sexta-feira, 13 de abril de 2012

Esporte ensina lições de tolerância entre religiões

Evangélica, Cristina Lima pratica a capoeira que tem vínculo com o candomblé

A prática da capoeira, cuja origem remete aos negros africanos e a suas crenças, ajudou a evangélica Cristina Lima, professora de educação física de 24 anos, a aceitar e respeitar mais as diferenças entre as pessoas. Frequentadora da Igreja Anglicana, ela está entre os pernambucanos que, através do convívio com outros atletas (profissionais ou não), se tornaram exemplos de tolerância religiosa e cultural. Exemplos capazes de comprovar que, assim como a fé move montanhas, o esporte pode derrubar muralhas.

Cristina começou a praticar capoeira aos 17 anos. Já era evangélica há dois e o seu primeiro instrutor compartilhava da religião. O atual é espírita. Indicativo de que o vínculo da atividade com o candomblé não impede a adesão de pessoas com outras crenças. “Com o tempo, criou-se uma ligação com o exercício físico, a saúde.” Apesar do distanciamento espiritual, ela garante que o esporte foi essencial para a sua formação cidadã. “Existe um apelo grande ao respeito pelo companheiro, inclusive de não machucar quem está no chão, não ser desleal. A gente leva isso para a vida.”

Situação parecida é experimentada, há quatro anos, por Laís Meira, de 24. Ela é uma das jogadoras espíritas da equipe de basquete do Sport, que também inclui evangélicas e católicas. Entre elas, religião é assunto recorrente. “Conversamos muito sobre isso e temos uma convivência saudável. Todo mundo se respeita, se escuta, sem brigar. Isso ajuda a perceber e a aceitar que as pessoas podem acreditar em uma coisa ou em outra”, diz. Segundo ela, antes de jogos importantes, as atletas se reúnem, rezam o “Pai Nosso” e ficam livres para transmitir mensagens de apoio, independentemente da crença. “Sempre é algo bom, que nos coloca para cima.”

A fé também é presença certa nas preleções do Olinda Futebol Clube, da Série A2 do Pernambucano. Há três anos, Alberto Cunha participa delas. “A gente fala muito em Deus, para dar forças ao grupo e estimular o trabalho”, conta o assistente técnico, que se destaca em meio a vários evangélicos e católicos, por seguir os ensinamentos de Maomé. “Não tinha religião, mas comecei a estudar árabe, gostei da filosofia e me tornei muçulmano, em 2010”, conta ele, que vê os objetivos coletivos como pilares do respeito entre jogadores e membros da comissão técnica.

A coletividade, aliás, é essencial na trajetória de Baktin Tulasi, 21, devota do Hare Krishna. Há quatro anos, ela se tornou jogadora de basquete, na Bahia, onde nasceu. Sob a batuta de um treinador evangélico, percebeu a importância da fé para a moral da equipe e aprendeu a tratar, da mesma forma, os seguidores das diversas religiões.

Desde 2011, Tulasi aproveita aquelas lições no Recife. Nas manhãs de domingo, ela dá aulas de basquete na Rua da Aurora, tanto para devotos do Hare Krishna, quanto para pessoas de outras crenças. “É aberto para todos. Nós cantamos mantras, explicamos o movimento, mas, se alguém não se identificar, não há problema. Quem tem outra religião também pode passar algum conhecimento para a gente.”



Fonte: Superesportes
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