sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Seita islâmica é descoberta em bunker subterrâneo na Rússia

Uma seita islâmica de 60 pessoas, incluindo 15 menores, foi descoberta pela polícia em um bunker na Tartária, república central da Rússia de maioria muçulmana, informou o porta-voz do Ministério do Interior local.

Os adeptos da seita viviam há mais de 10 anos no local, preparado por seu líder espiritual, Faizrajman Satarov, de 85 anos, em uma antiga casa transformada em mesquita clandestina em Qazan, capital da Tartária.

Satarov, que em 1964 declarou-se profeta, impôs aos membros da seita uma vida reclusa, proibindo-os de sair do refúgio, exceto para emergências, informou o ministério.

Os menores "não tinham contato com o mundo exterior, não foram à escola, não foram a instituições médicas, o que constitui a pior das violações dos direitos do menor", disse o ministério.

O refúgio, construído em forma de labirinto, incluía pequenas células de 2x3 metros, "onde as crianças viviam em condições insalubres, sem ar fresco", indicou. Todas as crianças encontradas no local foram hospitalizadas.

O bunker foi descoberto em 1º de agosto. A polícia o encontrou quando investigava o atentado contra um mufti da Tartária, Ildus Faizov, em meados de julho, informou a imprensa russa.

O mufti é conhecido por ter adotado uma linha dura frente às organizações que promovem um Islã radical na Tartária. No mesmo dia do atentado, seu assessor foi morto a tiros em frente a sua casa.

Durante a operação, a polícia descobriu que debaixo do edifício de Satarov havia um "porão onde pessoas moravam", informou um inspetor da polícia, Raniss Bajitov, em um vídeo divulgado na página do Ministério do Interior local na internet.

As autoridades da Tartária informaram ter encontrado no local 19 crianças, a maioria com menos de seis anos, e três bebês, segundo um comunicado citado por agências russas.

De acordo com a imprensa, os membros da seita indicaram até 27 crianças sob custódia da polícia.

Outro vídeo disponível na página do Ministério do Interior na internet mostra homens de barba e mulheres com véu gritando contra as forças de segurança enquanto levavam as crianças.

Satarov adquiriu a propriedade para onde "todos os membros da seita se mudaram progressivamente para morar permanentemente" em 1996, acrescentou o ministério.

As autoridades não deram detalhes que permitam entender como esta seita pôde existir por mais de dez anos sem jamais levantar suspeitas da polícia.

A justiça já iniciou investigações contra Satarov e vários dos adultos acusados de negligência em suas responsabilidades com as crianças.

A Tartária é considerada um modelo de tolerância religiosa, mas as autoridades estão cada vez mais preocupadas com o avanço de um Islã fundamentalista nesta república, além do aparecimento de grupos armados.



Fonte: AFP
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