quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Bispo Edir Macedo publica texto em seu blog contra candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad


O bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, publicou texto em seu blog com críticas ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O texto com o título "Desabafo da Revolta" foi publicado nesta quarta-feira (3) e tem o formato de uma carta assinada por um amigo do bispo. A mensagem afirma que o petista, se eleito, irá levar o "kit gay" para as escolas municipais.

O texto lista cinco motivos para não votar em Haddad e aponta outros cinco para votar em Celso Russomanno (PRB). Russomanno tem entre os integrantes da coordenação da campanha pessoas ligadas à Igreja Universal. O pastor licenciado Marcos Pereira é presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB) e atual coordenador da campanha de Russomano.

Em comício em São Mateus, na Zona Leste, Haddad rebateu o texto e disse que irá enviar uma resposta. "Tomei conhecimento, é uma carta apócrifa de uma pessoa desinformada. Temos que ter compreensão. Vamos encaminhar uma carta respondendo. Ele vai poder publicar no blog nossa resposta", disse.

Russomanno fez campanha no Brás, na Zona Leste, e foi perguntado sobre o texto, mas disse que não iria comentar o tema por se tratar de "religião".

Críticas

O autor do texto se apresenta apenas como um "amigo". A mensagem é apresentada como tendo sido escrita por uma pessoa que se identifica como pai de um garoto de 11 anos e que atua como professor desde 1996.

Entre as críticas ao petista, o texto diz que Haddad vai implantar o kit gay nas escolas de São Paulo. "Com o sr. Haddad na prefeitura, sem a presidenta como chefe, é óbvio que ele estará livre para infestar as escolas municipais com seu kit gay, revertendo todos os princípios morais e ignorando (pois não precisará mais de nossos votos) os nossos clamores por moral", aponta o texto.

No texto, o autor compara o candidato do PRB ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Haddad. “Se Russomanno é atacado por uma inexperiência que não possui, o que dizer então do ex-presidente Lula que, antes de chegar ao cargo máximo do país havia sido deputado federal apenas uma vez? Isso o impediu de fazer o trabalho que fez?”, questiona.

Sem citar as legendas, critica a disputa entre PT e PSDB. “São Paulo está cansada das mesmas caras, dessa eterna briga entre dois partidos, como se as milhões de pessoas que aqui vivem fossem um bolo a ser fatiado, hora [sic] para um, hora para outro.”

O autor da carta enaltece o fato de o partido de Russomanno contar com integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus em sua cúpula. “O PRB, partido de Russomanno, tem em seus cargos de direção verdadeiros homens de Deus. Foram atacados cruelmente pela imprensa e pelos demais candidatos justamente por seguirem a fé inteligente, pura, que nos liga diretamente ao nosso Senhor, sem intermediários, sem emoções baratas, apenas e tão somente com a verdade que existe dentro deles.”

Kit anti-homofobia

Polêmicas relacionadas ao kit gay já motivaram outras críticas nas eleições para prefeito de São Paulo. A Arquidiocese de São Paulo divulgou comunicados contra o pastor Marcos Pereira, presidente do PRB. Em texto publicado em maio de 2011, Pereira associa o "kit anti-homofobia", que ficou conhecido como "kit gay", à influência da Igreja Católica.

A mensagem do pastor voltou a circular nas redes sociais e provocou a primeira reação católica. Na nota de repúdio, a Arquidiocese disse que o texto do pastor revela "destempero" e "cheira à intolerância religiosa". A Igreja Católica afirmou ainda que o PRB é "manifestadamente" ligado à Igreja Universal.

Na segunda-feira, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, anunciou  apoio ao candidato do PSDB José Serra e citou como motivação impedir a presença do "autor do kit gay" no segundo turno.

Haddad refuta associação ao kit

Em entrevistas e compromissos de campanha, o candidato do PT tem refutado as críticas de adversários que tentam associá-lo ao kit antihomofobia. Ele afirma que a iniciativa é resultado de uma emenda parlamentar para combater intolerância de gênero, racial e religiosa.

"Esses parlamentares fizeram uma emenda ao Orçamento do Ministério da Educação para produção de um material contra a intolerância. Bom, nós julgamos inapropriado o material para distribuição e reservamos o material para formação de professores", disse em entrevista no sábado (22). "Eu penso que eu e a presidenta Dilma tomamos a decisão correta e eu não entendo as críticas que estão sendo feitas no sentido de distribuir um material que não era o mais adequado para crianças e jovens".



Fonte: G1
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