sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Contribuindo para o Reino de Deus

Os abusos quanto ao levantamento de recursos financeiros praticados por igrejas neopentecostais acabaram por tornar bastante delicada a questão da contribuição financeira nas igrejas evangélicas em geral. O abuso, porém, não invalida a realidade de que as igrejas genuinamente­ evangélicas precisam de recursos para manter seus trabalhos regulares. A Bíblia nos ensi­na várias coisas acerca do dinheiro. 

1) De quem é o dinheiro? Todas as riquezas que existem no mundo pertencem a Deus, por direito de criação (Salmo 24.1) e por direito de capacitação, isto é, é Deus quem nos dá saúde, forças e oportunidades para ganharmos dinheiro (Deut 8.18). O cristão deve se consci­en­tizar­ de que ele é apenas gerente­, e não dono dos recursos de que dispõe.

2) Deus tem um plano para o dinheiro­ que nos confia.

Primeiro, devemos suprir as nossas necessidades e da nossa família. Deus sabe que temos necessidades (Mateus 6.31-32) e que o dinheiro­ é usado­ para supri-las (Atos 20.34).

Segundo,  Deus deseja abençoar outros por nos­so intermédio. Devemos usar nossos recursos para ajudar os irmãos que estão passando por necessidade (Romanos 12.3), aqueles que são pobres (Deut 15.7-8). Um grande exemplo disto são os crentes de Corinto (leia 2Coríntios 8 e 9).

Terceiro, devemos usar o dinheiro­ para sustentar a obra de Deus neste mundo, através das contribuições regulares e proporcionais que fazemos para a Igreja e organizações evangélicas envolvidas com a evangelização do mundo e as obras sociais. Os legítimos obreiros cristãos são dignos de receber seu sustento das igrejas, como Jesus e Paulo ensinaram (Lucas 10:7; 1Coríntios 9:1-12). Para alguns, a contribuição por meio de dízimos é a correta (Malaquias 3:10). Todavia, o que importa é que nossa contribuição seja regular, proporcional ao que recebemos de Deus e dada de coração.

Quarto, através do dinheiro, Deus quer mostrar seu poder e bênção, suprindo as nossas necessidades (Mateus 6.33), despertando assim gratidão em nosso coração (Deut 8.18) e recompensando fielmente os que contribuem de forma voluntária e regular para sua obra (2Coríntios 9:1-11).

Todo cristão sincero deveria refletir sobre o uso que faz do dinheiro, lembrando que prestará contas a Deus, como um gerente presta contas ao proprietário.

3) Princípio gerais para o uso do dinheiro. A Bíblia nos ensina muitas coisas sobre como devemos gastar o dinheiro que Deus nos permite ganhar. Quando observamos estes princípios, podemos evitar mais facilmente a escravidão financeira. 

Eis aqui alguns deles. 

Primeiro, aprender a gastar sabiamente. Devemos planejar nossos gastos (Lucas 14.28-30; Provérbios 19.2) e parar com despesas desnecessárias (Isaías 55.1-2).

Segundo, não presumamos da graça de Deus. Conheci um casal cristão que comprou um bem valioso e pagou com cheque pré-datado, orando para Deus mandar o dinheiro­. O dinheiro não veio, e a coisa acabou na justiça, com péssimo testemunho contra o Evangelho. Não devemos tentar a Deus querendo ter um padrão de vida que é acima dos nossos recursos.

Terceiro, pratique a respiração financeira. O Senhor Jesus nos ensina em Lucas 6.37-38 que recebemos na mesma proporção em que damos. É verdade que Deus nos abençoa financeiramente apesar de nossa falta de amor para com outros, mas ele tem prometido abençoar de forma especial os que dão abundantemente para os necessitados.

Quarto, evite estas coisas o máximo que puder: tomar emprestado para comprar algo que se desvaloriza facilmente (Deut 15.6; Prov 22.7); ficar por fiador de estranhos (Prov. 11.15; 17.18), participar de campanhas e sacrifícios promovidos por líderes inescrupulosos, em nome de Deus, que prometem o que Deus nunca prometeu nas Escrituras e que usam a religião como meio de ganhar dinheiro e ficar ricos (1Timóteo 6:1-10).

O dinheiro tem escravizado muitos cristãos. Mas quando aprendemos a usá-lo segundo os ensinos da Bíblia, o dinheiro torna-se instrumento do bem aqui neste mundo.




Fonte: Rev. Augustus Nicodemus Lopes em O Tempora, O Mores
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