quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Justiça concede liberdade a cabo Bruno que tornou-se pastor na prisão

A Justiça de Taubaté concedeu a liberdade a Florisvaldo de Oliveira, 53, o cabo Bruno, condenado a 117 anos, quatro meses e três dias de prisão após ser acusado de comandar um grupo de extermínio na zona sul de São Paulo. Os crimes ocorreram na década de 1980.

Após cumprir 27 anos de prisão, a Justiça concedeu indulto pleno ao ex-policial --o que significa que ele não precisará cumprir o restante da pena, que foi extinta. A decisão foi tomada na tarde desta quarta-feira (22).

Preso em 1983, Bruno cumpria pena na penitenciária Dr. José Augusto Salgado, em Tremembé (SP). Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, ele foi colocado em liberdade por volta das 15h desta quarta-feira.

O Ministério Público também se posicionou a favor da libertação do ex-policial. Segundo o promotor Paulo José de Palma, o parecer foi dado com base em um decreto da Presidência da República de dezembro de 2011, que permite a libertação de presos que já tenham cumprido mais de 20 anos de prisão e que apresentem bom comportamento.

"Também pedi ao diretor [da penitenciária] uma declaração sobre a conduta prisional dele, e ele fez muitos elogios", afirma.

PENITENCIÁRIA

Após ser preso em 1983, o ex-policial tentou fugir por três vezes --foi recapturado pela última vez em 1991.

Na penitenciária, Bruno se tornou pastor. Lá, ele ajudou a construir uma capela e se casou com uma voluntária na evangelização dos presos.

Também passou a pintar telas e chegou a fazer exposições de suas obras.

Em 2009, a Justiça permitiu que ele cumprisse o restante da pena em regime semiaberto. Na última semana, foi liberado por cinco dias para passar o Dia dos Pais com a família. Na ocasião, ele saiu escondido em um porta-malas.

DEFESA

O advogado de Bruno, Fábio Tondati Ferreira Jorge, disse à Folha que o cliente só estava esperando uma forma de sair em segurança para ser liberado, o que ocorreu às 15h.

"É lógico que ele tem algum receio [de que algo aconteça com ele devido aos crimes]. Mas ele é evangélico e acredita que essa situação é passado. Ele cometeu um erro e pagou pelo erro", disse.

A defesa diz ainda que a decisão foi "completamente dentro da lei" e que um pedido anterior de indulto já havia sido feito em 2009, mas foi negado.

Para o advogado, o ex-policial "era uma outra pessoa" na época da prisão. "É como ele diz: o cabo Bruno morreu faz anos. O que restou é o Florisvaldo", afirma. (NATÁLIA CANCIAN)


Fonte: Folha
------------