quinta-feira, 14 de março de 2013

A Biblia de Gutenberg completa 558 anos


Uma das grandes metas da história e da cultura foi a criação da imprensa. Ainda que este invento não correspondesse a Johannes Gutenberg, foi este quem o aperfeiçoou. Entre suas primeiras impressões esteve o livro dos livros, a Bíblia.

Gutenberg aperfeiçoou a imprensa ao substituir a madeira pelo metal, fabricando moldes de fundição capazes de reproduzir tipos metálicos suficientemente regulares como para permitir a composição de textos. Foi esta invenção, a impressão tipográfica com tipos móveis metálicos, a que deu origem ao livro moderno.

A invenção da imprensa com caracteres móveis é uma das grandes metas da história da cultura. A possibilidade de realizar tiradas de múltiplos exemplares de livros facilitou o acesso de um maior número de pessoas em todo mundo e o saber escrito  implicou radicais transformações na política, na religião e nas artes.

Assim, o impacto da invenção da imprensa foi tremendo. A produção de livros durante os primeiros cinquenta anos após a decisiva contribuição de Gutenberg foi, quase com toda segurança, maior que nos mil anos precedentes.

A Bíblia, o primeiro livro moderno

A Bíblia de Gutenberg é também conhecida como “a Bíblia de 42 linhas” ou Bíblia de Mazarino. Trata-se de uma versão impressa da Vulgata (em latin) que foi impressa na oficina de Maguncia, na Alemanha, no século XV.

O formato é possivelmente uma imitação do manuscrito de Maguncia, também chamado Bíblia gigante de Maguncia, cujas 1.300 páginas foram escritas a mão.

O nome “Biblia de 42 linhas” refere-se ao número de linhas impressas em cada página, e é usado para o diferenciar da edição posterior de 36 linhas.

A preparação para esta edição começou após 1450, e os primeiros exemplares estavam disponíveis em 1455. Foi realizada usando uma imprensa de impressão e tipos móveis. Um exemplar completo tem 1.282 páginas, e a maioria foram encadernados em dois volumes ao menos.

Esta Bíblia é o mais famoso incunable, e sua produção deu início à impressão em massa de textos no Ocidente. Acredita-se que foram produzidos aproximadamente 180 exemplares, 45 em pergaminho e 135 em papel. Após impressos, foram rubricados e ilustrados a mão, trabalho realizado por especialistas, o que faz que cada exemplar seja único.

Dois exemplares em espanhol

Na Espanha conta-se com dois exemplares desta famosa versão da Bíblia. Uma  exposta gratuitamente no Museu do Livro de Burgos. Esta Bíblia tem a finalidade de conservar-se completa.

Segundo estudiosos, a característica mais notável da Bíblia que se conserva em Burgos é sua magnífica ilustração, realizada posteriormente por um hábil artista ao que Gutenberg tinha deixado em relevo na impressão. As cores verde, amarelo, azul e ocre utilizados dão-lhe aspecto de um luxuoso manuscrito. As iniciais dos capítulos estão realizadas em uma única cor, as do prólogo e as restantes estão realizadas em aquarela com uma variada gama de cores.

Até a página 5 a impressão é de 40 linhas, depois aumenta uma linha mais e na página 6 adota a caixa de 42 linhas que continua invariável ao longo de toda a obra.

Este valioso exemplar pertenceu a Luis de Maluenda, neto de María Núñez, irmã do bispo de Burgos Pablo Santamaría. Em seu testamento datado em  23 de setembro de 1488, em Burgos  e conservado no Arquivo da Catedral, de Maluenda expressa que doa ao Monastério San Juan de Ortega “ a minha bíblia de molde grande que me custou três mil e duzentos e cinquenta maravedíes (3250) ”, algo mais do que seriam hoje 50.000 euros.

O outro exemplar encontra-se em Sevilla, ainda que neste caso contenha apenas uma parte, o Novo Testamento, ainda que ao se tratar também de um exemplar único tem um grandíssimo valor. Este exemplar, aliás, tem sido escaneado e posto online a disposição de todos aqueles que desejem consultar na Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes.




Fonte:  Protestante Digital
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