quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Peladeiros evangélicos se reúnem em campeonato gospel

Torneio tem oração e versículos bíblicos na preleção, jogo sem xingamentos e pizza com refrigerante no lugar de pagode e cerveja

Pelos campos e quadras país afora, o que não falta são peladeiros. Boleiros de fim de semana, que geralmente correspondem ao estereótipo do jogador de futebol: adora pagode, cerveja e mulherada. Em Teresina, no entanto, uma competição mostra um tipo de boleiro diferente: é a Juvenis Gospel Cup, um torneio que reúne jogadores de igrejas evangélicas da cidade.

O campeonato reuniu 12 equipes de igrejas evangélicas espalhadas pela cidade, principalmente Assembleia de Deus e Batista. Segundo um dos organizadores do evento, Júnior Lima, a ideia surgiu para integrar melhor os evangélicos da cidade, além de quebrar o estereótipo de que "crente" não joga bola.

- Quase toda igreja tem o pessoal que gosta de jogar bola. Aí fizemos essa competição para fazer a integração entre os boleiros evangélicos.

As diferenças começam antes mesmo de a bola rolar. Na preleção dos jogadores, não se ouve a tradicional Ave Maria, oração não praticada pelos evangélicos. Na roda, além da conversa sobre o jogo, citações de versículos bíblicos e orações, pedindo pela proteção dos atletas e, claro, pela vitória.

Quando o jogo começa, de cara se nota uma diferença. Ao contrário do que é comum em outras ‘peladas’ não se ouvem os constantes xingamentos entre os jogadores, embora os ânimos também fiquem exaltados na busca pelo gol.

- Tem alguns xingamentos que não dá pra evitar, mas não é algo que acontece frequentemente. O que tem é um bate-boca de vez em quando, mas sem xingamento – conta Júnior.

Todo campeonato tem sua estrela

Em época de fim de ano é comum a presença de jogadores em jogos festivos. A Juvenis Gospel Cup também tem sua estrela; Kelson Miranda, ala do Cajuína que participou da campanha do vice-campeonato da 2ª Divisão da Taça Brasil, conquistado recentemente em Campina Grande (PB). Entre os amigos evangélicos, o jogador se mostra mais a vontade.
- Aqui o modo de disputa é diferente. Tem muita discussão na hora do jogo, mas não tem xingamento, agressão, essas coisas.

Na quadra, Kelson fica mais tranquilo, já que todos compartilham dos mesmos valores. O ala diz que às vezes é difícil conviver com os colegas por conta das diferenças.
- Na volta de Campina Grande (onde o time disputou a Taça Brasil), o time veio a viagem toda de lá até aqui na cervejada dentro do ônibus. Eu ficava só na minha, com os fones ouvindo música gospel.

Kelson foi eleito o melhor jogador da competição, mas não foi capaz de levar o seu time, o Ibansol (Igreja Batista da Morada do Sol) ao título. Na decisão, derrota para o ADMC (Assembleia de Deus do Monte Castelo). O campeonato teve mais de R$ 1.000 em premiação, contemplando os três primeiros colocados, que receberam prêmio em dinheiro, troféus e medalhas. A competição também premiou o melhor jogador, o artilheiro e o melhor goleiro.

Depois do jogo, é hora de comemorar o título com muito pagode, cerveja e mulher? Não neste caso. A “resenha” se mantém entre os amigos, mas regada com muita pizza e refrigerante.



Fonte: Globo Esporte
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