sábado, 7 de abril de 2012

Batismo na cadeia pública de Manaus vira farra de presos

Sejus vai abrir processo disciplinar para saber porque ritual de conversão à igreja acabou virando nova farra de presos

O pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), Raazac Vulcão disse, nessa segunda-feira (2), que houve um “mal entendido” em relação aos presidiários fotografados em outubro do ano passado, dentro de uma piscina nas dependências da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.

A piscina, com capacidade para mil litros, seria usada para o ritual de novos convertidos à igreja. A denúncia foi publicada nessa segunda (2) em A CRÍTICA.

Em nota, a Sejus informou que vai abrir um processo disciplinar para apurar o caso.

“A Sejus já está tomando as medidas cabíveis para a identificação dos presos e estes passarão por processo disciplinar, conforme prevê a Lei de Execução Penal e o Estatuto Penitenciário do Amazonas”, informa a nota.

“Há mais de 30 anos, realizamos o ritual no presídio. O que houve, foi que nós montamos a piscina e alguns detentos encheram-na para brincar antes que começasse o evento. Então, algum policial deve ter fotografado esse momento”, diz o pastor.

Ainda conforme Raazac, a piscina foi montada em um “cantinho”, próximo a área de lazer dos presidiários, o que teria contribuído para a à “festinha” entre eles. Ele falou que antes havia um tanque na própria cadeia que foi retirado do local durante uma obra.

O batismo, segundo o pastor, foi realizado pelo presidente do Conselho de Capelania da Assembleia de Deus, Paulo Farias. “À época eu só auxiliei e a permissão para a entrada da piscina foi concedida pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus)”, ressaltou Raazac.

Para Sejus o caso é diferente do que aconteceu na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), quando detentos apareceram em fotografias de festas, com direito a bebidas alcóolicas e churrascadas, publicadas na rede social Facebook e denunciados no último dia 26 em A CRÍTICA.

O diretor da Cadeia Raimundo Vidal Pessoa, Jean Oliveira, não quis falar sobre o caso. A Sejus enviou uma cópia do pedido de autorização, destinado a ela pela igreja evangélica Assembleia de Deus no Amazonas, com data de 25 de outubro do ano passado. Além da piscina, foi solicitada a entrada de uma câmera filmadora e fotográfica e mais um profissional.

Cerimônia

Segundo o pastor Razk Vulcão, responsável por visitar os presídios de Manaus, nos últimos 30 anos, mais de três mil presidiários receberam o batismo da igreja Assembleia de Deus, que, antes de realizar a cerimônia, prepara cada detento.

A preparação para a conversão é feita por meio de palestras, que explicam no que consiste o ritual e o que eles vão receber no dia da imersão (mergulho), neste caso, em uma piscina montada no local do ritual.


Fonte: Portal A Crítica
-----------------------