terça-feira, 26 de março de 2013

Bandido crente devolve documentos roubados e deixa bilhete pedindo desculpas à vítima

A professora ainda não tinha assimilado o furto do aparelho de TV de 37 polegadas, comprado em 12 prestações, quando os ladrões a surpreenderam novamente.

Na segunda vez, no entanto, o ato veio em forma de penitência:

"Disculpa dona Maria que DEUS li abençoe foi pelos meus filhos que tive que robá sei que não é serto mais só DEUS para mijuga que DEUS ilumine seu caminho e que tide em dobro. Amém."

O bilhete, redigido à mão e com vários erros de ortografia, foi encontrado pela síndica em frente ao condomínio no bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre, quatro dias depois do arrombamento, registrado em 15 de março.

— No dia seguinte ao assalto, procuramos os documentos pelas calçadas ao redor e não achamos nada. De repente, eu encontro tudo enroladinho num saco plástico, com um bilhete — conta a síndica.

De acordo com a professora, que pediu para não ser identificada, os documentos voltaram rabiscados, provavelmente por uma criança. Esse fato, além da menção ao sustento dos filhos no bilhete, fez a professora parar para uma reflexão.

— Sempre trabalhei em escolas na periferia, ensinando aqueles guris. O que a gente faz quando essas coisas acontecem?

Ela fez o que tinha de ser feito. Bloqueou todos os cartões levados e registrou ocorrência na 6ª Delegacia da Polícia de Porto Alegre, dando parte do furto da TV, dos documentos e de R$ 120. Como os ladrões levaram as chaves da casa e do condomínio, no mesmo dia, os miolos das fechaduras foram trocados.

Conforme a síndica, os criminosos tiveram acesso ao local depois de entortar barras de ferro da cerca, de forma a permitir a passagem. Na casa, a suspeita é de que tenham entrado pela basculante do lavabo. O condomínio não dispõe de câmeras de vigilância.

Ainda sem ter tomado conhecimento do teor do bilhete, a delegada Áurea Regina Hoeppel, titular da 6ª DP, adianta que o papel pode ser importante para a identificação do autor do roubo.

— É uma situação realmente inusitada e tem que ser analisada com muita cautela, pois há uma série de coisas a serem avaliadas. Primeiro, esse bilhete precisa ser apreendido e temos que ver se a vítima reconhece a caligrafia — diz a delegada.

A vítima informou à ZH que irá entregar o bilhete à polícia.



Fonte: Zero Hora
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