sábado, 11 de agosto de 2012

China, Irã e Coréia do Norte preocupam por “repressão religiosa” a EEUU

O Departamento de Estado apresentou sua análise anual sobre liberdade religiosa, enfatizando a perseguição a cristãos em países islâmicos e o aumento generalizado do anti-semitismo.

Pelo segundo ano consecutivo o Governo dos Estados Unidos denunciou a repressão por motivos religiosos no mundo, acrescentando sua preocupação pelo que considera o aumento da restrição da liberdade religiosa em países como França ou Bélgica.

China, Irã e Coréia do Norte continuam na categoria de países que causam “preocupação particular” para EE.UU., que também inclui a Arábia Saudita, Eritreia, Sudão e Uzbequistão.

Nestes países se estabeleceu regimes autoritários nos que se produz uma “violação crônica e sistêmica” da liberdade de culto. “Em quase a metade dos países (avaliados), os governos não protegeram a liberdade religiosa ou não interferiram nos casos de abusos”, disse durante uma entrevista a jornalistas Suzan Johnson Cook, embaixadora para assuntos de liberdade de culto no Departamento do Estado.

Situação no Egito

A secretária de Estado, Hillary Clinton, que não esteve na divulgação do relato, expressou especial preocupação pelo “tenue” respeito a liberdade de culto no Egito, cujo Governo, a seu juizo, fez pouco por denunciar aos responsáveis de violência sectária.

Essa atitude diante da liberdade religiosa “envía uma mensagem não sá à comunidade minoritaria senão a comunidade em geral de que não haverá consequências” por atos de intolerância, disse Clinton durante uma apresentação no centro de estudos Carnegie Endowment for Peace.

Clinton esteve no Egito há algumas semanas, onde se reuniu com cristãos que, segundo disse, “estão profundamente ansiosos” pelo futuro rumo de seu país com a chegada ao poder do presidente islâmico Mohamed Mursi, após a caída de Hosni Mubarak.

O relatório documentou que o Governo egípcio não pode reduzir a violència contra os cristãos coptos e marcou um incidente de outubro de 2011 que deixou 25 mortos e 350 feridos, a maioría cristãos coptos.

Países com maior perseguição

No caso de China, “houve uma marcada deterioração” em torno ao respeito e proteção da liberdade religiosa nesse país, com restrições na região autônoma do Tíbet e outras áreas tibetanas. Essas restrições aplicaram especialmente nos monastérios e conventos de freiras budistas.

“Como as outras liberdades, a liberdade religiosa simplesmente não existe em Coréia do Norte”, afirmou pela outra parte o documento.

Sobre Irã, destacou o contínua prisão do pastor cristão Youcef Nadarkhani, que afronta uma possível execução “simplesmente por praticar sua fé”. O Governo iraniano, ainda, continuou com a prisão de sete líderes da comunidade Baha'i.

Onda de anti-semitismo

O relatorio denuncía uma “crescente onda de anti-semitismo” no mundo, e mencionou que em Venezuela, por exemplo, “os meios oficiais publicaram numerosas declarações anti-semitas”, enquanto que no Egito, o sentimento anti-israelitas era “extenso” e incluía “retórica anti-semita e negação ou glorificação do Holocausto”.

O documento destaca que em Cuba “melhorou o respeito do Governo com a liberdade de religião, ainda que permanecem em pé restrições significativas” e que o Partido Comunista “continuou exercendo controle” sobre boa parte da vida religiosa na ilha.

“A maioría dos grupos religiosos relatou uma maior habilidade para cultivar a novos membros, realizar atividades religiosas, e realizar projetos de serviço comunitário e de caridade”, ainda de que houve menos restrições para as viagens e a importação de materiais religiosos, disse.

Entretanto, o documento citou a repressão de ativistas pacifistas como as Damas de Branco, a quem se impedia, de maneira de rotina, frequentar a cultos religiosos, como foi o caso nas províncias de Holguín y Santiago. Também lembrou a repressão destas ativistas em 8 de setembro de 2011, quando foram presas na saída de uma missa em Santiago.

Enfraquecimento da liberdade religiosa

Também o Departamento de Estado condenou que alguns países, como Paquistão, recorreram ao “amplo uso e abuso” das leis contra a blasfemia, apostasía e difamação para restringir a liberdade de culto, em particular das minorias. Enquanto, o Governo afegão, ainda que permite a prática de outros credos não muçulmanos, não protegeu a grupos religiosos minoritários.

Surprendeu que no relatório se incluem críticas aos governos de França e Bélgica por suas leis anti-burkha, que obrigam a todo cidadão a mostrar seu rosto em um lugar público.

O governo francês reacionou de imediato diante destas críticas. Vincent Floreani, porta-voz da chancelaria francesa, expressou que “nossa concepção de secularismo é um patrimônio comum de todos os franceses, que implica regras que favorecem a vida comum no espaço público e a escola pública”.

O porta-voz, que se negou a comentar o conteúdo do documento, que expressa “o punto de vista dos Estados Unidos”, afirmou que França está “mobilizada para definir, com seus sócios europeus, uma política da União Européia mais estruturada para defender a liberdade de religião e de convicção no mundo”.

Em 11 de abril de 2011 entrou em vigor a lei aprovada pelo Parlamento francês em setembro de 2010 que impede ter o rosto tapado em recintos públicos. Antes de ganhar as presidenciais de maio passado, o mandatário François Hollande se comprometeu a manter esta lei. Bélgica adotou o mesmo tipo de legislação em julho de 2011, apesar das advertências vertidas desde o Parlamento Europeu e sua comissão de Direitos Humanos.



Fonte: Protestante Digital
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