei: Será que somos perfeitos? Não temos nós também pecado?
E por fim vemos um Jesus mendigo, um Jesus sem casa e nem um lugar para encostar a sua cabeça e descansar. O filosofo das ruas, o amigo do sujinho e mau vestido. O que partia o pouco pão com os famintos e esfomeados. Aquele que não tinha sobre o corpo o cheiro dos lírios, mas carregava sobre si o perfume de gente. Não possuía roupagem nova, antes andava todos os dias com a mesma túnica. Um exemplo de miséria do seu tempo, sempre comendo na casa alheia ou partindo pão em praças. O Jesus da “não-prosperidade”, aquele que com seu exemplo transcendeu as conquistas e riquezas deste mundo, revelando aos homens uma existência que transpôs todos os conceitos e valores até então vistos. Um Jesus muito diferente do discurso televisivo carregado de bênçãos, proferido pelos tele-evangelistas. Um Jesus que descobriu muito maior riqueza na convivência e amizade de seus companheiros. Um Jesus que via gente, cheirava a gente e amava gente.
Entendemos um Jesus que nos foi dado como herança via Europa-américa, um Jesus centrifugado, processado, um Jesus ocidentalizado, um Jesus capitalista, o Jesus que mede pessoas por suas posses, o Jesus das elites.
Em uma conferência de história a qual participei, me chamou a atenção uma frase dita por um especialista em oriente, e ela resumiu todos os argumentos em apenas um dizer:
O maior líder da maior religião Ocidental era um oriental, Jesus. Os cristãos que se dizem seguidor deste Jesus, o idealizaram um ocidental, e não conseguem entender que ele era o Jesus Oriental.
A grande verdade que posso dizer é que nós cristãos nem temos definida uma identidade, muito menos conhecemos o tão falado Jesus. Criamos um ideal distorcido, criamos nossas religiões e encaixamos Jesus em nossas deformações, e a tudo isso nomeamos de Cristianismo. Por estes exemplos e conceitos posso afirmar tranquilamente em poucas palavras, Jesus não era um Cristão.
Fonte: Revista Ultimato
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Neste texto vou exemplificar em apenas três aspectos que demonstram claramente que o Jesus que dizemos ser o pai do cristianismo, se encontra a quilômetros de distancia de nossos ideais de fé contemporâneos. O mais interessante é que se formos fazer uma analise com base nos relatos sobre Jesus descritos nos evangelhos, estes que são como um testemunho de sua pessoa e feitos, encontramos um Jesus bem diferente do ideal que todos nós estamos acostumados a ver todos os dias nos lábios afoitos de tantos Cristãos, católicos como também evangélicos.
Nos evangelhos encontramos um Jesus que passou grande parte de sua vida trabalhando e ajudando seu pai José, em suma: Um Jesus que trabalhou. Hoje maioria dos cristãos quando assume qualquer tipo de função eclesiástica logo como forma de não precisar mais buscar sustento e passa a viver das ofertas e dízimos de suas igrejas e instituições. Logo então se cria uma série de cargos e hierarquias que compões esta estrutura religiosa, que funciona como um organismo onde os indivíduos que dependem desta organização para sobreviver. Logo os mais poderosos passam a burocratizar poder, pois poder significa dinheiro e sobrevivência, em suma; ter poder na instituição significa ter controle nas decisões, e este controle tem como base um sistema de benesses.
Nisso podemos ver uma série de "pastorzinhos" e padres, cumprindo protocolos como parasitas institucionais, tudo por medo de perder o único meio de sobrevivência que lhes é possível. Nem vou devagar muito sobre os porquês as instituições religiosas normalmente não incentivam as profissões e estudo em suas congregações e templos. Já diziam os Cezares em Roma, “ofereçam diversão e entretenimento ao povo, pois estes assim entretidos não pensam e aceitam nossas decisões.” A ignorância também é uma forma de manter o controle e o poder.
Nos evangelhos também encontramos um Jesus que tinha envolvimento direto com ladrões, enfermos, vagabundos e prostitutas. Em suma: Jesus só andava com a “nata podre” da sociedade. Indivíduos estes que nem preciso dizer que estão a quilômetros de nossas igrejas e templos. Pessoas as quais não teriam um assento e nem a palavra em quaisquer organizações religiosas reconhecidas e ditas “cristãs” na atualidade. Fiz um pequeno paralelo falando da sociedade nos tempos de Cristo, mas se formos contemporizar para nossa realidade posso pensar o seguinte; Será que hoje seria possível ter em nossos assentos “amadeirados” ou “almofados” de nossas comunidades, assentados e aceitos de forma natural travestis ou prostitutas? Será que em nossas igrejas perfeitas, haveria hoje espaço para os homossexuais? Ou talvez para os usuários de drogas e portadores de doenças de ordem sexual? Será que eu seria capaz de aceitar a convivência com alguma destas pessoas sem querer sufocá-la com meus conceitos religiosos? Aceitaria eu conviver com estas pessoas apenas na esperança de que em minha vida haja suficiente diferencial, para que estas tenham a oportunidade de estando em minha convivência, sentir-se amadas indiferente as discordâncias de meus conceitos religiosos? Será que somos capazes de aceita-las sendo humilde o suficiente para crermos que é possível Deus estar e falar com as mesmas? Seria eu capaz de não ver somente suas falhas e defeitos, mas encontrar o ser - humano por traz dos meus preconceitos? Este era O Jesus dos evangelhos, o que conversava com samaritanos e prostitutas, e mais! Dava aos mesmos a voz em suas suplicas e duvidas. Já ouvi argumentos hipócritas de que Deus não comunga com pecadores, no momento que ouvi pensei: Será que somos perfeitos? Não temos nós também pecado?
E por fim vemos um Jesus mendigo, um Jesus sem casa e nem um lugar para encostar a sua cabeça e descansar. O filosofo das ruas, o amigo do sujinho e mau vestido. O que partia o pouco pão com os famintos e esfomeados. Aquele que não tinha sobre o corpo o cheiro dos lírios, mas carregava sobre si o perfume de gente. Não possuía roupagem nova, antes andava todos os dias com a mesma túnica. Um exemplo de miséria do seu tempo, sempre comendo na casa alheia ou partindo pão em praças. O Jesus da “não-prosperidade”, aquele que com seu exemplo transcendeu as conquistas e riquezas deste mundo, revelando aos homens uma existência que transpôs todos os conceitos e valores até então vistos. Um Jesus muito diferente do discurso televisivo carregado de bênçãos, proferido pelos tele-evangelistas. Um Jesus que descobriu muito maior riqueza na convivência e amizade de seus companheiros. Um Jesus que via gente, cheirava a gente e amava gente.
Entendemos um Jesus que nos foi dado como herança via Europa-américa, um Jesus centrifugado, processado, um Jesus ocidentalizado, um Jesus capitalista, o Jesus que mede pessoas por suas posses, o Jesus das elites.
Em uma conferência de história a qual participei, me chamou a atenção uma frase dita por um especialista em oriente, e ela resumiu todos os argumentos em apenas um dizer:
O maior líder da maior religião Ocidental era um oriental, Jesus. Os cristãos que se dizem seguidor deste Jesus, o idealizaram um ocidental, e não conseguem entender que ele era o Jesus Oriental.
A grande verdade que posso dizer é que nós cristãos nem temos definida uma identidade, muito menos conhecemos o tão falado Jesus. Criamos um ideal distorcido, criamos nossas religiões e encaixamos Jesus em nossas deformações, e a tudo isso nomeamos de Cristianismo. Por estes exemplos e conceitos posso afirmar tranquilamente em poucas palavras, Jesus não era um Cristão.
Fonte: Revista Ultimato
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