sábado, 25 de agosto de 2012

Escolas católicas dos EUA apelam para famílias ricas para sobreviver

Aulas de religião permanecem no currículo, mas colégios investem em matérias alternativas e ensino inovador para competir com outras escolas particulares

A maioria das escolas católicas vem perdendo alunos e dinheiro nos últimos anos nos Estados Unidos e muitas foram obrigadas a fechar suas portas . Mas outras, como a St. Stephen, no bairro de Upper East Side em Manhattan, Nova York, encontraram uma maneira de prosperar – atrair uma clientela mais rica, oferecendo serviços e classes mais comumente encontrados em escolas particulares de alto padrão.

Seus atrativos incluem turmas pequenas e matérias extra curriculares disponíveis nas séries do primário. Como muitas vezes cobram menos que outras escolas particulares, essas católicas têm sido capazes de se manter e até mesmo, crescer.

"Nossa concorrência ou o nosso padrão não é uma outra boa escola católica", disse o reverendo Angelo Gambatese, da igreja de St. Stephen, que compartilha um edifício com a escola. "São as melhores escolas independentes de Manhattan e temos a intenção de oferecer o mesmo nível de desempenho que elas, academicamente e em termos de desenvolvimento".

Mas se hoje em dia a escola tem uma boa recepção no bairro – a taxa de matrícula em St. Stephen começa em menos de US$ 8.000, menos de um quarto do que algumas das escolas particulares de Manhattan – seus administradores reconhecem que não foi fácil chegar a este ponto. Há três anos, 46% dos alunos recebiam almoço grátis ou a um valor reduzido, em respeito à missão da Igreja Católica de atender aos mais pobres, este ano o número caiu para 17%.

A matrícula de estudantes afro-americanos caiu em 15%, a dos estudantes hispânicos em 33% e a escola, que vai até a oitava série, tem uma média de notas baixas.

Patrick J. McCloskey, diretor de soluções de financiamento para escolas católicas, uma iniciativa da Universidade Loyola de Chicago, disse que não era incomum para as escolas tentar apelar para as famílias do bairro, pois a maioria delas são fortemente ligadas a suas paróquias. "Mas educar os pobres também faz parte da missão católica", explicou.

As escolas também tiveram que tomar cuidado para não comprometer a identidade católica, para evitar de alienar seu núcleo tradicional. Em St. Stephen, crucifixos são vistos em todas as salas de aula, orações são realizadas toda as manhãs e a religião parece ser o único ponto no currículo que permaneceu relativamente inalterado.

St. Stephen foi fundada em 1928, servindo as famílias da classe trabalhadora da comunidade húngara do bairro a um custo de 50 centavos por mês. As freiras dormiam onde hoje é o refeitório para crianças de 4 anos de idade.

Embora 70% dos alunos sejam católicos, um número que permaneceu inalterado, a escola tem um foco mais franciscano de bondade e respeito, em vez de decretos papais, o que a torna mais acessível para as famílias que normalmente não imaginariam matricular seus filhos em uma escola católica.

Katherine Peck, diretora da escola St. Stephen, é formada em ensino progressivo

Katherine Peck, a empreendedora de 33 anos responsável pela revitalização da escola, também é uma diretora formada no ensino progressivo. As aulas não são mais tão focadas apenas no professor, com os estudantes sentados nas carteiras escolares passivamente, mas sim centradas no aluno com as crianças sentadas juntas em mesas. Os alunos participam de festas mensalmente para mostrarem sua escrita, menos ênfase é dada aos livros didáticos e há mais espaço para um aprendizado com base prática. Além disso, cada sala de aula tem um sistema de projeção interativo.

Peck, que é católica e frequentou a Escola de Professores da Universidade de Columbia, disse que as escolas católicas lhes deram mais flexibilidade do que as escolas públicas, onde já havia ensinado – ela também lecionou na Escola Epiphany antes de se transferir para a St. Stephen. "Tudo o que eu estava aprendendo eu podia por em prática na sala de aula", disse ela, em comparação com a escola pública onde ela disse que todos são obrigados a ensinar a partir do mesmo conceito e programa escolar.

Peck, que se sentava na frente de um retrato do papa João Paulo II, disse que tinha que salvar a escola através da renovação de sua imagem para famílias que podiam pagar as mensalidades e que conseguirão investir na escola.

"Nós estamos tentando fazer o melhor possível para manter a diversidade à medida que a escola está mudando", disse ela, acrescentando que a estabilização da escola era o seu foco principal em seus primeiros anos.

Esses esforços foram recompensados. Hoje existem 13 professores trabalhando em período integral, graças ao sucesso recente na arrecadação de recursos.

O fundo anual da escola levantou US $ 2.000 há três anos, este ano, cerca de US $120.000 foram prometidos. O leilão da primavera arrecadou US $ 60.000, acima de US $ 20.000 de dois anos atrás. Um evento de golfe para arrecadar fundos que ocorreu em Pelham, Nova York, na primavera deste ano, arrecadou US $ 10.000. E quando a escola fez um apelo para comprar seis novos iPads, há algumas semanas atrás, avós doaram o suficiente para comprar nove. Este verão um laboratório de ciências no valor de US $ 250.000 será concluído.



Fonte: Último Segundo com informações do New York Times
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