terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Casais inteligentes permanecem juntos... E já são ricos!

Não é um trocadilho, é uma crítica. O título do livro “Casais inteligentes enriquecem juntos”, de Gustavo Cerbasi, não é adequado. Primeiro, porque propõe inteligência como caminho de enriquecimento: se é inteligente, enriquece. Não creio que seja assim… Segundo, porque desvia a atenção do leitor quanto à verdadeira riqueza de um casal: a união em si. Como enriquecer a quem tudo já possui?

Não, não é exagero. Casamento é riqueza de valor imensurável. Sua conquista é uma dádiva. Sua manutenção, uma bênção. A tese não é minha; pertence à sabedoria bíblica: “O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor” (Provérbios 18:22); e ainda: “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias” (Provérbios 31:10). Nem todos os tesouros do mundo podem ser comparados ao valor de um casamento abençoado e feliz.

Quando se sugere que o casamento inteligente enriquece, o equívoco não está unicamente na sugestão (que pode até revelar-se verdadeira, para alguns), mas no foco: mais que ambiente para a aquisição de quaisquer recursos, o casamento é um espaço para compartilhá-los. A atenção não deve estar voltada para o que se pode alcançar, mas ao que se tem à disposição para oferecer.

Eu reconheço, é óbvio: ninguém pode dar o que não possui; mas não é tão óbvio, ao menos para a maior parte dos casais de hoje, que a inteligência afetiva revela-se mais no compartilhar que no conquistar. Dai e ser-vos-á dado… – disse Jesus. Ele sabia que nenhum sustento vem do simples fato de alguém ser ganancioso ou mesquinho, mas do fato de confiar em Deus e, de suas mãos, aguardar a providência. Se ele não edificar uma casa, em vão trabalham os que a edificam; se não guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas; se não der aos seus amados, em vão levantam cedo, dormem tarde…

Outra coisa: a inteligência de um casal não pode ser medida por seus acúmulos financeiros ou patrimoniais, mas por seus níveis de maturidade e intimidade. Se casais inteligentes enriquecem ou não, pouco importa. Casais inteligentes – e isso importa – permanecem juntos, pois na superação das crises, feridas, distanciamentos ocasionais e desencontros das vontades individuais, aprendem a dialogar, ceder, confiar e vencer fantasias juvenis; tudo em nome da construção de um projeto de vida para além do universo particular. Foi Paulo quem sugeriu que amar o cônjuge é amar a si mesmo.

Finalmente, vale dizer que outro sinal de real inteligência é a obediência a Deus. Um coração voltado para as riquezas deste mundo é, na verdade, uma marca de total estupidez: o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10). Não nego que um casal ajustado e capacitado deverá administrar com excelência seus recursos e investir com sabedoria em seu futuro, mas não o fará para enriquecer, senão para servir. Riqueza será sempre consequência, nunca alvo. A inteligência espiritual diz que é melhor buscar o Reino de Deus e sua justiça; todas as demais coisas serão acrescentadas.


Fonte: Marcelo Gomes em Vineyard Café
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