quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mitt Romney vai de missionário mórmon a candidato a Presidência dos EUA

Aos vinte anos, Romney percorreu as ruas de Paris para conquistar adeptos para sua religião, no final da década de 60

Mitt Romney está lutando para se transformar no primeiro presidente mórmon na história dos Estados Unidos, e para conseguir isso usa a mesma perseverança e disciplina que utilizou como missionário na França, há quatro décadas atrás.

Aos vinte anos, Romney percorreu as ruas de Paris para conquistar adeptos para sua religião, no final da década de 60; mais tarde, em 1984, fez fortuna como fundador e executivo da empresa Bain Capital; governou o estado do Massachusetts entre 2003 e 2007, e agora chegar à Casa Branca serviria como conquista final de uma longa trajetória de triunfos.

Nascido em Detroit, em Michigan, em 12 de março de 1947, no seio de uma família com profundas raízes políticas e religiosas, Willard Mitt Romney, de 65 anos, apresenta-se ao eleitorado como um homem de família e um líder de profunda fé, patriotismo e crenças conservadoras.

Mesmo antes de ser confirmado como candidato à presidência, o que está previsto para ocorrer na próxima quinta-feira, durante a convenção nacional republicana em Tampa (Flórida), Romney não poupou recursos para tentar desbancar o presidente Barack Obama nas eleições de 6 de novembro.

Romney eliminou um por um seus rivais nas primárias, com o argumento de que suas conquistas empresariais o credenciam como alguém que pode tirar os EUA de seu atual atoleiro econômico. No entanto, sua gestão à frente da Bain Capital também serviu de munição para seus adversários.

Em 2003, Romney ganhou como governador de Massachusetts em parte porque usou como plataforma seu sucesso como organizador das Olimpíadas de Inverno de Salt Lake City (Utah) entre 1999 e 2002, que conseguiu tirar de um abismo financeiro.

Como governador, Romney reduziu um déficit de US$ 3 bilhões e promulgou uma controvertida lei que garantiu cobertura médica a maioria da população de Massachusetts.

Embora seja um privilegiado, estudou na Universidade Brigham Young, uma instituição mórmon em Utah, e depois em Harvard, também superou adversidades políticas, que segundo pessoas próximas a Romney o fortaleceram.

Romney perdeu a disputa pela vaga no Senado por Massachusetts em 1994 para o já falecido democrata Ted Kennedy. Também perdeu a candidatura presidencial republicana em 2008 para o senador do Arizona, John McCain, após uma prolongada disputa na qual investiu US$ 110 milhões, incluindo US$ 45 milhões de seu próprio bolso.

Aos 21 anos, Romney viveu um drama: em junho de 1968, durante uma missão mórmon na França, ele sofreu um acidente quando o veículo que conduzia foi atingido pela frente por outro carro, na zona rural de Bordeaux.

Sua experiência na França, um país predominantemente católico e que em 1968 vivia distúrbios estudantis, deixou lições importantes para seu futuro na política, porque ele ganhou com muito esforço cada novo adepto.

''Da mesma forma que o resto dos missionários, eu vivia com R$ 100 ao mês, que seriam R$ 600 atualmente, e com isso tinha que pagar aluguel, comida, transporte e roupa. Portanto, minha vida era muito distinta da que tinha como filho de um executivo da indústria automotivo'', lembra Romney em sua autobiografia ''No Apology, Believe in América''.

Como filho mais novo de George Romney, executivo da American Motors Corporation e depois governador de Michigan, e Lenore Romney, candidata a senadora por esse estado, Romney cresceu acostumado a acaloradas discussões sobre política e a fé, e em sua autobiografia comenta a admiração que sente por seu pai.

Em sua página de Facebook, Romney recorre a uma frase que seu pai, morto em 1995 e que também foi candidato nas primárias republicanas, em 1968, costumava dizer: ''a conquista do difícil torna forte os homens''.



Fonte: Exame
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