quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Grupo de travestis lança calendário polêmico com referências religiosas

Um grupo de travestis de Fortaleza lança nesta quarta-feira (16) a 2ª edição do “translendário”, um calendário ilustrado com imagens de travestis em referência a símbolos religiosos. Neste ano, o grupo se inspirou em santos de diversas religiões para criar os próprios deuses e santos protetores dos travestis.

Em 2012, o calendário do mesmo grupo gerou polêmica ao replicar imagens sacras, como a Última Ceia, de Leonardo da Vinci, e Pietà, de Michelangelo. “No ano passado nós retratamos imagens clássicas, não apenas religiosas. Se eles entenderam isso como ofensivo, esse vai ser mais ainda”, diz o idealizador do projeto, Silvero Pereira.

Numa das páginas do translendário 2013, há uma crucificação inspirada em um quadro de Salvador Dalí. “O objetivo não é retratar Jesus Cristo. Nós nos inspiramos em religiões e criamos nossos santos e deuses”, explica o diretor de arte do translendário, Andrei Bessa.

Também na edição 2013, há a “deusa dos incubados”, inspirada no deus da mitologia nórdica Thor. “A deusa faz referência ao universo machista e preconceituoso, que mantém gays incubados, sem assumir a homossexualidade. Nós a representamos pela figura masculina do Thor”, explica Andrei.

Inspirada em uma santa católica, o grupo também criou a “Nossa Senhora Protetora das Esquinas”. “A ideia dessa santa é proteger os travestis que se prostituem nas esquinas de Fortaleza e de todo o Brasil”, explica o diretor de arte.

O calendário com travesti também gerou polêmica em 2012 por uma denúncia feita na Assembleia Legislativa do Ceará de suposto financiamento de órgão público. Segundo Silvero, não houve o apoio financeiro denunciado pelo deputado estadual do Ceará Fernando Hugo (PSDB). “O deputado deu um tiro no pé. Todo o pronunciamento só ajudou a popularizar o nosso projeto”, diz o idealizador.

Na segunda edição, o ensaio fotográfico foi feito com contribuição de pessoas que simpatizam com o projeto. Eles pediram doações e arrecadaram R$ 11.200, de acordo com Silvero Pereira. O projeto custou R$ 10 mil e o valor arrecadado restante será destinado ao Coletivo Artístico das Travestidas, um grupo de teatro, dança e música composto por travestis do Ceará.

"O objetivo do calendário não é causar confusão, mas inserir os travestis na sociedade. Por que um travesti não pode ser associado a uma religião?", questiona Silvero.





Fonte: G1
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