sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Nossa adoração deve ser focada em Deus

Nos primeiros versos de Isaías 6, o que o profeta encontra antes de tudo no templo é a glória de Deus: “eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo” (v. 1). Ele não fala que encontrou primeiro algumas pessoas bem vestidas, café quente, grandes e influentes investidores, ou sistema de som possante ou um grande órgão. O que lhe chamou a atenção primeiramente foi a glória de Deus.

Uma tendência tem crescido em algumas igrejas de oferecer alguns brindes aos visitantes que retornam. Um amigo meu visitou uma igreja que lhe prometeu um vale-presente de 10 dólares da Starbucks caso ele voltasse na semana seguinte.
Isaías nos mostra o “brinde” que esperava por ele quando entrou na casa de Deus – a desconfortável e pesada presença da glória de Deus: “Ai de mim!” (v. 5).

Na Bíblia, a glória de Deus se refere ao “peso” de Deus, sua poderosa presença. É a suprema excelência de Deus sendo manifestada. A glória de Deus é a “augusta” dignidade de Deus – um termo antigo que traz a idéia de majestade esplendorosa. De fato, uma das razões pelas quais os cristãos foram perseguidos pelo Império Romano foi a sua recusa em usar a palavra “augusto(a)” para o imperador – tal descrição cabia apenas a Deus, eles diziam. Eles entendiam que há uma majestade transcendental pertencente somente a Deus. O grande e supremo Deus foi que Isaías encontrou – um Deus que é majestoso e brilhante em seu trono.

Tudo isso significa que devemos adorar esperando encontrar, antes e acima de tudo, Deus. Devemos buscar sua glória, nos submeter à sua majestade. Um culto não é o lugar para expor talento humano, mas o lugar aonde Deus manifesta seus divinos tesouros. Não nos reunimos para sermos impressionados uns pelos outros – como cantamos, o que vestimos, quem somos – mas para sermos impressionados  por Deus e seus grandes atos de salvação. Nos encontramos para cantar sobre quem ele é e o que ele faz. Nos reunimos para ouvir a voz de Deus ressoando pela e através de sua Palavra. Nos encontramos para reconhecer o peso de nosso pecado para podermos experimentar a glória da salvação. Nos reunimos para sermos vencidos, esmagados e diminuídos pelo poder do Deus vivo.

E isso tudo vai de encontro à insistência do mundo de que quanto maiores nos tornamos e melhores nos sentimos, mais livres seremos. É por isso que muitos cultos tem sido reduzidos a pouco mais que seminários motivacionais de auto-ajuda cheios de músicas e sermões “você consegue”. Mas o que encontramos no evangelho é exatamente o oposto. O evangelho são boas notícias para os perdedores, não para os ganhadores. É para aqueles que desejam ser libertos da escravidão de acreditar que todo o seu significado, propósito e segurança dependem de sua habilidade de “serem cada vez melhores”. O evangelho nos diz que a fraqueza precede a satisfação – isso é, quanto menor você se torna, mais livre. Como G. K. Chesterton escreveu, “Quão grande sua vida se tornaria se seu ego fosse diminuído dentro dela”. Nada te faz mais consciente de sua pequenez e o potencial de grandeza da sua vida do que encontrar Deus na adoração. Os cultos congregacionais da igreja de hoje precisam desesperadamente reencontrar o senso da grandeza de Deus!

Não faz muito tempo que eu estava desesperadamente necessitado de que Deus me liberasse da pressão escravizante de ser uma pessoa melhor ao me lembrar de minha pequenez e sua grandeza. E desde então Deus tem usado as pregações do Dr. David Martyn Lloyd-Jones por toda a minha vida cristã para trazer perspectiva e reorientação para minha pobre alma. Em um de seus sermões de 1959 sobre reavivamento, com grande unção, Lloyd-Jones me deu o que eu precisava:

Nossa necessidade suprema, nossa única necessidade, é conhecer Deus, o Deus vivo, e a força de seu poder. Não precisamos de mais nada. É apenas isso, o poder do Deus vivo, o conhecimento de que o Deus vivo está entre nós e nada mais importa… Eu digo: esqueça todo o resto. Esqueça todo o resto. Devemos perceber a presença de Deus entre nós. Que tudo o mais silencie. Não há tempo para as pequenas diferenças. Todos devemos conhecer o toque de poder do Deus vivo.

“O toque de poder do Deus vivo” – foi o que Isaías experimentou. Ele foi liberto ao reconhecer que Deus é grande e que ele era pequeno – que Deus é Deus, e ele não era. E isso é o que Deus espera que vivamos quando nos reunimos para adorar. Isaías não deixou o templo pensando “Que grande coro angelical” ou “Que grande templo”. Ele saiu pensando “Que grande Deus”.

Como pastor da Igreja Presbiteriana de Coral Ridge, serei o primeiro a admitir que somos abençoados com boas músicas e instalações excelentes. Mas, como eu costumo relembrar nossa igreja, se as pessoas não saírem da nossa igreja pensando “Que grande Deus”, nossa música e nossas instalações não significam nada. Seja lá o que for que encontremos na adoração, devemos encontrar Deus antes e acima de tudo.



Tradução: Filipe Schulz  no iProdigo
Fonte: Tullian Tchividjian 
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