domingo, 22 de abril de 2012

Conservadores aprovam rabinos gays em Israel

Homens e mulheres homossexuais podem ser ordenados, em desafio a ortodoxos

As discussões acaloradas sobre as três principais correntes do judaísmo — reformista, conservadora e ortodoxa — ganharam novas faíscas nesta sexta-feira quando o chamado Movimento Conservador de Israel decidiu aprovar a ordenação de rabinos homossexuais, endossando a posição desse movimento nos Estados Unidos, onde gays e lésbicas já podem participar de estudos visando ao rabinato há alguns anos.

— Vejo isso como um avanço muito importante da lei judaica. Foi a coisa certa a fazer. Somos todos feitos à imagem de Deus e, portanto, somos todos iguais. Para mim, trata-se de valores de muita importância — comemorou o rabino Mauricio Balter, presidente da Assembleia Rabínica do Movimento Conservador.

Ao contrário dos setores reformistas e liberais, nos quais homossexuais já podem ser ordenados rabinos, a decisão foi mais polêmica entre os conservadores — cumpridores da lei judaica, adotando costumes e práticas comuns à ortodoxia.

Na própria sexta-feira, o conceituado seminário rabínico Schechter, em Jerusalém, informou que vai admitir estudantes gays e lésbicas já no próximo ano letivo. Foi lá que ocorreu a votação sobre a ação de rabinos homossexuais, autorizados com uma quase unanimidade: 17 autoridades religiosas votaram a favor, e apenas um rabino se absteve.

A instituição — que tem filiais no exterior — acabou protagonizando nos últimos anos debates e embates sobre o tema. Em 2006, a entidade rachou. Duas escolas rabínicas afiliadas nos EUA aprovaram a ordenação homossexual, na contramão da postura adotada em Jerusalém e Buenos Aires. O debate ganhou contornos tão radicais que duas estudantes, rabinas, decidiram abandonar os estudos de dois anos no Instituto Shechter: uma a favor e outra contra a medida.

— Estou contente que tenha havido uma votação e que tenha terminado assim. Foi uma decisão democrática e correta, como mostra o resultado, ninguém foi contra — resumiu o rabino Balter.

Ortodoxos não permitem mulheres rabinas

O programa rabínico do Instituto Shechter é composto por dois anos equivalentes a um mestrado em estudos judaicos. Ao término do curso, os estudantes são testados por um conselho de rabinos que autoriza a ordenação.

A medida, porém, promete provocar a ira da ortodoxia, que, em Israel, monopoliza os serviços públicos ligados à religião, como casamentos (não existe união civil no país) e funerais. Para esse grupo, aliás, além da rejeição ao homossexualismo, existe ainda a total rejeição de mulheres no papel de líderes religiosas.



Fonte: O Globo
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