Fernando Paz (ao fundo), Domingos Montagner e Fernando Sampaio: irreverência
Em cartaz no Teatro do Sesi, na Avenida Paulista, a comédia “Mistero Buffo” oferece ao público diversas possibilidades de interesse.
E subverte quase todas elas. Trata-se de uma peça de palhaços, mas nenhum dos dois protagonistas, Domingos Montagner e Fernando Sampaio, da Cia. La Mínima, usa maquiagem, nariz vermelho ou figurino extravagante. Montagner transformou-se em galã televisivo depois de participar da novela “Cordel Encantado” e da série “O Brado Retumbante” e pode até encantar alguma fã entusiasmada, porém não sobe ao palco com essa intenção.
Adaptado por Neyde Veneziano e pelos atores, o texto do italiano Dario Fo apresenta quatro irreverentes histórias inspiradas em passagens bíblicas. “A Ressurreição de Lázaro”, “O Cego e o Paralítico”, “O Louco e a Morte” e “O Louco aos Pés da Cruz” satirizam a espetacularização e a exploração da fé, sem deixar de reafirmar a religiosidade. Os vinte personagens interpretados pela dupla — apoiada pelo palhaço e instrumentista Fernando Paz — jamais desrespeitam ou expõem qualquer tipo de crença. Apenas espelham algumas verdades camufladas em uma encenação limpa.
Divertida e profundamente crítica, a montagem propõe um debate atual e relevante de forma leve. Em um dos melhores episódios, um cego e um paralítico cruzam uma procissão e temem ser alvo de um milagre de Jesus Cristo. O motivo: eles perderiam o direito à mendicância e teriam de recorrer a uma forma de sustento convencional. Essa ligação com a realidade é perseguida pela direção de Neyde Veneziano. As contínuas gargalhadas resultam da identificação com a narrativa e não da palhaçada óbvia e gratuita.
Fonte: Veja
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Em cartaz no Teatro do Sesi, na Avenida Paulista, a comédia “Mistero Buffo” oferece ao público diversas possibilidades de interesse.
E subverte quase todas elas. Trata-se de uma peça de palhaços, mas nenhum dos dois protagonistas, Domingos Montagner e Fernando Sampaio, da Cia. La Mínima, usa maquiagem, nariz vermelho ou figurino extravagante. Montagner transformou-se em galã televisivo depois de participar da novela “Cordel Encantado” e da série “O Brado Retumbante” e pode até encantar alguma fã entusiasmada, porém não sobe ao palco com essa intenção.
Adaptado por Neyde Veneziano e pelos atores, o texto do italiano Dario Fo apresenta quatro irreverentes histórias inspiradas em passagens bíblicas. “A Ressurreição de Lázaro”, “O Cego e o Paralítico”, “O Louco e a Morte” e “O Louco aos Pés da Cruz” satirizam a espetacularização e a exploração da fé, sem deixar de reafirmar a religiosidade. Os vinte personagens interpretados pela dupla — apoiada pelo palhaço e instrumentista Fernando Paz — jamais desrespeitam ou expõem qualquer tipo de crença. Apenas espelham algumas verdades camufladas em uma encenação limpa.
Divertida e profundamente crítica, a montagem propõe um debate atual e relevante de forma leve. Em um dos melhores episódios, um cego e um paralítico cruzam uma procissão e temem ser alvo de um milagre de Jesus Cristo. O motivo: eles perderiam o direito à mendicância e teriam de recorrer a uma forma de sustento convencional. Essa ligação com a realidade é perseguida pela direção de Neyde Veneziano. As contínuas gargalhadas resultam da identificação com a narrativa e não da palhaçada óbvia e gratuita.
Fonte: Veja
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