sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Independente da religião, crença ajuda na mudança de vida

Vários brasileiros que tiveram suas vidas mudadas pela fé e crença em rituais religiosos contam algumas histórias que a ciência, por si só, talvez não seja capaz de explicar

“O firme fundamento das coisas que se esperam e prova das coisas que não se veem”. A definição dada ao termo fé pela Bíblia – livro mais lido do mundo, segundo pesquisa que considera vendas e impressões nos últimos 50 anos – está na ponta da língua de milhares de brasileiros que tiveram suas vidas mudadas pela religião. Para tentar entender o motivo de tanta devoção, O FLU Revista reuniu algumas histórias que a ciência, por si só, talvez não seja capaz de explicar.

Uma delas é contada por Maria da Penha Pereira, 72 (foto). Católica desde pequena, ela passou a se dedicar com mais afinco à igreja, em 1998, por insistência da filha. Hoje, se orgulha do compromisso como ministra extraordinária da Eucaristia – pessoa que auxilia o padre a distribuir a hóstia aos fiéis.

Ela também revela que o envolvimento com a fé a livrou da depressão, que antes a fazia se sentir fraca e com medo de sair de casa sozinha.

“Gosto de participar de diferentes grupos dentro da minha religião porque fazemos amizades e recebemos carinho. Todas as minhas dores, inclusive as físicas, vão embora”, garante.

 “Acho que ainda seria uma dessas velhinhas tristes e inibidas se não tivesse voltado à igreja. Agora, vou a todos os lugares, mesmo sem companhia, e lido bem com as pessoas”, afirma.

Recuperação

Um caso de fé que ganhou atenção da mídia nos últimos meses é o da americana Renee Elliott Murdoch (foto), que foi agredida por um mendigo na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em outubro.  Pastora junto com o seu marido, Philip Murdoch, há 12 anos no Brasil, na Igreja Evangélica Luz às Nações, ela sofreu traumatismo craniano e chegou ao hospital com apenas 10% de chances de sobreviver.

“O prognóstico era o pior possível: 90% de possibilidade de morte, estado vegetativo e outras sequelas graves que a impediriam de fazer qualquer atividade sem auxílio. Para isso tudo dar certo, só com a ajuda de Deus”, reconhece Philip.

Renee passou por três cirurgias e teve uma recuperação surpreendente, segundo os próprios médicos.

“No início, eu não entendi a gravidade da situação, até que perguntei se ela poderia voltar a dirigir e o médico me respondeu que eles estavam lutando para simplesmente mantê-la viva”, frisa o marido, ressaltando que os milagres foram conseguidos dia após dia: “Nós oramos muito para que ela pudesse receber alta no dia de ação de graças, que é tão importante quanto o Natal, para nós, americanos. Ninguém achava que isso seria possível, mas conseguimos”, comemora.

Tão inesperada quanto o rápido restabelecimento de Renee é a história do nascimento do jovem umbandista Sérgio Zuglles. O rapaz, de 23 anos, conta que sua mãe, infeliz por não poder ter filhos, decidiu pedir a intervenção do caboclo Pena Branca. Depois de tomar alguns chás recomendados pela entidade, engravidar e finalmente dar à luz, ela levou-o para ser batizado, conforme as tradições seguidas pelo espiritismo.

“Quando ela me entregou ao caboclo, ele disse que aquela não era a criança que ele tinha ajudado a nascer. Então, 15 dias depois, um enfermeiro do hospital ligou para a minha casa e disse que havia ocorrido um caso de troca de bebês”, conta.

Hoje, o rapaz continua firme em sua religiosidade e enfatiza que, desde os 8 anos, recebe o caboclo nas seções das quais participa na Tenda Espírita do Boiadeiro, no bairro da Engenhoca, em Niterói.

 Diante de histórias como essas, o teólogo Luís Corrêa Lima, professor do curso de teologia da PUC-Rio, avalia que a fé dá um sentido global à existência humana, o que outra racionalidade não consegue.

“A fé dá sentido à vida, dá coragem para viver e cria um ambiente favorável à resolução de problemas tanto físicos quanto psíquicos. Crer, responde ainda a perguntas como ‘Quem somos?’, ‘De onde viemos?’, ‘Para onde vamos?’”, acentua.

No entanto, o teólogo, que leciona desde 2006, chama a atenção para certas promessas insustentáveis que se faz em nome de Deus e afirma que não se deve procurar respostas fáceis para problemas que são complexos, e nem criar expectativas exageradas nas pessoas, como a cura de doenças, por exemplo.

Segundo Luís, no mundo da fé existem as coisas extraordinárias, mas é preciso saber lidar com o mundo ordinário – com o que é habitual – e completa: “Deus não é só o Deus do impossível”.





Fonte: O Fluminense
-----------------