Fiéis vão às megaigrejas americanas à procura de "droga boa"
Os cultos das megaigrejas americanas, com recursos de show e da dramaturgia, incluindo música e pastores carismáticos, são como as drogas que liberam no cérebro o oxitocina, um hormônio que deixa as pessoas otimistas e felizes, com sensações reconfortantes.
Essa conclusão é do professor de religião James Wellman (foto), da Universidade Washington e um dos autores da pesquisa God is like a drug: Explaining Interaction Ritual Chains in American Megachurches ("Deus é como uma droga: explicação sobre a interação ritual nas megaigrejas", em livre tradução), que foi apresentada no domingo (19) em Denver (Colorado) durante a Assembleia Anual da American Sociological Association.
O oxitocina é produzido pelo hipotálamo e fica armazenado na hipófise. Alguns cientistas o chamam de “hormônio do amor e da empatia” por causa das sensações de prazer que dão às pessoas em algumas circunstâncias, além de ter outras funções, como contrair os músculos uterinos durante o parto e ejetar o leite no período da amamentação.
De acordo com estudo da Universidade de Zurique, o oxitocina, entre outras coisas, torna agradável o abraço entre pessoas, dá sensação de prazer à mãe e ao pai quando seguram o bebê, deixam as pessoas menos agressivas (ou mais cordatas) e a sua concentração pode aumentar o orgasmo em até 40%.
Wellman afirmou que quem frequenta os cultos animados acabam recebendo um “coquetel de oxitocina”, o que explica, segundo ele, a ascensão nos Estados Unidos das megaigrejas, que praticam, segundo ele, “um novo cristianismo” que pode ser comparado a uma “droga boa”.
Esse novo tipo de cristianismo, segundo ele, exalta a alegria e não faz referência ao inferno e aos demônios e transmite o padrão moral convencional (cuidar da família e perdoar os inimigos e a si mesmo). “As megaigrejas encorajam seus membros dizendo que as coisas podem ficar melhores e você pode ser feliz.”
Os demais autores do estudo são as estudantes de pós-graduação em sociologia e religião comparada Katie E. Corcoran e Kate Stockly-Meyerdirk. A equipe analisou 470 entrevistas e 16.000 pesquisas referentes desde 2008 sobre o relacionamento emocional entre os fiéis com suas igrejas.
Nas entrevistas, a palavra “contagiosa” se destaca para explicar a experiência que os fiéis têm durante os “cultos emocionais e energizantes”. Um entrevistado disse: “O Espírito Santo passa pela multidão fazendo onda, como em um estádio de futebol. Nunca vi isso em nenhuma outra igreja”.
De acordo com dados apresentados pela pesquisa God is like a drug, existem nos Estados Unidos 1.600 megaigrejas e cada uma delas tem no mínimo 2.000 fiéis.
Os seus cultos otimistas se parecem um pouco com os cultos de igrejas do neopentecostalismo brasileiro. A diferença é que, aqui, os pastores sempre citam o Satanás, principalmente para convencer os fiéis a pagar o dízimo e fazer doações.
Fonte: Paulopes com informação do EurekAlert!
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