sexta-feira, 17 de junho de 2011

O que é Calvinismo?

O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia sociocultural com raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI.

João Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever a "Instituição da religião Cristã" em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias vezes ao longo da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma coleção massiva de comentários sobre a Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no protestantismo.

Calvino apoiou-se a frase de Paulo: "pela fé sereis salvos", esta frase de epístola de Paulo aos Romanos foi interpretada por Martinho Lutero ou simplesmente Lutero como pela fé sereis salvos. As duas frases, possuem a mesma coisa, ou seja, não muda o sentido.

Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, "o calvinismo é o legado de Calvino e torna-se uma forma de disciplina, de ascese, que raramente é levada ao extremo da teimosia". O Calvinista é pois no extremo um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera todas as suas ações pela sua relação individual com a moral cristã. O Calvinismo é também o resultado de uma evolução independente das idéias protestantes no espaço europeu de língua francesa, surgindo sob a influência do exemplo que na Alemanha a figura de Martinho Lutero tinha exercido. A expressão "Calvinismo" foi aparentemente usada pela primeira vez em 1552, numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo.

O Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma direcção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores, entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo por isso esta doutrina tomado o nome de Calvinismo.

Uma vez que tem múltiplos fundadores, o nome "Calvinismo" induz ligeiramente ao equívoco, ao pressupor que todas as doutrinas das igrejas calvinistas se revejam nos escritos de João Calvino.

O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes, que não são luteranas, e que têm uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente ligadas a igrejas nacionais de países protestantes, conhecidas como igrejas reformadas, ou a movimentos minoritários de reforma protestante.

Nos Países Baixos, os calvinistas estabeleceram a Igreja Reformada Neerlandesa. Na Escócia, através da zelosa liderança do ex-sacerdote católico John Knox, a Igreja Presbiteriana da Escócia foi estabelecida segundo os princípios calvinistas. Na Inglaterra, o calvinismo também desempenhou um papel na Reforma, e, de lá, seguiu com os puritanos para a América do Norte. Na França, os calvinistas, chamados de Huguenotes, foram perseguidos, combatidos e muitas vezes obrigados ao exílio. Em Portugal, na Espanha ou na Itália, estas doutrinas tiveram pouca divulgação e foram ativamente combatidas pelas forças da Contra-Reforma, com a ação dos Jesuítas e da Inquisição.

O sistema teológico e as práticas da igreja, da família ou na vida política, todas elas algo ambiguamente chamadas de "Calvinismo", são o resultado de uma consciência religiosa fundamental centrada na "soberania de Deus".

O Calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade e resulta da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o cristão calvinista, toda a sua vida é um culto a Deus.

De acordo com o princípio da Predestinação, por causa de seus pecados,o homem perdeu as regalias que possuía e distanciou-se de Deus. O homem é considerado "morto" para as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus.

Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele. Deus teria tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: "porque pela graça sois salvos,mediante a fé, e isso não vem de vós;é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie".(Efésios 2:8,9)

Os cinco pontos do calvinismo (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês) são doutrinas básicas sobre a salvação, definidas pelo Sínodo de Dort. São eles:

Predestinação da alma;
Eleição incondicional;
Expiação limitada;
Vocação eficaz (ou Graça Irresistível);
Perseverança dos santos.

O Calvinismo também defende uma Teologia Aliancista e os Sacramentos como meio de graça, Santa Ceia e Batismo, incluindo o Batismo infantil.

Calvino na sua principal obra, as Institutas diz:

"Eis aqui por que Satanás se esforça tanto em privar nossas criaturas dos benefícios do batismo; Sua finalidade é que se esquecermos de testificar que o Senhor tem ordenado para confirmar as graças que ele quer nos conceder pouco a pouco vamos nos esquecendo das promessas que nos fez a respeito disto. De onde não só nasceria uma ímpia ingratidão para com a misericórdia de Deus, mas também a negligência de ensinarmos nossos filhos no temor do Senhor, e na disciplina da Lei e no conhecimento do Evangelho. Porque não é pequeno estimulo sabermos que educá-los na verdadeira piedade e obediência a Deus. E saber que desde seu nascimento foram recebidos no Senhor e em seu povo, fazendo-os membros de sua igreja." (CALVINO, 1999, p. 1069.)

O calvinismo deveria ser austero e disciplinado, ou seja: As pessoas não tinham direito a excessos de luxo, e conforto, sem esbanjamento matriana.

Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as conseqüências práticas desta doutrina e chegaram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em parte explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o Calvinismo foi popular (Holanda, Escócia e Estados Unidos da América, sobretudo).

O Calvinista acredita que Deus escolheu um grupo de pessoas e que as restantes vão para o Inferno. Conseqüentemente, a pergunta que qualquer Calvinista se faz é: "Estarei eu entre os escolhidos?".

Como é que um Calvinista sabe se está entre os escolhidos ou não? Teoricamente, não é ele que o determina. A decisão está tomada. Foi tomada por Deus. Como é que eu sei se fui escolhido ou não? Resposta: Deus me atraiu e eu cri na sua palavra. Ela é que me diz: "Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus a saber os que creem em seu nome". Pela graça sois salvos, isto não vem de vós é dom de Deus para que ninguém se vanglorie.

Sendo um bom cristão, trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o Calvinista prova a si mesmo que foi um escolhido, pelo seu sucesso como cristão. Não é a sua própria ação, mas de Deus, pois se Deus trabalha por ele, ele conclui que foi um dos eleitos.

O Calvinismo é a doutrina de diversas denominações Protestantes, dentre elas destacamos as Igrejas Presbiterianas.



Fonte: Wikipedia
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