sábado, 9 de março de 2013

As pessoas não são coisas

Jesus disse aos seus discípulos: — Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos seus bens. Foram dizer a esse homem que o administrador estava desperdiçando o dinheiro dele. Por isso ele o chamou e disse: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.” — Aí o administrador pensou: “O patrão está me despedindo. E, agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola. Ah! Já sei o que vou fazer… Assim, quando for mandado embora, terei amigos que me receberão nas suas casas.” — Então ele chamou todos os devedores do patrão e perguntou para o primeiro: “Quanto é que você está devendo para o meu patrão?” — “Cem barris de azeite!” — respondeu ele. O administrador disse: — “Aqui está a sua conta. Sente-se e escreva cinqüenta.” — Para o outro ele perguntou: “E você, quanto está devendo?” — “Mil medidas de trigo!” — respondeu ele. — “Escreva oitocentas!” — mandou o administrador. — E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz. Por isso eu digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno. (Lucas 16.1-9)

Esta é uma passagem difícil. Parece que Jesus está incentivando a corrupção. Tanto que o imperador romano Juliano, no século IV, citou esta passagem para os nobres romanos como exemplo da corrupção dos cristãos e do seu líder, Jesus. Como entendê-la?

Primeiro, é importante reparar que os versçiulos 1, 8, 14 e 19 indicam que no registro de Lucas, este ensino faz parte da mesma ocasião relatado no capítulo inteiro onde encontros este estudo de caso (ou parábola) junto com mais um estudo de caso (o rico e Lázaro) nos versículos 19-31 com um ensino confrontante no meio do dois (vv.10-18). Portanto, o ideal é ler e entender tudo isso junto. Mas aqui trataremos só dos versos acima. Nas próximas duas reflexões trateremos do restante.

Segundo, a audiência dos dois estudos de caso são os discípulos (v.1). Mas o ensino no meio dos dois estudos de caso é direcionado aos fariseus (v.14). Pelo menos são estes que se queixam do ensino de Jesus.

Agora, quanto ao estudo de caso em si, observamos que o administrador desonesto é despedido mas tem um prazo para entregar os livros de contabilidade durante o qual não é responsável mais. Mas não conta isso para os devedores do patrão (vv.2-3). Por que? Porque a “previdência social” nesta época estava no patrocínio dos amigos, como, às vezes, pessoas pobres tem muitos filhos para melhorarem as possibilidades de alguém cuidar deles na velhice (v.4)

O administrador não foi até os devedores do patrão mas chamou eles para virem para ele e, mesmo sabendo quanto deviam, perguntou para eles e ainda pedia para os devedores escreverem a renegociação da dívida. Assim os devedores se tornaram cúmplices (vv.5-7) com o administrador. Veja só que o valor da redução da dívida nos dois exemplos equivalia um ano e meio de salário (vv.6-7).

Outro detalhe, à luz de v.4, é melhor traduzir tas aiōníous skēvás como “nos lares duradouros” do que “no lar eterno” (NTLH) ou “tabernáculos eternos” (ARA) (v.9)

Tanto o patrão quanto Jesus elogiou o administrador, não pela sua desonestidade, mas pela sua capacidade de ver que as boas amizades eram mais importantes do que o acumulo de riquezas(vv.8-9). Esta é a lição principal que Jesus destaca desta história: as pessoas não são comodidades financeiras, e por isso, devem ser tratadas com justiça.

Os relacionamentos justas são mais importantes que o dinheiro e o ganho pessoal.

Oração

Pai, ensina nos a valorizar as pessoas que nos cerca e tratá-las com respeito e justiça. Em nome de Jesus. Amém.



Fonte: Tim Carriker em Ultimato
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