segunda-feira, 18 de março de 2013

Pastor evangélico se dedica ao trabalho com dependentes químicos: "Eles precisam ser ouvidos"

O pastor evangélico Wellington Vieira, de 49 anos, tem 21 deles dedicados ao trabalho com dependentes químicos de BH

Começou distribuindo sopa e hoje tem um ambulatório e duas fazendas de recuperação para 71 usuários de crack, uma em Ravena e outra em Lagoa Santa. Presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas Evangélicas, foi convidado pela própria presidente Dilma Rousseff para ir ao Planalto defender a necessidade de financiamento governamental às comunidades terapêuticas. Em entrevista, ele se assume como ex-alcoólatra e diz ter certeza de que é possível acabar com as cracolândias. 

O que o levou a trabalhar com os usuários de crack? Como foi sua experiência com a a bebida? 
Sou movido por amor e sei falar a língua do usuário de crack. Quando tinha de 14 para 15 anos, me envolvi com uma turma que fumava maconha, bebia. Eu me casei muito cedo, aos 21 anos, e aos 24 tive uma recaída, antes de ser pastor. Até que um dia minha mulher fez uma interferência seca e direta, como deve ser. Ameaçou sair de casa com as crianças se eu não mudasse meu comportamento. Tomou minha chave e cortou meu dinheiro. 

Como acabar com a cracolândia?
Olha, já me amarrei três dias ao Pirulito da Praça Sete para entender o que leva o usuário a cortar todos os laços e a ir morar na rua. Percebi que não adianta pegar o cara e jogar de qualquer jeito numa instituição. Ele não está na rua porque está com fome, mas sim porque perdeu os vínculos com a família e com o trabalho. É por isso que não adianta dar sopa. Eles não precisam de comida, precisam de uma escuta. 

Como internar o usuário de crack que recusa tratamento?
Meu sonho é abrir duas casas, uma para o público masculino e outra para o feminino, com o nome de Só por um dia. A ideia é apenas bater um papo com o cara que está dormindo na rua e oferecer um prato de comida, um banho quente, camas limpas. Na hora do jantar, será servida uma boa comida e ele vai assistir a depoimentos de pessoas que conseguiram largar o crack. No fim do dia, vou perguntar: “E então, filho? Gostou de ficar aqui? Vamos tentar mais um dia?”  Tenho certeza de que vai dar certo. Já apresentei a proposta em seminários, mas falta patrocínio.



Fonte:  Estado de Minas
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